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09/08/2000 - 03h07

Empresa da qual EJ era sócio negocia com fundos

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ALEXANDRE OLTRAMARI e ANDREA MICHAEL, da Folha de S.Paulo

A empresa DTC (Direct To Company), da qual o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira era sócio até 19 dias atrás, negocia com os principais fundos de pensão do país uma operação para captar até R$ 20 milhões.

No governo, EJ articulou a indicação de dirigentes de fundos de pensão das estatais. Mas, em depoimento em subcomissão do Senado, ele negou formalmente que tenha feito tais indicações.

A negociação começou há cerca de quatro meses, quando EJ ainda era sócio da DTC, empresa criada no ano passado e que precisa captar dinheiro no mercado para se tornar viável.

A DTC tenta vender R$ 20 milhões em debêntures (títulos financeiros que rendem juros ao comprador e podem ser convertidos em ações).

Os papéis da DTC foram oferecidos ao ex-presidente do Banco do Brasil Alcir Calliari, que hoje dirige a GTD Participações, empresa criada por 11 dos maiores fundos de pensão do país.

O principal acionista da GTD é a Previ (21,6%), fundo de pensão do BB que tem R$ 32,5 bilhões em investimentos e comanda 58 empresas.

Segundo Calliari, os fundos de pensão estão analisando a compra de papéis da DTC, que tem entre os sócios Edson Soares Ferreira, ex-diretor de crédito do BB e conselheiro da Previ até junho do ano passado.

"Aparentemente, o negócio é interessante, mas ainda não decidimos nada porque estamos fazendo uma análise técnica", afirmou Calliari. "As debêntures da DTC não foram oferecidas apenas para a gente. Vários fundos também receberam a proposta de maneira individual."

A empresa Blue Chip Consultoria, sócia da DTC, ficou encarregada de negociar os papéis no mercado. Ela pertence ao empresário Carlos Casagrande Sehbe. Ele nega estar negociando os papéis da DTC com fundos de pensão, mas admite ter procurado Calliari na GTD. "Procurei vários investidores. A GTD foi apenas um deles", afirmou Sehbe.

Consultoria

A empresa contratada pela DTC para negociar as debêntures manteve negócios com uma das empresas de EJ, a EJPConsultoria. A Folha obteve três notas fiscais emitidas pela EJP entre maio e julho deste ano em favor da Blue Chip, que somam R$ 59 mil. Elas indicam que a empresa do ex-secretário da Presidência foi contratada pelo próprio sócio (Sehbe) na DTC para prestar consultoria.

Sehbe admitiu ter contratado EJ para o ajudar na tarefa de procurar investidores para a DTC, mas negou ter usado os serviços dele para negociar com os fundos de pensão. "Fundo de pensão não se interessa por negócio pequeno."

Ao admitir estar negociando com a GTD, o empresário entra em contradição. É que por trás da GTD estão alguns dos maiores fundos de pensão do país. A GTD é controlada por 11 fundos de pensão. Desse total, sete pertencem a funcionários de empresas públicas, como o BB, e quatro de empresas privadas.

A DTC, que aguarda a resposta sobre a captação de dinheiro dos fundos de pensão, é uma empresa em fase de montagem. Irá atuar nas áreas de televisão paga e Internet. Seu principal acionista é o empresário Mário Petrelli, dono de emissoras de televisão em Santa Catarina e no Paraná.

Negócio

EJ e o ex-diretor de crédito do Banco do Brasil Edson Soares Ferreira receberam ações da empresa no final do ano passado sem desembolsar nenhum real. EJ ficou com 10% e Ferreira, com 5%.

EJ deixou a sociedade no final do mês passado, no auge da crise que envolve seu nome com a liberação de verbas para o TRT de São Paulo e com a intermediação de negócios com o governo federal.

A empresa divulgou a versão de que EJ saiu da sociedade porque não fez o aporte de recursos a que havia se comprometido.

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