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06/10/2002 - 05h59

Com ataques, Collor tenta a 'ressurreição'

MÁRIO MAGALHÃES
da Folha de S.Paulo, em Maceió

Único ex-presidente da República a concorrer nas eleições, Fernando Collor de Mello busca hoje, em condições dramáticas, uma segunda vida na política em seu primeiro pleito depois de ter sido afastado do Planalto por impeachment em 1992 e ter os direitos políticos suspensos até 2000.

Collor (PRTB) tenta impedir a reeleição de Ronaldo Lessa (PSB) para o governo de Alagoas. Levantamento do Ibope divulgado ontem mostra Lessa com 53% dos votos válidos, seguido de Collor, com 39%.

A margem de erro é de 3,5 pontos. O governador pode se reeleger hoje. Os senadores Renan Calheiros (PMDB), com 58%, e Teo Vilela (PSDB), com 56%, estão virtualmente reeleitos.

A Justiça Eleitoral proibiu ontem a divulgação de pesquisa de um instituto de opinião de propriedade da família Collor.

O jornal de Collor, a "Gazeta de Alagoas" terá de publicar hoje uma manchete como direito de resposta concedido a Lessa. Dois cabos eleitorais foram presos supostamente comprando votos em Delmiro Gouveia (AL).

Treze anos depois de disputar sua última eleição, em 1989, Collor pareceu determinado a reviver na campanha o estilo do triunfo anti-Lula e mesmo o da vitória para o governo alagoano, em 1986. Mantém os gestos de dedo em riste e punho cerrado, o bordão "minha gente".

Sua entourage é a República de Alagoas com projeto de sobrevida. Se o tesoureiro Paulo César Farias não está mais a postos _foi morto em 1996_, um irmão faz as vezes de coordenador de finanças: Luís Romero Farias.

Outro irmão de PC, o deputado federal Augusto Farias (PPB), quer se reeleger pela coligação collorida. O ex-secretário-particular Cláudio Vieira é um consultor jurídico onipresente. O tenente-coronel da Polícia Militar Dário César Cavalcante, chefe da segurança de Collor em Brasília, exerce função idêntica na campanha.

Mas o Collor de hoje às vezes parece um simulacro do do passado. Não só pelos cabelos pintados com uma cor não-identificada em tonalidade acaju, ou pelo rosto no qual os adversários vêem os efeitos de botox. Também pela agressividade ainda maior.

Baixo nível
Insinuações de Collor sobre a sexualidade de Lessa, a quem se refere como "Rosinha", viraram assunto público em Alagoas, tratado pelas duas campanhas. Quanto mais sentiu o temor da humilhação da derrota em seu Estado, mais Collor radicalizou.

No seu comício na quinta-feira, em Arapiraca, voltou a comentar a promessa do apresentador Ratinho de enviar um caminhão de capim para os alagoanos caso o ex-presidente seja eleito.

Collor chamou Ratinho de "safado" e "bunda gorda". Disse para não enviar o capim agora, pois, se a carga chegar ao palácio do governo do Estado, será "comida por um veado".

No mesmo ato, Collor pediu votos para o filho mais velho, Arnon de Mello, candidato a deputado federal que concorre sozinho na legenda do PRTB. Será derrotado se não atingir o coeficiente eleitoral necessário.

Na mesma quinta, Ronaldo Lessa, 53, qualificou, no seu comício, Collor de "corrupto". Sugeriu que o oponente fosse "internado no manicômio judiciário".

A prefeita de Maceió, Kátia Born (PSB), já havia dito que "é melhor ser veado que ladrão". Collor a chamou de bolachuda (lésbica).
Assim caminha o século 21 em Alagoas.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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