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24/11/2002
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04h57
da Agência Folha, em Porto Alegre
A multinacional Monsanto, que realiza testes com sementes transgênicas, diminuiu sua presença no município gaúcho de Não-Me-Toque (RS) depois de invasão realizada pelo ativista francês José Bové no 1º Fórum Social Mundial, em janeiro de 2001.
O prefeito da cidade, Armando Roos (PPB), afirma que isso se deve à perseguição da qual a empresa teria se tornado alvo. "Eles trabalham com transgênicos, e as invasões e ameaças os intimidaram, levando-os a desativar o setor de produção de milho e soja", diz o prefeito.
Nota da Monsanto, em agosto, dizia que eram as pesquisas que estavam sendo encerradas. A empresa anunciava uma nova unidade de pesquisa genética em Sorriso (MT) e afirmava que isso ocorria ''paralelamente ao fechamento de unidades similares de soja em Não-Me-Toque (RS) e Rolândia (PR)''.
Diz a nota: ''A meta da Monsanto, conforme assinalou seu presidente, Rick Greubel, é fortalecer as atividades de pesquisa de sementes voltadas para as necessidades agrícolas da região dos Cerrados, que serão atendidas pelas unidades de Morrinhos (GO) e Sorriso (MT). O remanejamento da produção implicará em dispensas e transferências de pessoal entre as unidades (...).''
O fato é que a Monsanto diminuiu sua presença no Rio Grande do Sul. Sua assessoria de imprensa diz que não há mais pesquisas em Não-Me-Toque. O prefeito acredita que não há apenas produção. Os dirigentes da empresa, agora, evitam falar.
"Até para mim é difícil saber o que realmente ocorre lá dentro, eles mantêm uma atuação discreta", afirma o prefeito.
"A economia do município foi afetada. Somente de ICMS, a unidade da Monsanto respondia por 19,29% do valor agregado. Além de movimentar a economia, a empresa contribuía para divulgar o nome de Não-Me-Toque no mundo. Era a principal unidade da Monsanto na América Latina. Em sete anos, investiu US$ 50 milhões em pesquisas em biotecnologia e não teve retorno."
A Monsanto está há mais de 50 anos no Brasil, produzindo basicamente herbicidas (linha Roundup) e sementes convencionais de soja, milho, sorgo e girassol, com um faturamento de US$ 500 milhões em 2001.
A ação
No 1º Fórum Social Mundial, líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) destruíam uma unidade de testes de lavoura da empresa diante de dezenas de jornalistas brasileiros e estrangeiros.
A ação do MST atraiu para Não-Me-Toque equipes de órgãos da imprensa mundial que davam cobertura ao Fórum. A invasão da área, com apoio do MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), mereceu destaque até na primeira página do site da emissora de TV norte-americana CNN.
As atenções, na época, foram desviadas do fórum, em Porto Alegre, para Não-Me-Toque, diante de um apelo irresistível: a presença do agricultor José Bové, líder de manifestações antiglobalização na França.
Na ocasião, a Monsanto, em nota, classificou a ação como ''vandalismo'', que destruiu parcialmente seus laboratórios de pesquisa e campos de testes.
Monsanto reduz atuação na região Sul
LÉO GERCHMANNda Agência Folha, em Porto Alegre
A multinacional Monsanto, que realiza testes com sementes transgênicas, diminuiu sua presença no município gaúcho de Não-Me-Toque (RS) depois de invasão realizada pelo ativista francês José Bové no 1º Fórum Social Mundial, em janeiro de 2001.
O prefeito da cidade, Armando Roos (PPB), afirma que isso se deve à perseguição da qual a empresa teria se tornado alvo. "Eles trabalham com transgênicos, e as invasões e ameaças os intimidaram, levando-os a desativar o setor de produção de milho e soja", diz o prefeito.
Nota da Monsanto, em agosto, dizia que eram as pesquisas que estavam sendo encerradas. A empresa anunciava uma nova unidade de pesquisa genética em Sorriso (MT) e afirmava que isso ocorria ''paralelamente ao fechamento de unidades similares de soja em Não-Me-Toque (RS) e Rolândia (PR)''.
Diz a nota: ''A meta da Monsanto, conforme assinalou seu presidente, Rick Greubel, é fortalecer as atividades de pesquisa de sementes voltadas para as necessidades agrícolas da região dos Cerrados, que serão atendidas pelas unidades de Morrinhos (GO) e Sorriso (MT). O remanejamento da produção implicará em dispensas e transferências de pessoal entre as unidades (...).''
O fato é que a Monsanto diminuiu sua presença no Rio Grande do Sul. Sua assessoria de imprensa diz que não há mais pesquisas em Não-Me-Toque. O prefeito acredita que não há apenas produção. Os dirigentes da empresa, agora, evitam falar.
"Até para mim é difícil saber o que realmente ocorre lá dentro, eles mantêm uma atuação discreta", afirma o prefeito.
"A economia do município foi afetada. Somente de ICMS, a unidade da Monsanto respondia por 19,29% do valor agregado. Além de movimentar a economia, a empresa contribuía para divulgar o nome de Não-Me-Toque no mundo. Era a principal unidade da Monsanto na América Latina. Em sete anos, investiu US$ 50 milhões em pesquisas em biotecnologia e não teve retorno."
A Monsanto está há mais de 50 anos no Brasil, produzindo basicamente herbicidas (linha Roundup) e sementes convencionais de soja, milho, sorgo e girassol, com um faturamento de US$ 500 milhões em 2001.
A ação
No 1º Fórum Social Mundial, líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) destruíam uma unidade de testes de lavoura da empresa diante de dezenas de jornalistas brasileiros e estrangeiros.
A ação do MST atraiu para Não-Me-Toque equipes de órgãos da imprensa mundial que davam cobertura ao Fórum. A invasão da área, com apoio do MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), mereceu destaque até na primeira página do site da emissora de TV norte-americana CNN.
As atenções, na época, foram desviadas do fórum, em Porto Alegre, para Não-Me-Toque, diante de um apelo irresistível: a presença do agricultor José Bové, líder de manifestações antiglobalização na França.
Na ocasião, a Monsanto, em nota, classificou a ação como ''vandalismo'', que destruiu parcialmente seus laboratórios de pesquisa e campos de testes.
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