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28/10/2002 - 09h02

Núcleo paulista do PSDB começa a se rearticular

ELIANE CANTANHÊDE
LEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo

O presidente Fernando Henrique Cardoso, o candidato derrotado à Presidência José Serra e o governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, jantaram anteontem para dar uma demonstração de força do PSDB paulista, cuja hegemonia vem sendo questionada no partido.

O jantar foi na casa do embaixador do Brasil em Roma, Andrea Matarazzo, no Morumbi, bairro nobre de São Paulo, e durou até aproximadamente 1h de ontem. As mulheres e filhas de FHC, Serra e Alckmin participaram.

Apesar de Matarazzo descrever o encontro como "entre amigos, em que nem se discutiu política", ele ocorreu apenas três dias depois de um outro jantar a muitos quilômetros de distância dali: o que reuniu em Fortaleza, quarta-feira à noite, o núcleo tucano que disputa o comando partidário com os "paulistas".

Fazem parte desse núcleo antipaulista o governador eleito de Minas, Aécio Neves, e o senador eleito Tasso Jereissati (CE), que querem trazer de volta ao PSDB o candidato derrotado do PPS à Presidência, Ciro Gomes.

Eles consideram que São Paulo manteve o comando do PSDB nos oito anos dos dois mandatos de FHC na Presidência e agora está na hora de "arejar" o partido.

Na avaliação do grupo, que espera a adesão dos tucanos de Goiás, Pará e Mato Grosso do Sul, FHC está "voltando para casa" e Serra não só perdeu a eleição presidencial como sai dela com uma legião de inimigos.

Os tucanos paulistas, porém, têm uma visão oposta do papel de FHC e do resultado das eleições. Dizem que FHC sai do governo, mas não da vida pública, e, apesar do desgaste natural de oito anos de poder, mantém um bom índice de popularidade. No último Datafolha, 26% de ótimo e bom, mais 38% de regular.

FHC, portanto, continuaria sendo decisivo no PSDB e no próprio processo político, especialmente se o governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva vier a enfrentar turbulências.

Para os paulistas, também será impossível desconsiderar a liderança de Serra, que sai das eleições de 2002 com cerca de 30 milhões de votos. FHC ganhou em 1998 com 35,9 milhões. A diferença é que Serra tem isso com apenas um adversário no segundo turno e FHC ganhou no primeiro turno, concorrendo contra vários candidatos.

Além disso, os paulistas contrapõem: Aécio Neves venceu no primeiro turno em Minas com 57,68%, mas Alckmin também passa a ser naturalmente uma força política nacional. Deixa de ser substituto do governador Mário Covas -principal líder tucano, morto em 2001- e passa a ter personalidade política própria.

Serra, Alckmin e o presidente nacional do PSDB, José Aníbal (SP), também fizeram questão de aparecer juntos ontem mais de uma vez, todos com camisas azuis, cor do partido. Não foi por acaso. Ao contrário, um sinal.

Ainda segundo os paulistas do PSDB, Tasso não sai da eleição sob glória. Perdeu a legenda para Serra na eleição presidencial, pulou no barco de Ciro quando este disparou nas pesquisas e seu candidato no Ceará, Lúcio Alcântara, ganhou por menos de 1%.

Os dois grupos têm uma posição comum: a de que o partido terá de, forçosamente, ocupar a liderança da oposição. Mas terão de disputar, palmo a palmo, quem dá as cartas no partido numa nova fase, longe do poder.

O PSDB venceu em São Paulo, Minas, Goiás, Ceará, Paraíba e Rondônia. Até o fechamento desta edição, estava indefinido o governo do Pará. Tem, ainda, a quarta bancada no Congresso, com 71 deputados e 11 senadores. O partido perde a Presidência, mas não está morto. Muito menos estão os tucanos paulistas.

Veja também o especial Governo Lula

 

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