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28/10/2002 - 08h00

Vitorioso, Alckmin quer tirar Lula do palanque

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
LIEGE ALBUQUERQUE
da Folha de S.Paulo

A vitória de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, o principal Estado da União, será utilizada pelos tucanos para tentar tirar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do palanque e obrigá-lo a negociar com o partido de Fernando Henrique Cardoso e José Serra.

Reeleito, Alckmin afirmou ontem que está disposto a colaborar com o governo de Lula, mas somente naquilo que os tucanos acharem bom para país.

"São Paulo jamais virará as costas para o Brasil. Nosso Estado sempre foi pautado pela responsabilidade. São Paulo vai ajudar o Brasil", disse o governador à noite, na sede estadual do PSDB, na região dos Jardins, na capital.

A declaração faz parte da estratégia tucana de "tentar obrigar Lula a descer do palanque" -nas palavras de um dos líderes do PSDB- e procurar um diálogo com o governador reeleito. "O que for bom para o país terá nossa colaboração", disse Alckmin.

A vitória sobre o petista José Genoino no principal Estado da nação foi comemorada com entusiasmo. Para os líderes tucanos, ela é prova de que "São Paulo não se curvou à onda Lula".

Com mais de 95% das urnas apuradas até a conclusão desta edição, Alckmin havia obtido mais votos do que o presidenciável Lula no Estado. O tucano tinha 11.792.300 contra 11.022.793 do presidente eleito petista.

Embasado por essa votação, o PSDB espera que Lula tome a iniciativa de abrir negociação. "O governador está disposto a jogar o peso de São Paulo para ajudar o Brasil. Teve uma votação expressiva e tem respaldo para negociar", disse Edson Aparecido, presidente estadual do PSDB.

Em pelo menos dois importantes projetos Alckmin necessitará de um bom relacionamento com o presidente eleito: a ampliação do Metrô e a construção de novos trechos do Rodoanel.

Nessas duas obras, prioritárias para os tucanos, a União deve participar financeiramente.

Os planos de expansão da liderança de Alckmin para fora de São Paulo em boa parte dependem do sucesso do governador dentro do Estado.

Assim, argumentam os tucanos, uma oposição sistemática a Lula só poderia trazer dificuldades, principalmente nos dois primeiros anos dos novos governos.

A oposição aos petistas em São Paulo, de acordo com Aparecido, será feita pelo PSDB, não pelo governador. "O partido, em suas propostas, irá manter uma distância crítica da esfera federal, mas o Palácio dos Bandeirantes trabalhará pelo Estado."

Rumo ao Planalto
Acompanhado do presidente nacional do PSDB, José Aníbal, de Aparecido, e de sua família o governador foi recebido aos gritos de "um, dois, três, quatro, cinco, mil, queremos o Geraldo presidente do Brasil".

Serra também foi ao diretório e participou da festa que, a poucos metros da avenida Paulista, onde o PT fazia sua comemoração, transformou-se em uma espécie de desagravo tucano.

Em discurso rápido, ele agradeceu aos eleitores e parabenizou o presidente Fernando Henrique Cardoso pela postura de "chefe de Estado" e Lula pela vitória. Também fez elogios a José Serra (PSDB) e a José Genoino (PT).

"Essa vitória é fruto da garra, da luta e do entusiasmo", disse Alckmin, ao falar aos militantes sobre a sua reeleição.

O governador foi saudado por José Aníbal como o novo líder do partido no Estado, mas evitou comentários sobre seu projeto político. "Cada coisa tem seu tempo. Primeiro, vou trabalhar", disse.

Quanto ao secretariado, o governador fará mudanças, mas elas deverão ser implementadas de maneira lenta e gradual. Segundo o governador, os próximos quatro anos consolidarão seu estilo.

"Os princípios e valores são os mesmo do governo Covas. Os projetos, nós iniciaremos uma nova fase. Vou dar absoluta prioridade ao planejamento, especialmente o regional", disse. Alckmin afirmou que sua prioridade será a criação de empregos.

Cerco ao PT
Para os tucanos, a vitória foi possível porque o PSDB conseguiu quebrar a "onda Lula" e isolar Genoino politicamente.

"Conseguimos conquistar o apoio de partidos que estavam com o Lula nacionalmente, como o PPS, o PSB e parte do PDT. Isso foi fundamental para a vitória", disse Aparecido.

Durante a tarde, Alckmin se reuniu no Palácio dos Bandeirantes com dois secretários e, segundo assessores, teria despachado com eles no gabinete.

Pela manhã, antes de sair da ala residencial do Palácio dos Bandeirantes, ele recebeu um telefonema do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Segundo sua assessoria, só trataram de "amenidades", como a "vizinhança paulista" futura do presidente e Alckmin.

O governador mudou a agenda de ontem de manhã, a pedido da coordenação da campanha do presidenciável José Serra (PSDB).

Ao contrário do primeiro turno, quando Alckmin votou e depois acompanhou o voto de Serra, ontem o governador tomou um café da manhã com jornalistas e seguiu para a casa do presidenciável, na zona oeste.

Depois de esperar Serra votar, seguiram juntos ao Jóquei Clube, onde Alckmin e parte da família não enfrentaram fila para votar. No primeiro turno, Alckmin esperou na fila atrás de 24 pessoas.

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