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17/10/2002 - 05h14

Serristas unificam 'teoria do caos'

da Folha de S.Paulo, em Brasília

Após reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso _a primeira nesta campanha presidencial realizada no Palácio da Alvorada_, o comando político da campanha do presidenciável tucano, José Serra, unificou o discurso de que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode significar caos econômico e administrativo para o país e classificou a campanha petista de "estelionato eleitoral".

O presidente pediu empenho dos líderes para prestigiar a candidatura Serra. A proposta é sair do isolamento do primeiro turno e mobilizar 3.000 prefeitos do PSDB, PMDB e PFL nesta semana. Ficou marcada para a próxima quarta outra reunião no Alvorada, a quatro dias das eleições.

FHC, segundo relato dos presentes, assentiu com a cabeça quando o presidente do PSDB, o deputado federal José Aníbal (SP), usou a expressão "estelionato eleitoral". Na reunião com líderes e presidentes de partidos, FHC deu a entender que aprova a linha dura do programa de TV de Serra.

Em alusão indireta a Lula, afirmou: "Estão prometendo isso e aquilo, mundos e fundos, mas, na hora de governar, vão ver como é difícil". O próprio presidente lembrou de sua célebre frase de que seria "fácil governar o Brasil". FHC falou que se enganou.

De acordo com aliados que participaram do encontro, o presidente manterá, em público, a mesma "compostura" exibida anteontem, quando disse, em discurso na CNI (Confederação Nacional da Indústria), que o caminho do país será mantido seja quem for seu sucessor.

Para eles, a declaração foi um recado a respeito da força das instituições democráticas brasileiras para o público externo e não contradiz a atual campanha tucana.

"Tem horas em que o governo é uma coisa e a campanha é outra mesmo. O presidente fala para dentro toda hora e fala para fora toda hora. Ele tem sabido se envolver na campanha com compostura e não se envolver a partir do momento em que a compostura falisse", explicou o deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), líder do governo no Congresso.

"Estelionato eleitoral"
Aníbal afirmou após a reunião que Lula teria assumido tantos compromissos que "não se pode saber o caminho para o Brasil, tal é o grau de indefinição e de dissimulação da campanha. Não se sabe o que significará um governo do PT. É quase um estelionato eleitoral".

Segundo relato de Aníbal, FHC teria concordado com a avaliação do comando da campanha: "O presidente disse que compartilha conosco dessa avaliação". Questionado sobre as declarações feitas no dia anterior por FHC na CNI, Aníbal disse que foi uma afirmação de quem tem a responsabilidade de governar o país.

Segundo o deputado Michel Temer (SP), presidente do PMDB, FHC desempenha dois papéis distintos nestas eleições. "Há uma exigência do cenário internacional de revelar que nós estamos vivendo plenamente o sistema democrático, e, seja qual for o candidato eleito, o Brasil vai continuar. Mas não há dúvida, hoje isso ficou muito definido, que segurança absoluta nós teremos é com o candidato Serra", disse Temer, para quem "uma coisa é o presidente do país, outra coisa é o presidente interessado na eleição de José Serra". O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), disse que FHC teve a intenção de frear "qualquer perspectiva de golpe ou atentado à democracia" em seu último discurso.

"Nunca vi o candidato [Serra] dizer na televisão que a vitória de quem quer que seja possa significar ferir as instituições democráticas. O que o candidato tem dito na televisão é que a vitória de um programa que não tem consistência pode significar o caos do ponto de vista econômico e administrativo e um retrocesso do país nessa inserção mundial", disse.

Para os aliados, as propostas de Lula não são consistentes com o controle e as metas de inflação. "O PT vai reajustar o funcionalismo público, vai reaparelhar as Forças Armadas, vai fazer as casas populares que prometeu, vai baixar os juros drasticamente, ou quando chegar à realidade tudo vai ser diferente?", ironizou Arthur Virgílio. Segundo ele, o compromisso sério significa "sacrificar qualquer coisa", inclusive aumentar as taxas de juros em detrimento da candidatura.

Nos últimos nove dias de campanha, Serra vai insistir em mais duas teses: Lula estaria fugindo dos debates porque não está preparado para debater, e o PT estaria sendo derrotado nos Estados que governa. Na avaliação de FHC é muito difícil, mas Serra ainda teria condições de reverter a larga desvantagem em relação a Lula. Segundo a pesquisa Datafolha divulgada no domingo, Lula teve 58% contra 32% de Serra.

A eventual "virada", expressão usada pelos aliados de Serra, estaria baseada no tripé: programa no horário eleitoral gratuito crítico, mobilização dos prefeitos que apóiam o tucano e insistir em realizar mais de um debate de TV entre o tucano e o petista.

Participaram do encontro: Marco Maciel, Michel Temer, José Aníbal, Jarbas Vasconcelos, Arthur Virgílio, Renan Calheiros, Geddel Vieira Lima, Heráclito Fortes, Jutahy Magalhães e Gilberto Kassab.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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