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02/01/2003 - 07h20

Figurino tem bata, boina e boton

PAULO SAMPAIO
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O figurino da festa popular do PT misturava batas indianas, botons, boinas, coturnos, camisetas com a imagem de Che Guevara e cor, muita cor. Na definição da pedagoga maranhense Angela Muniz, 50, o cenário tinha um "aspecto lúdico".

"É preciso aproveitar a energia desse momento", disse ela, de frente única de crochê vermelho com uma estrela estilizada em alto relevo, calça da mesma cor de renda filé e chapéu de palha.

No gramado, o clima misturava final de campeonato, entrada de show sertanejo, carnaval da Sapucaí - a Mangueira foi- e passeata gay. "A festa está a cara do Brasil, tem do ousado ao desdentado", diz a artista plástica goiana Walkíria Ornelas, 50, que vestia uma camisa-bandeira do Brasil.

A vontade de comemorar não escolhia tema. Tudo o que se dizia ao microfone era acompanhada de um "Oh!" geral. Havia uma espécie de descontrole catártico da emoção. "Quando soube que minha ministra [do Meio Ambiente] seria uma analfabeta, sindicalista, chorei o dia inteiro", diz a fiscal ambiental Cleide Carrera, 55, de bata indiana lilás cheia de adesivos, botons e unhas verdes.

As interjeições saíam em todos os sotaques. "Vich!", disse a dona-de-casa Maria Souza, 62, para expressar o que sentia. Ela veio do Tocantins. "A festa foi ótima, mas só consegui ver o Lula pelo telão."

O recorde de sotaque e distância percorrida para a posse coube ao canadense Régent Gravel, 42, que pedalou 37 mil quilômetros até o Peru e "esticou" até Brasília. "Não sou socialista, sou ciclista. O povo brasileiro precisará da mesma paciência que eu para percorrer os quilômetros que vêm por aí."

No lobby do hotel que hospedou parte das delegações de países estrangeiros e ministros de Lula -como Palocci e Furlan- o trânsito de personalidades era intenso. "Qual o seu nome?", perguntou uma fotógrafa à mulher de Furlan, depois de tirar foto do casal. "Shirley Teresinha", respondeu ela, séria. "Ela está brincando", disse o ministro. "É Ana."

No meio, um homem de bermuda e chapéu Panamá grita para Genival Vavá da Silva, irmão de Lula: "Senador da República" e o abraça. Em seguida, dá a Vavá um relógio com Lula escrito no mostrador. O homem diz que se chama Valter Samara, é do Paraná e tem mais de 20 mil cabeças de gado. "Sou fazendeiro, mas nunca tive medo de reforma agrária."

De um cabeleireiro chamado para pentear as convidadas: "Não é o Rodrigo Santoro?", apontando para um rapaz que come sanduíche. Trata-se de Jean Tible, 23, recém-contratado da secretaria de relações internacionais do PT. De terno de grife, cabelos lisos compridos, barba por fazer, brinco argola, ele foi eleito pelo pessoal do salão de beleza o mais bonito.

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