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12/12/2002 - 20h19

Tucanos elogiam escolha de Meirelles, mas querem sua saída do PSDB

RICARDO MIGNONE
da Folha Online, em Brasília

O anúncio oficial de que o deputado eleito, Henrique Meirelles (PSDB-GO), será o presidente do Banco Central no futuro governo do PT arrancou elogios de congressistas tucanos nesta quinta-feira.

O senador Romero Jucá (RR), vice-líder do governo no Senado, disse que a escolha mostrou que o PT deixou de sonhar para viver a realidade. "O PT começou a se abraçar com a realidade. Até então, o partido vivia uma espécie de sonho. Administrar a realidade é muito mais duro", disse Jucá.

O anúncio oficial foi feito na tarde de hoje pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O senador de Roraima disse também que o fato de Meirelles ter optado por se eleger pelo PSDB mostra uma "identidade de postura" e do encaminhamento econômico que é dado pelo partido.

Já o senador Lúcio Alcântara (CE), presidente da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e governador eleito em seu Estado, disse que a escolha não poderia ter sido melhor.

"Ele [Meirelles] deu demonstração de que sabe negociar com o mercado quando foi presidente internacional do Banco de Boston", afirmou Alcântara, citando o fato de o futuro presidente do BC ter ocupado a presidência internacional do BankBoston.

A sabatina de Meirelles pelo Senado antes de ser referendado no cargo ocorrerá na próxima semana, na CAE.

O senador tucano Eduardo Siqueira Campos (TO), que integra a CAE também disse que apoiará o nome de Meirelles. "A idéia é boa porque ele será um bom presidente do BC", afirmou Campos, mostrando-se surpreso com a escolha de um tucano por Lula. "Mas este convite era o inimaginável porque mostra muito desprendimento e muita vontade do PT de acertar."

Para Siqueira Campos os demais nomes cogitados para o BC já sinalizavam a perspectiva de manutenção da atual política de metas para a inflação com elevação de juros e câmbio flutuante conduzida pelo atual presidente do órgão, Armínio Fraga.

Na Câmara, as reações também foram positivas. Os tucanos, no entanto, defenderam que Meirelles renuncie ao mandato e saia do partido antes de assumir o cargo no BC. "Ele não pode ser filiado porque vai integrar um governo do qual somos oposição", disse o vice-presidente nacional do PSDB, deputado Alberto Goldman (SP). "Um homem que tem ética irrepreensível para ser presidente do BC certamente vai fazer isso [desfiliar-se] sem que a gente tenha que pedir."

Essa posição do PSDB não significa, segundo Goldman, que o partido vai ser opor ao nome de Meirelles na sabatina do Congresso. "Ele pode e vai ser respeitado e apoiado", declarou.

Meirelles conversou nesta quinta-feira por telefone com o presidente do PSDB, deputado José Aníbal (SP), antes de dar a palavra final sobre o convite para ocupar o BC e foi informado por ele de que deveria deixar o partido.

O líder do governo no Congresso, deputado Arnaldo Madeira (SP) também defendeu a desfiliação de Meirelles do partido e foi mais longe. "Não faz sentido um integrante do partido aceitar um cargo na futura administração. Se ele não se desfiliar, acho que caberá ao partido fazê-lo", declarou Madeira.

Segundo o texto da Constituição Federal, Meirelles não poderá assumir o cargo para o qual foi eleito, já que é proibido funcionários de autarquias que podem ser demitidos a qualquer momento exercer mandatos políticos. O cargo de presidente do BC, segundo a legislação, não tem status de ministro de Estado, logo, Meirelles será um funcionário do órgão em cargo de comissão.

O suplente de Meirelles é Ênio César Cesilio (GO). Ênio é filho do deputado federal eleito pelo Distrito Federal, José Tatico, um dos 156 indiciados pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Roubo de Cargas, cujo relatório foi aprovado ontem na Câmara.

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