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08/10/2002 - 05h31

Garotinho não irá ao palanque de Lula

MURILO FIUZA DE MELO
SABRINA PETRY

da Folha de S.Paulo

Mesmo com o apoio formal do PSB a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, Anthony Garotinho não planeja fazer campanha para o petista. Garotinho ficou em terceiro lugar no primeiro turno da eleição presidencial com 18% dos votos válidos.

Adversário do PT no Rio, ele anunciou a assessores que irá cumprir a decisão da Executiva Nacional do PSB, que se reúne amanhã, em Brasília, para formalizar o apoio a Lula, mas se recusa a subir no palanque do petista: "Eu tenho muitas dificuldades de votar no Lula nas circunstâncias atuais, em função da direitização do PT. Eles [do PT] querem o poder a qualquer custo."

No Rio, o PT ajudou a eleger Garotinho em 1998, mas rompeu com o governador no início de 2000. Nos últimos dias da campanha estadual, vencida em primeiro turno pela mulher do ex-governador, Rosinha Matheus (PSB), a disputa entre o casal e os petistas fluminenses se acirrou.

Ontem de manhã, em corpo-a-corpo na Central do Brasil, Garotinho condicionou seu apoio ao abandono pelo petista do que chamou de "forças de direita".

"Para receber o nosso apoio, o Lula terá que se livrar dessas alianças de direita que ele fez. Nós somos um partido do povo. O Lula está com o [José] Sarney e com esses políticos que afundaram o Brasil. Ele vai ter que escolher com quem ele vai andar", disse.

Em Recife, o presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, a quem caberá anunciar a decisão do PSB no segundo turno, desautorizou as declarações do ex-governador: "Isso é a opinião do Garotinho. Para nós, a aliança com o PT não passa por quem está ao lado do Lula. Nós defendemos uma aliança programática, de conteúdo", declarou Arraes à Folha.

À tarde, em nova entrevista, o ex-governador recuou. Manteve a crítica a Lula e a seus aliados, mas ressaltou que se tratava de uma posição pessoal, e não partidária. Ele disse ser "impossível" apoiar José Serra (PSDB), embora tenha afirmado que tanto o tucano quanto Lula representem o "mesmo projeto de continuidade".

Garotinho informou ter recebido, pela manhã, telefonemas de Lula e do presidente nacional do PT, José Dirceu, que lhe teriam pedido o apoio no segundo turno: "Primeiro, ele [Lula] me cumprimentou e disse: 'Olha, você teve uma votação muito significativa, estou ligando para te cumprimentar e dizer que gostaria muito de estar com você. Eu disse que não depende de mim, mas do partido. Pedi que ele ligasse para o doutor Miguel Arraes e ele ligou".

Segundo Arraes, o PSB exigirá do PT que adote um discurso de esquerda: "Não podemos fazer um acordo que seja contra os nossos princípios". Os socialistas não concordam com a ausência de uma crítica enfática ao acordo com o FMI. "Na economia, a proposta do Lula é muito parecida com a do governo", afirmou o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB), que se disse favorável a um apoio incondicional a Lula.


 

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