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25/10/2002 - 08h33

Serra acredita em "virada" contra "mito Lula'

RAYMUNDO COSTA
da Folha de S.Paulo

Enquanto o publicitário Nelson Biondi, um dos principais estrategistas da campanha do PSDB à Presidência, avaliava ser "muito difícil enfrentar um mito como [o presidenciável petista" Lula", o candidato José Serra disse ontem estar confiante na "virada" e que vai "ganhar a eleição".

Para justificar o otimismo, Serra lembrou que, no primeiro turno, as pesquisas e os resultados foram diferentes. "A distancia de um para o outro foi oito pontos menor do que as pesquisas apontavam. Não é pouca coisa", disse.

Por essa razão, o tucano disse ter "a convicção de que agora no segundo turno os resultados das urnas vão ultrapassar de longe o que as pesquisas apontam, não porque elas não sejam feitas com desonestidade, mas porque realmente não vão conseguir captar a vontade do eleitor, que só se manifesta na hora", argumentou.

"A quantidade de eleitores indecisos no Brasil é muito maior do que se imagina. Uma coisa é responder uma pesquisa, outra coisa é chegar lá na hora para votar, pensando e meditando."

Serra passou a tarde gravando os programas de TV do horário eleitoral gratuito de hoje e treinando para o debate com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, hoje à noite, na TV Globo. Fez também contatos telefônicos com prefeitos e dirigentes políticos de todo o país.

"O que nós estamos sentindo é uma mobilização muito grande pelo Brasil afora. Vamos dar, e estamos muito confiantes disso, uma virada e ganhar essa eleição."

Antes de Serra falar, o publicitário Nelson Biondi contou que o último programa de TV do candidato não será de celebração, como é comum em final de campanha, mas de "convocação", nos termos mais tarde definidos por Serra:

"Pedir a cada eleitor, a cada eleitora que já vota em mim, que consiga um voto a mais. Com isso, chega-se a vitória."

Biondi disse que Serra terá mais de 30 milhões de votos no domingo, conforme apontam pesquisas. Mas reconheceu a dificuldade para furar a "blindagem" do petista:

"Enfrentar um mito como Lula não é fácil, ele virou uma legenda", disse o publicitário.

Serra ainda pode participar de atividades de rua até a eleição, mas desde terça-feira passada, quando esteve em Recife (PE), dedica-se a gravar seus últimos programas e a treinar para o debate.

Ontem, o tucano discutiu as regras do debate com seus assessores no pequeno jardim em frente à produtora, para tomar um pouco de sol. No último debate na emissora, antes do primeiro turno, o tucano estava pálido, gripado e com um ar de abatimento.

Forma e conteúdo
Para desespero da equipe de marketing, Serra termina a campanha da mesma forma como começou: dando mais importância ao conteúdo do que à forma, considerada mais importante pelos publicitários em debates na TV.

Após a série de reuniões com Serra, o publicitário Biondi disse aos jornalistas que a campanha tucana não dispõe de material contra a vida privada de Lula, de acordo com boatos que circularam nas duas campanhas.

Mesmo que tivesse, assegurou, não seria usado por eles. "O Serra teria botado a gente na rua."

O publicitário reconheceu que a linha de ataques a Lula e às administrações do PT não surtiu o mesmo efeito do primeiro turno.

Segundo Biondi, foram dois momentos diferentes. No primeiro turno, era possível fazer uma comparação mais crítica. Como ocorreu, por exemplo, com a "desconstrução" de Ciro Gomes (PPS), para usar a linguagem dos publicitários.

"É o momento. Surtiu efeito lá atrás", disse, sem mencionar Ciro. O problema, para Biondi, é que "o eleitor está cansado das eleições".

Biondi lembrou que no Brasil já ocorreram viradas históricas nas eleições. Um exemplo foi a eleição de Eduardo Azeredo (PSDB) em 1994, quando o favorito disparado nas pesquisas de opinião era Hélio Costa (PMDB).

"Não é comum, mas não é impossível." Questionado se esperava um milagre no domingo, Biondi disse que "milagres existem".

Veja também o especial Eleições 2002
 

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