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29/10/2002 - 06h38

Surpreendente, PMDB vira meta prioritária de Lula

FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo

O surpreendente desempenho do PMDB em Estados importantes no segundo turno elevou o partido à condição de alvo prioritário do PT na busca de uma base sólida de sustentação para Luiz Inácio Lula da Silva.

A ordem do presidente eleito aos dirigentes petistas é deflagrar uma operação imediata de cortejo aos peemedebistas.

O primeiro passo será procurar os novos governadores do PMDB que apoiaram Lula na campanha -Roberto Requião (PR) e Luiz Henrique (SC)-, para que sirvam de intermediários com a direção partidária, que coligou-se com José Serra (PSDB).

Mesmo antes do segundo turno, era voz corrente no PT que o PMDB precisava ser atraído para a órbita do futuro governo.

Com o fortalecimento dos peemedebistas, que agora controlam Estados importantes, o sentimento de urgência do PT aumentou. Os lulistas avaliam que ter a legenda no campo oposto seria ameaça grave à governabilidade de Lula.

O PMDB foi o grande vitorioso no segundo turno. Reelegeu Joaquim Roriz por pequena margem no Distrito Federal e comandará toda a região Sul.

No Rio Grande do Sul, Germano Rigotto destruiu a hegemonia petista; em Santa Catarina, Luiz Henrique obteve uma inesperada vitória contra o PPB; e, no Paraná, Requião também triunfou após disputa apertada.

"O PMDB mostrou nesta eleição que é um partido que terá governadores importantes, com os quais Lula deverá buscar um diálogo permanente, dentro de sua filosofia de fazer ações integradas, principalmente na área da segurança", diz o deputado federal José Genoino (SP).

O objetivo mínimo do PT é ter uma relação amistosa com os peemedebistas, mas o sonho de Lula é atrair o PMDB formalmente para sua base no Congresso. O PMDB terá 74 deputados federais e 19 senadores.

Em razão da forte presença da ala do partido ligada ao atual governo, o apoio formal do partido a Lula ainda é incerto.

Nas conversas com Requião, antigo aliado, e Luiz Henrique, "neolulista", o PT quer transmitir o recado de que está disposto a oferecer ao partido ministérios com orçamento reforçado, provavelmente na área social.

Além de Requião e Luiz Henrique, o PT avalia ainda que tem diálogo fácil com Rigotto e com Jarbas Vasconcelos (PE), reeleito em primeiro turno _apesar de nenhum dos dois ter apoiado o petista na eleição.

Amizade
Rigotto é amigo pessoal de Antônio Palocci, coordenador do programa de governo de Lula, desde o tempo em que ambos trabalharam pela reforma tributária no Congresso.

Já Jarbas tem relações com Lula que vêm da resistência ao regime militar.

"Já no primeiro turno dez seções estaduais do PMDB apoiaram Lula. A conversa com o partido tem tudo para correr bem", diz o secretário-geral do PT, Luiz Dulci, um dos comandantes das articulações com outros partidos.

O único entrave na equação é Roriz, acusado de ter fraudado sua reeleição pelos petistas de Brasília. Mas mesmo esse caso será tratado com cuidado pela direção nacional do PT, para não contaminar a relação nacional com o PMDB.

"Nós sabemos separar bem as coisas. Uma coisa é a disputa política com o PMDB, outra coisa é a relação político-administrativa", diz Genoino.

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