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06/08/2000
-
11h56
CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo
Um grupo de índios xavantes é acusado de assaltar turistas, no último dia 19, em Mato Grosso.
Eles teriam sido abordados por 16 índios armados com rifles quando acampavam em um ilha próxima da reserva Pimentel Barbosa, quatro dias depois do início da viagem.
Os sete turistas, acompanhados de quatro guias, viajariam 14 dias pelo rio das Mortes, de Nova Xavantina até São Félix do Araguaia.
Antes de assaltar o grupo, do qual faziam parte dois franceses, um alemão e um suíço, uma delegação menor dos índios esteve duas vezes no acampamento.
"A atitude deles não parecia agressiva. Eles nos perguntaram, em português, o que fazíamos ali", explica o arquiteto Júlio Cesar Corbucci, um dos organizadores da viagem. "Explicamos que só estávamos passeando."
Na terceira visita, 16 xavantes armados teriam rendido os turistas no momento em que eles colocavam seus equipamentos nos barcos para continuar a viagem. A ação teria durado 45 minutos.
"Eles tinham uma atitude claramente hostil. Gritavam em aparente desordem, em língua xavante", explicam os 11 viajantes, em texto que enviaram para a Funai, para a Polícia Federal e para as embaixadas francesa e alemã.
Segundo Corbucci, os índios levaram equipamentos no valor aproximado de R$ 20 mil, incluindo dois dos três barcos com os quais o grupo viajava. Todos os objetos pessoais dos turistas, incluindo seus documentos, também teriam sido levados.
"Nem sei se eles não queriam nos levar também. Naquela altura ainda não sabíamos que estava na moda essa história de refém", brinca o arquiteto, em referência ao sequestro de 15 turistas por índios caiapós, que terminou anteontem, no sul do Pará.
"Não acreditamos que o assalto tenha sido político, como o sequestro feito pelos caiapós. Acho que foi uma ação isolada, de alguns membros daquela comunidade xavante", explica Corbucci.
"Só pode ter sido um mal-entendido", diz o arquiteto alemão Matthias Raasch, que também participava da viagem.
Uma semana depois do assalto, quando foi registrar o ocorrido na embaixada alemã, em Brasília, Raasch diz ter ficado surpreso ao saber que entidades não-governamentais da Alemanha estão entre as principais fontes de recurso da reserva Pimentel Barbosa.
"Em dezembro, o cacique da aldeia que nos assaltou vai com um grupo deles dançar na Alemanha", diz Corbucci.
Ele também esteve em Brasília para falar com o presidente da Funai, Glênio Alvarez, mas não teve sucesso.
Antes disso, o grupo esteve tentando registrar a ocorrência em postos mato-grossenses da Polícia Federal e da Funai.
"Só queremos nossas tralhas de volta", diz Corbucci.
Mais desanimado que ele, o arquiteto alemão explicou: "Quando eles chegaram, fiquei fascinado. Eu sempre brincava de índio quando era criança. Depois disso, eles perderam toda a magia".
Leia mais sobre os casos TRT-SP e EJ no especial
Poder Público
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Grupo de indígenas xavantes é acusado de assaltar viajantes
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da Folha de S.Paulo
Um grupo de índios xavantes é acusado de assaltar turistas, no último dia 19, em Mato Grosso.
Eles teriam sido abordados por 16 índios armados com rifles quando acampavam em um ilha próxima da reserva Pimentel Barbosa, quatro dias depois do início da viagem.
Os sete turistas, acompanhados de quatro guias, viajariam 14 dias pelo rio das Mortes, de Nova Xavantina até São Félix do Araguaia.
Antes de assaltar o grupo, do qual faziam parte dois franceses, um alemão e um suíço, uma delegação menor dos índios esteve duas vezes no acampamento.
"A atitude deles não parecia agressiva. Eles nos perguntaram, em português, o que fazíamos ali", explica o arquiteto Júlio Cesar Corbucci, um dos organizadores da viagem. "Explicamos que só estávamos passeando."
Na terceira visita, 16 xavantes armados teriam rendido os turistas no momento em que eles colocavam seus equipamentos nos barcos para continuar a viagem. A ação teria durado 45 minutos.
"Eles tinham uma atitude claramente hostil. Gritavam em aparente desordem, em língua xavante", explicam os 11 viajantes, em texto que enviaram para a Funai, para a Polícia Federal e para as embaixadas francesa e alemã.
Segundo Corbucci, os índios levaram equipamentos no valor aproximado de R$ 20 mil, incluindo dois dos três barcos com os quais o grupo viajava. Todos os objetos pessoais dos turistas, incluindo seus documentos, também teriam sido levados.
"Nem sei se eles não queriam nos levar também. Naquela altura ainda não sabíamos que estava na moda essa história de refém", brinca o arquiteto, em referência ao sequestro de 15 turistas por índios caiapós, que terminou anteontem, no sul do Pará.
"Não acreditamos que o assalto tenha sido político, como o sequestro feito pelos caiapós. Acho que foi uma ação isolada, de alguns membros daquela comunidade xavante", explica Corbucci.
"Só pode ter sido um mal-entendido", diz o arquiteto alemão Matthias Raasch, que também participava da viagem.
Uma semana depois do assalto, quando foi registrar o ocorrido na embaixada alemã, em Brasília, Raasch diz ter ficado surpreso ao saber que entidades não-governamentais da Alemanha estão entre as principais fontes de recurso da reserva Pimentel Barbosa.
"Em dezembro, o cacique da aldeia que nos assaltou vai com um grupo deles dançar na Alemanha", diz Corbucci.
Ele também esteve em Brasília para falar com o presidente da Funai, Glênio Alvarez, mas não teve sucesso.
Antes disso, o grupo esteve tentando registrar a ocorrência em postos mato-grossenses da Polícia Federal e da Funai.
"Só queremos nossas tralhas de volta", diz Corbucci.
Mais desanimado que ele, o arquiteto alemão explicou: "Quando eles chegaram, fiquei fascinado. Eu sempre brincava de índio quando era criança. Depois disso, eles perderam toda a magia".
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