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09/10/2002 - 08h30

Collor diz ver uso "despudorado" da máquina no Estado em Alagoas

MÁRIO MAGALHÃES
da Folha de S.Paulo, em Maceió

Numa entrevista na qual muitos entrevistadores eram funcionários do grupo de mídia da própria família do entrevistado, o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRTB) afirmou ontem que a "utilização despudorada" das máquinas administrativas foi decisiva para sua derrota na eleição ao governo de Alagoas.

Collor citou a Prefeitura de Maceió, o Estado, dirigido pelo governador reeleito Ronaldo Lessa (PSB), e o governo federal. Disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso pediu por telefone para um deputado abandoná-lo.

O ex-presidente obteve 40,2% dos votos válidos, contra 52,9% de Lessa. Collor disse que vai morar em Alagoas, onde fará oposição. E que pensa "oferecer o nome à Presidência" -da qual foi afastado por impeachment em 1992- depois de 2006.

Na sua opinião, o primeiro governo FHC foi "excelente". O segundo, "claudicou demais". Entre Lula e Serra, no segundo turno presidencial, ainda não decidiu: "Está difícil".

Collor disse não considerar que os eleitores tenham julgado sua passagem pelo Planalto: "Esse juízo já foi feito. Acredito que o tempo seja o senhor da razão e continue sendo".

Sobre a cobertura jornalística da eleição alagoana, afirmou que "chamou atenção a nacionalização da campanha". O objetivo seria "pressionar a população para se sentir intimidada". Collor foi o único ex-presidente a se candidatar neste ano.

As Organizações Arnon de Mello, grupo de mídia dos Collor (ele se diz "cotista, acionista"), fizeram uma cobertura radicalmente partidarizada no jornal "Gazeta de Alagoas" e na rádio Gazeta AM. A exceção foi a TV Gazeta, que passou a ter controle jornalístico da TV Globo, da qual é afiliada, e teve equilíbrio.

"A cobertura foi, dentro do possível, isenta", disse Collor. "A mídia impressa é mais opinativa que a TV. A rádio, também. Em qualquer jornal do Brasil vai sempre existir aqueles que vão dizer que aquele jornal está partidarizado... A própria Folha. Está aí o ombudsman [da Folha], para isso que ele existe. Ele vem sendo muito crítico: forçou a mão a favor da candidatura tal, deu mais espaço à candidatura "a", "b", ou "c"."

No dia 29 de setembro, a primeira página da "Gazeta" publicou oito chamadas sobre mazelas de Alagoas. Em 3 de outubro, a manchete foi ""Debate expõe fracasso de Lessa". Na campanha, a rádio atacou duramente o governador, agindo como instrumento do dono.

"Na campanha da Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo [2000], as primeiras páginas vinham recheadas de críticas ao prefeito de então, o senhor Celso Pitta", disse Collor. "Nem por isso a gente pode dizer que a Folha adotava uma postura favorável a Marta Suplicy."

Na entrevista, várias perguntas de jornalistas das empresas de Collor, objetivamente, "levantavam a bola" do entrevistado.

Prisões
A polícia descartou que quatro gaúchos presos anteontem em Maceió por suspeita de estelionato e formação de quadrilha -portavam talões de cheques, cartões e documentos falsos- tenham cometido crime eleitoral.

Um deles é filiado ao PRTB, partido de Collor. Os quatro, três homens e uma mulher, chegaram quarta-feira a Alagoas. Estiveram com o ex-presidente, com quem tiraram fotos.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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