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30/11/2002 - 15h45

Ciro diz que FHC esconde realidade do país

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

O candidato derrotado do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, acusou FHC de "manipular a transição despudoradamente" para tentar esconder o "descalabro" e "fazer crer que está tudo bem".

Ciro, um dos nomes na lista dos ministeriáveis do próximo governo, defendeu hoje em Recife que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), faça um "esclarecimento público" da situação em que se encontra o país.

Segundo Ciro, "há um desastre em curso", e a população "precisa saber o que está acontecendo". Para o ex-candidato, Lula receberá "um abacaxi" do atual presidente Fernando Henrique Cardoso.

"Por tudo isso, é de boa prudência haver esse esclarecimento", afirmou. Ciro recomendou que o discurso de Lula seja feito "sem emoção", baseado unicamente nos números e informações coletados por sua equipe de transição.

"É preciso mostrar a situação da dívida, do câmbio, as receitas, as taxas de investimento, a Previdência, a saúde. É preciso mostrar que está tudo sendo destruído por um desgoverno", declarou.

Figurino petista
De barba, no melhor estilo petista, o candidato derrotado do PPS disse que não comentaria sua possível indicação para o Ministério da Previdência. Afirmou que essa era a forma que encontrou de deixar o futuro presidente "livre de pressões para escolher os melhores".

Sobre a Previdência, Ciro afirmou apenas que via três causas para os problemas na pasta: a informalidade de mais de 50% dos trabalhadores, o envelhecimento da população e as fraudes, "nessa ordem de importância". Ele não quis dizer quais as soluções que teria para esses problemas.

Questionado sobre seu novo visual, candidato derrotado disse que deixou crescer a barba apenas porque está em férias. "Vou cortar quando voltar ao trabalho", declarou. Coincidência ou não, ele afirmou que voltará às atividades no dia 1º de janeiro, data da posse de Lula.

Ciro elogiou o comportamento do presidente eleito na transição. Disse que Lula "está sendo hábil em desmontar antagonismos precoces, gerando atitudes positivas internamente e externamente".

Entretanto, afirmou que "não há soluções mágicas" para os problemas do país "tamanho o descalabro que ocorre no atual governo".

As perspectivas para o próximo ano, "sem levar em conta as alterações que podem ser introduzidas", disse, são de "pressão inflacionária, estagnação e crescimento zero".

Dentro do atual quadro, Ciro previu também maior desemprego, falências, concordatas, inadimplência e falta de energia elétrica no Nordeste em 2004.

O ex-candidato fez ainda críticas ao acordo do governo com o FMI, lembrando que o memorando ao qual teve acesso durante as eleições prevê a redução da proporção das receitas partilhadas por Estados e municípios e a instituição da cobrança da contribuição previdenciária dos aposentados.

Ciro disse que, apesar desse cenário de crise, Lula tem condições de realizar as mudanças necessárias. "A esperança da população é um capital político fundamental para que isso aconteça", declarou.

Ele foi a Pernambuco para proferir uma palestra em uma confraternização de uma empresa em Gravatá, no Agreste. Ele viajaria na madrugada de amanhã para o Rio de janeiro.

Veja também o especial Governo Lula
 

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