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10/10/2002 - 07h11

Dividido, PFL recomenda o apoio a Serra

RAQUEL ULHÔA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Após uma sucessão de lances frustrados na disputa presidencial, a Executiva Nacional do PFL aprovou ontem resolução recomendando que os diretórios estaduais do partido apóiem o candidato José Serra (PSDB-PMDB) contra o petista Luiz Inácio Lula da Silva. A recomendação não é obrigatória, deixando livre o apoio de alguns setores a Lula.

Na avaliação dos próprios pefelistas, a maioria seguirá a orientação da cúpula, mas sem uma adesão entusiasmada ao tucano, porque a decisão de ontem foi movida mais por um sentimento anti-Lula do que pró-Serra.

A recomendação também não significa um alinhamento automático a um eventual governo Serra. Foi marcada nova reunião para 31 de outubro, após o segundo turno, na qual será decidida a posição do PFL em relação ao próximo presidente.

O pragmatismo da decisão foi explicitado pelo vice-presidente Marco Maciel (PFL), autor da proposta de recomendar apoio a Serra, que será o representante do PFL na campanha do tucano. "A candidatura de José Serra é a que guarda mais proximidade programática com o PFL. (...) O PFL está sendo coerente com a posição que adotou em 94 e 98 contra o mesmo candidato [Lula]."

Derrota
Nos discursos realizados na reunião reservada, segundo a Folha apurou, foi unânime a avaliação de que o tucano dificilmente ganhará. Segundo relato dos presentes, até mesmo o prefeito Cesar Maia (RJ), que se aliou a Serra já no primeiro turno, previu a vitória de Lula e disse que o apoio do PFL ao tucano será importante para reduzir a margem de vitória do petista. O objetivo, segundo ele, é enfraquecer um eventual governo Lula, forçando-o a negociar com o Congresso.

Segundo a Folha apurou, o presidente Fernando Henrique Cardoso ficou desapontado com a falta de firmeza do PFL e intensificou sua articulação nos setores anti-Serra. As maiores resistências ao tucano estão na Bahia, no Maranhão, em Sergipe e em Rondônia. Na reunião, houve manifestações isoladas de divergências pessoais de pefelistas de Minas Gerais, do Paraná e de Alagoas.

Em nome do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) _reeleito_, o senador Antonio Carlos Júnior, seu filho, defendeu a liberação dos pefelistas, alegando "coerência" com a posição no primeiro turno. ACM declarou apoio a Lula, como a senadora eleita Roseana Sarney (PFL-MA).

Fugindo da tradição do PFL de tomar as decisões por aclamação, a proposta de Maciel teve de ser submetida à votação. Foi aprovada por 12 votos a favor e 3 contra -de ACM Jr., do senador Francelino Pereira (MG) e do deputado César Bandeira (MA). O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), preferiu ficar "neutro", embora tenha se comprometido a seguir a recomendação.

O candidato a vice-governador de Minas na chapa do tucano Aécio Neves, Clésio Andrade, presidente do diretório estadual do PFL, declarou que votará em Lula. "Tenho dificuldade em apoiar Serra", afirmou. No primeiro turno, o PFL mineiro optou pelo apoio a Ciro Gomes (PPS).

Já o deputado mineiro Roberto Brant saiu em defesa do apoio a Serra. Um dos discursos mais radicais contra Lula foi feito pelo governador Hugo Napoleão (PI). "O Lula é o caos. Estamos entre o caos e a salvação", disse.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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