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23/10/2002 - 03h23

Nelson de Sá: Cultura patrulheira

NELSON DE SÁ
Editor do Caderno Ilustrada da Folha

Em tempo de eleição, fazem festa quando uma atriz como Regina Duarte, ofendida publicamente por Lula, tem que sumir, fugir da reação a um pronunciamento seu.

No sebastianismo dos petistas de eleição, Lula é predestinado -e todo ato que se interponha à sua chegada ao poder, sobretudo se transmitido a milhões pela TV, é herético.

É em tal ambiente, em que 1.700 artistas/celebridades se acotovelam no Rio para a glorificação, que vem a público o programa do PT para a cultura e a própria TV.

Seria criada, para usar palavras petistas, uma espécie de "sistema único de cultura", encabeçado e financiado pelo poder predestinado.

O Estado, dos velhos tempos de Embrafilme, voltaria a se insinuar pelas produções, inclusive aquelas sustentadas hoje por leis de incentivo.

Quanto à TV, ali também está prevista uma concentradora rede estatal "de alcance nacional". Mais importante, porém, é que o projeto não trata das redes comerciais -e da TV digital.

Para quem estranhou tanto a cobertura da Globo neste ano, sobretudo nas últimas semanas, está aí uma pista.

Por outro lado, o campo de experiências da proposta cultural lulista foi São Paulo, como indicam seus autores.

Vale registrar então um fato recente, em que uma organização não-governamental, ligada ao vereador petista que criou a lei paulistana de apoio à cultura, passou a ser investigada pelo Ministério Público.

De acordo com a denúncia, graças à doação de uma empresa de lixo, a ONG se respaldou para aprovar junto à secretaria municipal de Cultura um projeto de algumas centenas de milhares de reais.

Faz lembrar todo um passado de intervenção estatal. Bom presságio não pode ser.

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Lula sorri sem parar na TV, mas ainda não foi eleito. E José Serra tem projeto para a cultura -que ele vê como "estratégica para o futuro do país".

Muito se questiona a privatização da cultura na última década e meia, sobretudo nos anos FHC, mas foi ele quem fez renascer e progredir a indústria do cinema nacional.

O cinema de "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, que deve bater ainda esta semana o recorde de bilheteria da chamada "retomada".
Pois o que o tucano promete é ampliar o esforço.

Quer uma agência de direito autoral, que enfrente a pirataria externa que ameaça fechar gravadoras. E quer um órgão para propagar a produção brasileira pelo mundo.

Quer tratar a cultura nacional como os EUA tratam Hollywood e a indústria cultural toda.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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