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29/10/2002 - 06h12

Análise: Fotos da história

MAURO FRANCISCO PAULINO
especial para a Folha de S.Paulo

Esta foi a eleição da informação. O volume de notícias, debates, entrevistas e comentários sobre a disputa presidencial foi tão expressivo que mesmo o cidadão menos interessado em política recebeu estímulos suficientes para despertá-lo à reflexão. E uma parte significativa do noticiário foi produzido a partir de resultados e interpretações das pesquisas de opinião pública, fartamente divulgadas.

Dentre os avanços verificados em diversos aspectos desta eleição, há que se reconhecer também a melhora no tratamento dado pela mídia às informações fornecidas pelas pesquisas eleitorais. Houve uma aproximação maior entre redações e institutos o que resultou em interpretações mais cuidadosas de resultados, em especial no segundo semestre. Houve menos generalizações e maior discernimento para avaliar as características de cada instituto.

Além da concorrência entre os que produzem as pesquisas, é a imprensa que irá, cada vez mais, regular a atuação daqueles que optam por divulgar seus resultados. A comparação entre institutos passa a levar em conta também posturas e clareza quanto aos financiadores, à metodologia, à interpretação correta dos números e aos limites impostos pelo método. Práticas como a realização de pesquisas com objetivo de alavancar candidaturas ou fornecer resultados obtidos a partir de métodos inadequados passaram a ser identificados por um número maior de pessoas com reflexos na credibilidade dos institutos.

Vêm perdendo espaço hábitos como análises premonitórias e utilização de métodos ou interpretações inadequadas para conclusões subjetivas. Os antigos magos e oráculos quase não foram citados. Prevaleceu a visão da pesquisa de opinião pública enquanto ferramenta estratégica para ajudar a compreender o processo eleitoral sob o ponto de vista do eleitor e a agregar informação para a composição do seu voto. Há que se lembrar sempre que as pesquisas são fotogramas de momentos específicos, com limites estatísticos naturais inerentes ao processo de amostragem.

Dessa forma foi possível revelar informações que, sem pesquisas, não existiriam. Foi possível saber que Lula liderou a eleição de ponta a ponta desde janeiro de 2001, sendo ameaçado em apenas dois momentos: em fevereiro deste ano, por Roseana e em julho, por Ciro. Sem essas revelações, talvez o termo "desconstrução" e sua prática não viessem à tona. Revelaram que o desejo de mudança em relação ao governo, preponderante na sociedade, daria o tom. Mostraram o efeito do palanque eletrônico na definição do voto. Explicitaram a disputa acirrada pela segunda colocação com alternâncias provocadas, principalmente, pela influência cada vez maior da opinião feminina.

Após o início do horário eleitoral o Datafolha mostrou a diminuição do pessimismo em relação ao ambiente econômico, em especial quanto ao aumento do desemprego e do crescimento da inflação. O efeito da campanha começava a gerar otimismo.

Às vésperas do primeiro turno, as pesquisas mostraram o crescimento dos candidatos do PT nos Estados, alavancados pela vitória iminente de Lula para presidente. No segundo turno, captaram o refluxo da onda petista.
Essas informações, relevantes para a história desta eleição, ajudaram os eleitores no processo de definição do voto e na percepção da cidadania. É a contribuição que pesquisas feitas com apuro técnico e divulgadas de forma adequada têm a acrescentar à sociedade e à democracia.

MAURO FRANCISCO PAULINO é diretor-geral do Datafolha
 

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