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09/10/2002 - 20h56

Tourinho, ex-superintendente da Sudam, nega ligação com desvios

MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Belém

Ex-superintendente da extinta Sudam e deputado estadual recém-eleito pelo Pará, Artur Guedes Tourinho (PMDB) negou ontem envolvimento em desvios de verbas no caso Usimar.

Tourinho foi indicado na Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) pelo seu amigo o ex-senador Jader Barbalho. Ele e Jader estão entre os denunciados pelo Ministério Público Federal acusados de fraude na execução do projeto Usimar, com sede no Maranhão, que não chegou a sair do papel.

Em seu depoimento, Tourinho afirmou que "jamais sofreu pressões políticas para aprovação de projetos na Sudam, aprovação que passa por vários setores e envolve um colegiado [Condel]".

Na denúncia, os procuradores da República afirmam que foram liberados R$ 44,1 milhões para a implantação do projeto, avaliado em R$ 1,8 bilhão. Jader e Tourinho foram os últimos envolvidos do Pará a prestarem depoimento no processo. Jader negou anteontem o envolvimento nas fraudes.

A denúncia oferecida à Justiça do Tocantins acusa 26 pessoas do Maranhão e do Pará, entre elas Jorge Murad, marido da ex-governadora e senadora eleita Roseana Sarney (PFL-MA), e o assessor de Jader, Antônio José Guimarães. Tourinho disse nunca ter tratado "de nenhum assunto com Roseana e que não recorda se chegou a conversar com Murad sobre a carta-consulta da Usimar".

Os promotores descrevem, em 75 laudas, condutas que classificam como de "complexidade típica de uma organização criminosa, com divisão de funções e de grupos de agentes, cada qual agindo em diferentes Estados para a consecução final do intento ilícito". No entanto, Tourinho declarou que "jamais poderia dar informações privilegiadas da tramitação do projeto Usimar, uma vez não era mais superintendente da Sudam", na época da aprovação.

Após mostrarem, com quadros e tabelas, a destinação dos recursos, os procuradores concluem que a "movimentação [do dinheiro] espelha que pequena quantidade dos recursos provenientes da Sudam, não mais que 20%, foram efetivamente aplicados na Usimar. O restante foi desviado".
Os procuradores chamam Jader Barbalho de "controlador do esquema Sudam" e citam os números de seis cheques, no valor total de R$ 2,4 milhões, como prova de que Jader recebeu o correspondente a 20% incidentes sobre parte dos recursos liberados para a implantação do projeto Usimar.

Segundo os procuradores, os cheques eram entregues ao doleiro José Samuel Benzecry, proprietário da casa de câmbio Cruzeiro, e ele "providenciava a lavagem final dos recursos, convertendo-os em moeda estrangeira ou nacional, a critério do denunciado Jader Barbalho, remetendo ou não quantias para o exterior".

Veja também o especial Eleições 2002
 

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