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28/10/2002 - 04h57

Lula busca novo "Centrão" no Congresso

LUCIO VAZ
OTÁVIO CABRAL
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Com uma frente de centro-esquerda que chegará a cerca de 220 deputados e 28 senadores, o petista Luís Inácio Lula da Silva vai buscar a maioria no Congresso com a adesão de PMDB, parcelas do PSDB e o inchaço do PL, que deve receber dissidentes do PFL, do PPB e de pequenos partidos.

A frente parlamentar formada para dar sustentação ao governo Lula será heterogênea como o "Centrão" que atuou no Congresso constituinte, mas com uma diferença fundamental: a sua hegemonia será dos setores de esquerda e de centro-esquerda.

O quadro será mais tranquilo para Lula na Câmara, onde o PT elegeu a maior bancada (91 deputados), e mais complicado no Senado. Com só 14 senadores, o governo deve ficar refém do PMDB, que terá a maior bancada: 20 senadores. A Câmara tem 513 deputados e o Senado, 81 senadores.

Parte da cúpula do PMDB, que elegeu 74 deputados, resiste à adesão ao governo, mas deverá ceder à pressão das bases partidárias e do grupo dissidente. A direção nacional prefere que o partido tome uma decisão em bloco, para evitar o esfacelamento que deverá acontecer no PFL, com parte do partido apoiando o governo e outra parte fazendo oposição.

Para atrair o PMDB, Lula terá que oferecer pelo menos um ou até dois ministérios. Um deles seria oferecido à cúpula do partido, que apoiou a candidatura do tucano José Serra. O outro ministério seria do grupo que foi dissidente do partido no governo Fernando Henrique Cardoso.

Mas um dos grupos poderá ser contemplado com a presidência do Senado. Os dissidentes apostam no ex-presidente José Sarney (AP) para o cargo. Já os governistas querem colocar o líder do partido, Renan Calheiros (AL).

Os representantes dos demais partidos que vierem a apoiar sistematicamente o governo Lula serão contemplados com cargos federais nos Estados, segundo previsão de um integrante da coligação de Lula. Líderes do PT esperam contar com o apoio de parcela do PSDB, partido da oposição que teria parlamentares com um perfil mais próximo do PT. Mas os petistas acham que os tucanos apoiarão projetos específicos do governo sem deixar o partido.

A cúpula do PT chegou a prever, antes das eleições, que o PL receberia mais 50 deputados -além dos 26 eleitos- logo no início de 2003. Seriam deputados do PFL, do PPB e de outros partidos interessados em participar do governo, mas que não poderiam ingressar diretamente no PT, por causa de divergências regionais.

Hoje os dirigentes do PT preferem ver esses deputados espalhados por vários partidos, como PTB, PSB, PDT e PV, para evitar que o PL aumente demais o seu poder de barganha. Além disso, o PT poderá chegar a cem deputados até o início da legislatura, com adesões sobretudo do PDT.

A tese de crescimento do PL é reforçada pelo presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC). Ele afirma que a perda de deputados do partido para o PL pode chegar a 30 nomes até o dia da posse na Câmara.

O presidente nacional do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), prevê uma maioria tranquila para Lula na Câmara. "O PT não vai querer inchar, mas esse pessoal do PSDB, PFL, PPB vai para o PL. O cara precisa do governo para prestar serviços à sua comunidade."

A adesão do PMDB será fundamental para Lula principalmente no Senado. Juntos, o PT, o PL e os outros partidos de esquerda terão 28 senadores. Com os 20 senadores do PMDB, o governo teria uma maioria tranquila.

O líder do PT no Senado, Eduardo Suplicy (SP), aposta no apoio do PMDB. "Segmentos muito significativos do PMDB já estão dizendo da sua boa vontade de apoiar o governo Lula."

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