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12/11/2002 - 15h01

FHC diz que Brasil "só corre o risco de voltar ao populismo"

SÍLVIA FREIRE
da Folha Online

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse que tem medo de que a eleição do petista Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República possa trazer a volta do populismo no país.

"Disso tenho medo. Se há risco no Brasil, é o regresso do populismo. Lula é um líder, é um democrata, tem um partido e tem o Congresso como referência. Mas podem tentar fazer dele um líder carismático. Aí é ruim para ele e ruim para o Brasil", disse o presidente em entrevista publicada hoje no jornal "Público" de Lisboa.

O presidente amenizou em seguida afirmando que seu sucessor terá "força de espírito" para não se deixar levar "por esse canto da sereia".

FHC criticou o projeto "Fome Zero", anunciado como prioridade por Lula, que segundo ele, é um retrocesso se comparado com os projeto sociais colocados em prática por seu governo.

"É uma volta atrás. Um regresso a técnicas que substituímos porque não funcionavam, como a distribuição de cestas de alimentação. Substituímos isso por cartões magnéticos para a mãe-de-família comprar o que quer onde quer", disse.

Apesar de afirmar que seu sucessor mudou "várias vezes" desde que o conheceu, em 1973 _quando ainda era secretário do sindicato dos metalúrgicos de São Bernarndo do Campo (SP)_ FHC disse que "boa parte" do PT é atrasado e que não teria percebido mudanças no governo e na sociedade.

"O nosso problema é que já houve uma revolução copernicana e nós temos ainda muitos ptolomaicos. Gente que acredita que é o Sol que gira em redor da Terra. É gente que quer que a economia do Brasil fique fechada, quando existe a globalização, gente que quer que o Estado ocupe todos os espaços quando a sociedade civil já é forte. Desse ângulo, uma boa parte do PT é atrasado", disse o presidente.

À imprensa portuguesa, FHC disse que o PT tem atualmente uma aliança político mais ampla do que ele próprio teve. "O Lula de hoje, o PT de hoje, é um partido com amplas alianças, muito mais amplas do que as que eu tive", disse o presidente.

Ele descartou a possibilidade de próximo governo fechar a economia e afirmou que o MST não irá dominar o governo Lula sob pena dele "não se sustentar no poder".

Ao recusar o rótulo de neo-liberal _ e afirmar ser contrário à doutrina_ FHC disse que fortaleceu o Estado, mas de forma "porosa", ou seja, articulada com a sociedade civil.

Sobre José Serra, candidato do PSDB derrotado à Presidência, FHC evitou comentar o porquê dele não ter "colado" sua candidato ao do governo e rejeitou a idéia de que ele estaria à sua esquerda. "À minha esquerda? De forma alguma. O Serra foi meu ministro e fez a minha política", disse.

Veja também o especial Governo Lula

 

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