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16/11/2002 - 04h41

Lula ganha livro sobre 'malefícios da globalização' em vôo

JULIA DUAILIBI
da Folha de S.Pauloenviada especial a Brasília

"Está balançando muito", disse, um pouco assustada, a futura primeira-dama, Marisa Letícia Lula da Silva. Minutos depois, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teve de endossar os comentários da mulher: "É verdade. Está balançando bastante".

Lula e Marisa referiam-se à turbulência durante o vôo 5034, que fez o percurso entre São Paulo e Brasília, no fim da manhã de ontem. Lula passará o final de semana na cidade com a família, onde fica hospedado na Granja do Torto. Decidirá com a mulher se residirá no Torto ou no Palácio da Alvorada no ano que vem.

Quatro filhos do casal já estavam com suas respectivas famílias em Brasília esperando a chegada dos pais. Eles vieram em vôo separado do casal e fugiram do assédio da imprensa. Foram levados pela Polícia Federal para a Granja do Torto, onde chegaram por volta das 12h15.

Durante a primeira meia hora de vôo, Marisa estava tensa. "Estou achando estranho porque esse trecho não costuma balançar assim", disse. Usou o signo para justificar o medo do ar. "É que eu sou ariana. Tenho o pé no chão." Tanto Lula como Marisa disseram preferir voar em avião de carreira a vôos de jatos.

O casal, que já estava na segunda fileira do avião lendo os jornais do dia quando o embarque começou, passou praticamente despercebido pelos passageiros que entravam no avião.

Lula e sua mulher haviam sido levados pela Polícia Federal diretamente para a pista, evitando o tumulto na sala de embarque.

Tumulto inevitável. Minutos antes, no saguão do aeroporto de Congonhas, Lula havia sido tão assediado que quase perdeu o avião. Marisa o puxava pela manga do paletó: "Vamos". O presidente eleito havia parado para tomar café, engraxar os sapatos e tirar fotos.

Tietagem a bordo

Até a decolagem, o casal parecia estar em lua-de-mel. Marisa, abraçada ao marido, sussurrava em seu ouvido. Lula, atento às páginas de política, sorria.

Durante o vôo de quase duas horas, ele disse que achava "difícil" conseguir descansar durante o fim de semana. "Tem muita coisa para pensar."
Marisa, por sua vez, "agradecia" os dois dias que irá passar com o marido: "Para quem estava no ritmo em que nós estávamos, dois dias já está ótimo".

O clima de lua-de-mel dissipou-se quando os sinais de apertar cintos sumiram. Daí para a frente, Lula não conseguiu mais ler uma linha do noticiário. Deu autógrafos, tirou fotos e recebeu presentes e até dicas para o seu programa de combate à fome.

Bem-humorado, foi à cabine, onde posou para fotos com o chapéu do comandante Walter Pasqualetto, com quem discorreu sobre a crise nas empresas aéreas nacionais: "Agora que as nossas [empresas] quebraram, eles estão ocupando o nosso espaço. Nossa aviação está com problemas", afirmou na cabine.

A maioria das pessoas que se aproximava do presidente eleito desejava-lhe boa sorte. "Estamos no mesmo barco", disse uma das passageiras. "Não só no mesmo barco como no mesmo avião", rebateu o presidente eleito.

O presente que recebeu foi o livro, do prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, "A Globalização e os seus Malefícios -a promessa não cumprida de benefícios globais".

"O sr. lerá o livro?", indagou a Folha. "Lógico. Depois conto tudo para vocês", respondeu Lula.

Ele pediu, mais de uma vez, a um dos três policiais que faziam a sua escolta que localizasse o homem que deixou o presente com sua mulher enquanto conversava com o comandante. "Quero agradecê-lo", disse.

Viagens

Marisa disse estar animada com as viagens que fará com o marido para o exterior. O único problema é o medo de avião.

Lula disse que agora está pensando apenas na viagem para a Argentina, que será a primeira que fará como presidente eleito.

Ao ser questionado sobre ministérios e nomes do futuro governo, Lula repetia: "Tudo no seu tempo". E olhava para o céu de brigadeiro visível pela janela semi-aberta ao lado da mulher.

 

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