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15/12/2002 - 04h21

Escuta revela suposta compra de votos na Assembléia do ES

FERNANDA KRAKOVICS
da Agência Folha

Escutas telefônicas feitas pela missão especial de combate ao crime organizado do Espírito Santo revelam suposto esquema de compra de votos na Assembléia Legislativa para aprovar a privatização do Banestes (Banco do Estado do Espírito Santo).

Foram gravados diálogos atribuídos ao empresário Carlos Guilherme Lima, considerado pelo Ministério Público um dos principais suportes financeiros do crime organizado no Estado, o secretário de Transportes e Obras Públicas, Jorge Hélio Leal, e quatro parlamentares. Outros dois deputados ainda são citados como parte das negociações.

Lima, que é ex-diretor do Banestes, foi preso na semana passada preventivamente, sob as acusações de corrupção, desvio de recursos federais, lavagem de dinheiro, fraudes em licitação, ocultação de bens, formação de quadrilha e prática de agiotagem.

A principal acusação contra ele é a de obtenção de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), de modo fraudulento, no banco Santos Neves, e aplicação irregular desses recursos. De acordo com o Ministério Público, ele seria um dos responsáveis pela quebra do Santos Neves.

No pedido de prisão preventiva contra o empresário, os procuradores da República afirmam que relatório de monitoramento "constata a ligação do denunciado com pessoas do mais alto escalão do Estado envolvidas na privatização do Banestes, articulando ora com o Executivo, ora com uma provável rede de corrupção no Legislativo, com a finalidade de moldar eventual texto de lei".

Cheques
Em um dos trechos transcritos, o secretário de Transportes pergunta a Lima como foi a conversa com o deputado. "Ele queria 16 cheques e ninguém vai dar cheque a uma altura dessas da vida", afirma o empresário.

Entre os deputados que tiveram supostas conversas gravadas pela missão especial estão o presidente da Assembléia, José Carlos Gratz (PFL), Luiz Pereira (PFL), Robson Neves (PFL) e Gumercindo Vinand (PGT).

Ainda são citados nas gravações como parte do suposto esquema Paulo Loureiro (PFL) e Mateus Vasconcelos (PRTB).

Em outro trecho transcrito, o empresário diria a Leal que falou com o presidente (José Carlos Gratz) "e os dois estão dando golpe, porque eles já sabem que o negócio de Jorge Hélio (Leal) e o negócio do Banestes serão aprovados hoje".

O governo do Estado tenta, sem sucesso, avançar no processo de privatização do Banestes desde o início do ano.

Em janeiro, a Assembléia aprovou pedido do Executivo de alteração da constituição estadual, permitindo a venda do banco.

Mas, em agosto, a Casa aprovou proposta de emenda constitucional, em primeiro turno, de autoria do deputado Robson Neves (PFL), barrando o leilão do banco. Para virar lei, a emenda precisava ser aprovada em segundo turno, mas não foi votada.

Mudança de posição
O presidente da Assembléia, que em agosto era contra a privatização, tornou-se a favor. Em outubro, Gratz acompanhou o governador do Estado na apresentação do banco a interessados, na Bolsa de Valores de São Paulo.

A Assembléia também aprovou, em outubro, revogação da lei de desestatização, do governo ante"rior, e alterou a lei que regulamentava a venda de ações do Banestes, facilitando a privatização.

O Ministério Público Federal determinou, na sexta, a suspensão do leilão de privatização do Banestes e o afastamento da atual diretoria do banco. A venda estava paralisada devido a ação judicial. A Polícia Federal cercou o prédio do Banestes para impedir a retirada de documentos.
 

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