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24/10/2002 - 07h31

Embaixador rebate opinião de direita dos EUA sobre Lula

ALCINO LEITE NETO
da Folha de S.Paulo, em Paris

O embaixador do Brasil em Londres, Celso Amorim, classificou como parte do "eixo da estupidez" as declarações de personalidades da direita americana de que o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, se vitorioso, comporia com Fidel Castro, ditador cubano, e Hugo Chávez, presidente da Venezuela, um novo "eixo do mal".

As declarações foram reproduzidas anteontem, com destaque, no jornal inglês "Financial Times" (FT). A reportagem "Direita americana suspeita de novo "eixo do mal" na América Latina" traz opiniões de um antigo integrante do governo Ronald Reagan, Constantine Mendes, segundo o qual, "Lula é um patrocinador do terrorismo".

O "Financial Times" também cita artigo do jornal "Washington Times" que fala da possibilidade de uma combinação entre "armas nucleares brasileiras com petrodólares venezuelanos e subversivos cubanos".

"É uma coisa descabida, que só pode fazer parte do eixo da estupidez. Surpreende-me que um jornal como o "FT" publique algo assim, tudo requentado da imprensa de direita americana", disse Amorim à Folha.

Notícia ruim
Segundo ele, a notícia é ruim para o Brasil, pois inquieta os "sócios" britânicos do Brasil, as empresas que investem no país. "Não estou dizendo que a mídia não deva divulgar essas opiniões, mas é um absurdo que elas tenham tal destaque, desproporcional à autoridade dessas pessoas. Se fosse um Prêmio Nobel de economia que tivesse dito, seria outra coisa", afirmou o embaixador.

Indignado com a notícia, o embaixador escreveu uma carta indignada ao "FT", na qual diz: "O simples fato de que esses comentários sejam reproduzidos num prestigioso jornal como o "FT" tende a dar crédito a um conjunto de opiniões preconceituosas e desinformadas _que seriam melhor descritas como constituindo um "eixo da estupidez'".

Amorim não receia que sua reação possa configurar uma defesa da candidatura de Lula.

"Isso não tem nada a ver com minhas preferências políticas. Na carta ao "Financial Times" eu nem sequer cito o nome do candidato. Independentemente de quem ganhar as eleições, essa reportagem é em si ruim para o Brasil. Fiz uma defesa da democracia brasileira e da vitalidade de nossas instituições", afirmou o embaixador.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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