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02/01/2003
-
03h26
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O Réveillon do vice-presidente José de Alencar, que parecia ser um dos mais familiares e discretos de Brasília (só dois ministros, Celso Amorin, das Relações Exteriores, e Anderson Adauto, dos Transportes, foram à festa), acabou se tornando a grande celebração da virada do ano.
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Lula surpreendeu. Contrariando as expectativas de alguns dos principais ministros de seu governo, de assessores e até de seus irmãos e sobrinhos, que o aguardavam ansiosamente no hotel Blue Tree, no Lago Sul, para brindar o nascimento de 2003, o presidente elegeu Alencar para estar a seu lado à meia-noite.
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Eram 23h30 quando Lula apareceu no restaurante Belle Époque, no Hotel Nacional, com Marisa. A primeira-dama impressionou os convidados: vestia camisa branca, bordada com fios de ouro -presente de seu estilista, Walter Rodrigues-, e brincos idem, de ouro. Os cabelos, "by" Wanderley Nunes, estavam impecáveis. Nunes viajou de SP a Brasília só para penteá-la e lá teve à disposição um carro do corpo diplomático.
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A notícia de que Lula e Marisa iriam à festa surpreendeu o casal Alencar -José e sua mulher, que também se chama Mariza. Eles haviam preparado uma celebração para 119 convidados -a maioria hospedada no próprio hotel, com tudo pago por Alencar.
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Lula se juntou à mesa principal, com o vice e os dois ministros. Faltavam cinco minutos para à 0h quando o presidente se levantou para discursar. "Devo essa vitória ao caráter e ao companheirismo do Zé Alencar", disse. E, dirigindo-se ao vice: "Sem você, eu não teria ganhado essa eleição. Foi o encontro de duas trajetórias pelo bem do Brasil. Não vamos decepcionar o país". No primeiro brinde de 2003, sua "flûte" de champanhe -Chandon nacional- foi erguida ao lado da de Alencar.
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Muitos dos convidados do vice choraram. O próprio Alencar segurou as lágrimas. Em um discurso, disse, emocionado, que a campanha, em que viu pobreza e "pessoas morando em palafitas", abriu seus olhos.
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Na mesa, os afagos continuaram. Lula falou o tempo todo "sobre esse grande amor que os une", segundo Mariza, a do Alencar.
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A ceia foi preparada no hotel, pelo cozinheiro Karl Marx, 32: cordeiro ao molho de funghi seco, cassarola de frutos do mar e filé ao molho de champanhe. O vinho, como o champanhe, era nacional: Miolo. Foram servidas 56 garrafas de Chandon, oito de uísque White Horse e oito de Red Label.
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Como a Marisa mulher de Lula, a Mariza vice-primeira-dama, mulher do vice Alencar, também estava de branco -só que tudo nela era mais simples: a roupa não era de grife e não havia lugar para jóias, usadas pela Marisa do Lula.
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É que, há mais de 40 anos, a vice-primeira-dama fez uma promessa: caso o marido superasse problemas pessoais, ela nunca mais usaria jóias. Mariza só usa aliança de casamento e relógio.
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Enquanto isso, no hotel Blue Tree, no Lago Sul, o clima era de alegria -e de expectativa: será que o Lula vem?
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A saia justa também foi total: a festa, organizada pelo PT para a família de Lula, tinha uma lista de "incluídos", com ministros e amigos mais íntimos, e outra de "excluídos". Os menos amigos, ou assim considerados pelos organizadores, tinham que se contentar com um jantar no restaurante vizinho -onde se abarrotava a imprensa.
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A lista dos "incluídos" era estrelada por Antonio Palocci (Fazenda), Luiz Gushiken (Comunicação de Governo), Luiz Furlan (Desenvolvimento), e Gilberto Gil (Cultura). Tinha velhos amigos, como o advogado Roberto Teixeira (que ficou conhecido por emprestar uma casa, em São Bernardo do Campo, para Lula morar). E novos amigos, como o marqueteiro Duda Mendonça. Havia também personalidades, como o fotógrafo Sebastião Salgado, e médicos de Lula: estavam Roberto Kalil, com a mulher, Fernanda, a pediatra dos filhos do presidente, e até o dentista da família.
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Na lista dos "excluídos" estava o deputado Roberto Freire, por exemplo. Na porta do hotel, ele se encontrou com vários ministros. Não estava na lista dos "vips" do PT e se acomodou no restaurante vizinho. Para surpresa de muitos, o ator Sérgio Mamberti e Lélia Abramo ficaram do lado de fora.
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A maior parte dos "vips" estava bem descontraída: Frei Chico, irmão de Lula, usava sandálias de couro; Aloizio Mercadante, muito apropriado, estava de camisa de mangas curtas, como Gil.
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Lula deixou a festa de Alencar por volta de 0h30. A comitiva seguiu em direção à Esplanada dos Ministérios, onde o comboio presidencial entrou na contramão, devido ao grande número de pessoas nas ruas.
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No Blue Tree, Lula se encontrou com os filhos e sobrinhos -Larissa, de 11 anos, a sobrinha caçula, filha de Frei Chico, era a estrela-mirim da festa. O presidente elegeu Palocci e a mulher, Margareth, para cearem ao seu lado. Foi servida lentilha com arroz, penne com alcaparras, ragu de trigo sarraceno com vitela e tender.
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O ainda presidente eleito não escapou da romaria de autógrafos. Passou boa parte do tempo na festa assinando em guardanapos e pedaços de papel.
Veja também o especial Governo Lula
Surpresas, "incluídos" e "excluídos" no Réveillon do presidente
MÔNICA BERGAMOda Folha de S.Paulo, em Brasília
O Réveillon do vice-presidente José de Alencar, que parecia ser um dos mais familiares e discretos de Brasília (só dois ministros, Celso Amorin, das Relações Exteriores, e Anderson Adauto, dos Transportes, foram à festa), acabou se tornando a grande celebração da virada do ano.
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Lula surpreendeu. Contrariando as expectativas de alguns dos principais ministros de seu governo, de assessores e até de seus irmãos e sobrinhos, que o aguardavam ansiosamente no hotel Blue Tree, no Lago Sul, para brindar o nascimento de 2003, o presidente elegeu Alencar para estar a seu lado à meia-noite.
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Eram 23h30 quando Lula apareceu no restaurante Belle Époque, no Hotel Nacional, com Marisa. A primeira-dama impressionou os convidados: vestia camisa branca, bordada com fios de ouro -presente de seu estilista, Walter Rodrigues-, e brincos idem, de ouro. Os cabelos, "by" Wanderley Nunes, estavam impecáveis. Nunes viajou de SP a Brasília só para penteá-la e lá teve à disposição um carro do corpo diplomático.
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A notícia de que Lula e Marisa iriam à festa surpreendeu o casal Alencar -José e sua mulher, que também se chama Mariza. Eles haviam preparado uma celebração para 119 convidados -a maioria hospedada no próprio hotel, com tudo pago por Alencar.
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Lula se juntou à mesa principal, com o vice e os dois ministros. Faltavam cinco minutos para à 0h quando o presidente se levantou para discursar. "Devo essa vitória ao caráter e ao companheirismo do Zé Alencar", disse. E, dirigindo-se ao vice: "Sem você, eu não teria ganhado essa eleição. Foi o encontro de duas trajetórias pelo bem do Brasil. Não vamos decepcionar o país". No primeiro brinde de 2003, sua "flûte" de champanhe -Chandon nacional- foi erguida ao lado da de Alencar.
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Muitos dos convidados do vice choraram. O próprio Alencar segurou as lágrimas. Em um discurso, disse, emocionado, que a campanha, em que viu pobreza e "pessoas morando em palafitas", abriu seus olhos.
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Na mesa, os afagos continuaram. Lula falou o tempo todo "sobre esse grande amor que os une", segundo Mariza, a do Alencar.
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A ceia foi preparada no hotel, pelo cozinheiro Karl Marx, 32: cordeiro ao molho de funghi seco, cassarola de frutos do mar e filé ao molho de champanhe. O vinho, como o champanhe, era nacional: Miolo. Foram servidas 56 garrafas de Chandon, oito de uísque White Horse e oito de Red Label.
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Como a Marisa mulher de Lula, a Mariza vice-primeira-dama, mulher do vice Alencar, também estava de branco -só que tudo nela era mais simples: a roupa não era de grife e não havia lugar para jóias, usadas pela Marisa do Lula.
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É que, há mais de 40 anos, a vice-primeira-dama fez uma promessa: caso o marido superasse problemas pessoais, ela nunca mais usaria jóias. Mariza só usa aliança de casamento e relógio.
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Enquanto isso, no hotel Blue Tree, no Lago Sul, o clima era de alegria -e de expectativa: será que o Lula vem?
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A saia justa também foi total: a festa, organizada pelo PT para a família de Lula, tinha uma lista de "incluídos", com ministros e amigos mais íntimos, e outra de "excluídos". Os menos amigos, ou assim considerados pelos organizadores, tinham que se contentar com um jantar no restaurante vizinho -onde se abarrotava a imprensa.
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A lista dos "incluídos" era estrelada por Antonio Palocci (Fazenda), Luiz Gushiken (Comunicação de Governo), Luiz Furlan (Desenvolvimento), e Gilberto Gil (Cultura). Tinha velhos amigos, como o advogado Roberto Teixeira (que ficou conhecido por emprestar uma casa, em São Bernardo do Campo, para Lula morar). E novos amigos, como o marqueteiro Duda Mendonça. Havia também personalidades, como o fotógrafo Sebastião Salgado, e médicos de Lula: estavam Roberto Kalil, com a mulher, Fernanda, a pediatra dos filhos do presidente, e até o dentista da família.
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Na lista dos "excluídos" estava o deputado Roberto Freire, por exemplo. Na porta do hotel, ele se encontrou com vários ministros. Não estava na lista dos "vips" do PT e se acomodou no restaurante vizinho. Para surpresa de muitos, o ator Sérgio Mamberti e Lélia Abramo ficaram do lado de fora.
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A maior parte dos "vips" estava bem descontraída: Frei Chico, irmão de Lula, usava sandálias de couro; Aloizio Mercadante, muito apropriado, estava de camisa de mangas curtas, como Gil.
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Lula deixou a festa de Alencar por volta de 0h30. A comitiva seguiu em direção à Esplanada dos Ministérios, onde o comboio presidencial entrou na contramão, devido ao grande número de pessoas nas ruas.
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No Blue Tree, Lula se encontrou com os filhos e sobrinhos -Larissa, de 11 anos, a sobrinha caçula, filha de Frei Chico, era a estrela-mirim da festa. O presidente elegeu Palocci e a mulher, Margareth, para cearem ao seu lado. Foi servida lentilha com arroz, penne com alcaparras, ragu de trigo sarraceno com vitela e tender.
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O ainda presidente eleito não escapou da romaria de autógrafos. Passou boa parte do tempo na festa assinando em guardanapos e pedaços de papel.
Veja também o especial Governo Lula
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