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01/11/2002
-
08h18
MARI TORTATO
da Agência Folha, em Curitiba
A coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns, aponta uma série de equívocos na forma como o governo de Luiz Inácio Lula da Silva pretende implementar seu principal programa, o Fome Zero.
A médica sanitarista, que há 19 anos dirige a entidade da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), condena o emprego de cupons, por exemplo.
Como outros críticos desse modelo, ela defende que o auxílio seja em dinheiro e repassado preferencialmente às mulheres. O modelo admitido por Zilda Arns é o que já vem sendo implantado pelo governo atual, como no Bolsa-Escola. O saque do dinheiro é feito pelas famílias beneficiadas, por meio de cartões magnéticos.
"Dar o dinheiro é um avanço em relação ao bônus. Implementa a cidadania. Permite que alguém o use para comprar sementes e plantar para ter alimentos, se quiser. E a mulher deve gerenciar esse recurso. Essa foi uma inovação muito acertada (no governo Fernando Henrique Cardoso)."
Para Zilda Arns, com o gerenciamento pela mulher, "há certeza de que o dinheiro vai chegar mais às famílias". Ela considera que o modelo de assistência social deste governo "evitou o clientelismo político ao colocar o dinheiro na mão das mulheres".
Segundo a coordenadora da Pastoral, o bônus "é um risco, por abrir espaço à corrupção". "É mais fácil haver desvios com esses papéis do que com a cesta básica e esse erro deve ser prevenido".
Zilda Arns defendeu que o futuro governo reconheça os avanços atingidos. "Não há por que mudar, senão o extremamente necessário, mas melhorar o que existe."
A cultura de assistencialismo ainda atinge grande parte da população, no entender de Arns, e ela acredita que só se muda isso quando há exigência de contrapartida da família. E volta a citar o exemplo do Bolsa-Escola. No programa, a família só recebe o benefício com os filhos na escola.
Arns também sugere que o governo Lula conheça e "replique pelo país" programas de prefeituras e ONGs que incentivem geração de renda complementar. Ela coloca a Pastoral da Criança à disposição para parceria, mas disse que não foi chamada para opinar.
A coordenadora da Pastoral diz ver no programa do PT "uma chuva de idéias boas", mas afirma ter dificuldades de entender os mecanismos de operacionalização. "Um começar tudo de novo pode frustrar muita gente", disse.
Zilda Arns comanda desde 1983 a Pastoral da Criança, uma entidade que hoje alcança 1,1 milhão de famílias no Brasil. São cerca de 55 mil voluntários envolvidos no combate à mortalidade e à desnutrição infantil. O investimento por criança é de R$ 1,03 ao mês, segundo a coordenadora.
A Pastoral da Criança foi por duas vezes inscrita para o prêmio Nobel da Paz. O padrinho das indicações foi o ex-ministro da Saúde e candidato derrotado à Presidência da República, José Serra (PSDB). A entidade está presente em 64% dos municípios do país.
Veja também o especial Governo Lula
Zilda Arns aponta erros no projeto Fome Zero
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da Agência Folha, em Curitiba
A coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns, aponta uma série de equívocos na forma como o governo de Luiz Inácio Lula da Silva pretende implementar seu principal programa, o Fome Zero.
A médica sanitarista, que há 19 anos dirige a entidade da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), condena o emprego de cupons, por exemplo.
Como outros críticos desse modelo, ela defende que o auxílio seja em dinheiro e repassado preferencialmente às mulheres. O modelo admitido por Zilda Arns é o que já vem sendo implantado pelo governo atual, como no Bolsa-Escola. O saque do dinheiro é feito pelas famílias beneficiadas, por meio de cartões magnéticos.
"Dar o dinheiro é um avanço em relação ao bônus. Implementa a cidadania. Permite que alguém o use para comprar sementes e plantar para ter alimentos, se quiser. E a mulher deve gerenciar esse recurso. Essa foi uma inovação muito acertada (no governo Fernando Henrique Cardoso)."
Para Zilda Arns, com o gerenciamento pela mulher, "há certeza de que o dinheiro vai chegar mais às famílias". Ela considera que o modelo de assistência social deste governo "evitou o clientelismo político ao colocar o dinheiro na mão das mulheres".
Segundo a coordenadora da Pastoral, o bônus "é um risco, por abrir espaço à corrupção". "É mais fácil haver desvios com esses papéis do que com a cesta básica e esse erro deve ser prevenido".
Zilda Arns defendeu que o futuro governo reconheça os avanços atingidos. "Não há por que mudar, senão o extremamente necessário, mas melhorar o que existe."
A cultura de assistencialismo ainda atinge grande parte da população, no entender de Arns, e ela acredita que só se muda isso quando há exigência de contrapartida da família. E volta a citar o exemplo do Bolsa-Escola. No programa, a família só recebe o benefício com os filhos na escola.
Arns também sugere que o governo Lula conheça e "replique pelo país" programas de prefeituras e ONGs que incentivem geração de renda complementar. Ela coloca a Pastoral da Criança à disposição para parceria, mas disse que não foi chamada para opinar.
A coordenadora da Pastoral diz ver no programa do PT "uma chuva de idéias boas", mas afirma ter dificuldades de entender os mecanismos de operacionalização. "Um começar tudo de novo pode frustrar muita gente", disse.
Zilda Arns comanda desde 1983 a Pastoral da Criança, uma entidade que hoje alcança 1,1 milhão de famílias no Brasil. São cerca de 55 mil voluntários envolvidos no combate à mortalidade e à desnutrição infantil. O investimento por criança é de R$ 1,03 ao mês, segundo a coordenadora.
A Pastoral da Criança foi por duas vezes inscrita para o prêmio Nobel da Paz. O padrinho das indicações foi o ex-ministro da Saúde e candidato derrotado à Presidência da República, José Serra (PSDB). A entidade está presente em 64% dos municípios do país.
Veja também o especial Governo Lula
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