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07/01/2003
-
03h34
da Folha de S.Paulo, no Rio
Ativistas do movimento negro, dentro e fora do PT, estão descontentes porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não criou a Secretaria de Estado de Promoção da Igualdade Racial e planejam levar o caso diretamente a Lula.
Circula na internet um ofício enviado reservadamente a membros do partido pelo secretário nacional de Combate ao Racismo do PT, Martvs das Chagas. No ofício, ele reconhece a "ansiedade" dos militantes por causa da secretaria, cuja criação teria sido definida no governo de transição.
"Dessas conversas [com José Dirceu, Luiz Gushiken e Antonio Palocci Filho] ficaram nítidas as intenções do futuro governo de criar a secretaria", diz o ofício de Chagas, de 27 de dezembro. "A surpresa expressa por uma boa parte dos militantes da causa negra também foi a minha, que não entendi o porquê da não divulgação da secretaria, nem mesmo de sua provável criação", diz o secretário, que diz estar tentando "recolocar em tela" sua criação.
Ontem, Chagas declarou que não sabe por que o anúncio da secretaria foi suspenso e que segue a negociação pela implantação do órgão: "Levamos um susto quando não vimos o anúncio. Estamos recebendo uma pressão insuportável de todos os Estados, pois as pessoas que contribuíram com o programa não estão vendo sua contribuição", afirmou.
A irritação dos militantes é maior porque já foi anunciada a Secretaria de Direitos da Mulher, enquanto da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial não mais se falou. O não-anúncio é entendido como uma derrota por parte do movimento; o anúncio atrasado, como um "remendo".
O advogado Hédio Silva Júnior, pesquisador do Ceert (Centro de Estudos de Trabalho e Relações Raciais), diz que aguarda também a criação de cotas para negros na universidade, proposta de campanha de Lula. "Do jeito que está a gente vai acabar sentindo saudades do governo FHC", afirmou.
"O acordo era dar o mesmo tratamento para mulheres e negros. Isso é motivo de preocupação e perplexidade", diz a psicóloga Edna Roland, da organização Fala, Preta! e relatora da Conferência da ONU contra o Racismo.
Outra cobrança é pela chamada "política transversal de inclusão", ou seja, presença de negros em vários escalões do governo, além dos ministros negros anunciados.
Ivanir dos Santos, do Ceap (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas), diz considerar uma vitória a presença de ministros negros no governo. Ele minimiza a necessidade de uma secretaria específica e cobra participação: "Estamos numa espera preocupada. Onde estão os negros nos segundos escalões?"
Veja também o especial Governo Lula
Movimento negro cobra governo Lula
FERNANDA DA ESCÓSSIAda Folha de S.Paulo, no Rio
Ativistas do movimento negro, dentro e fora do PT, estão descontentes porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não criou a Secretaria de Estado de Promoção da Igualdade Racial e planejam levar o caso diretamente a Lula.
Circula na internet um ofício enviado reservadamente a membros do partido pelo secretário nacional de Combate ao Racismo do PT, Martvs das Chagas. No ofício, ele reconhece a "ansiedade" dos militantes por causa da secretaria, cuja criação teria sido definida no governo de transição.
"Dessas conversas [com José Dirceu, Luiz Gushiken e Antonio Palocci Filho] ficaram nítidas as intenções do futuro governo de criar a secretaria", diz o ofício de Chagas, de 27 de dezembro. "A surpresa expressa por uma boa parte dos militantes da causa negra também foi a minha, que não entendi o porquê da não divulgação da secretaria, nem mesmo de sua provável criação", diz o secretário, que diz estar tentando "recolocar em tela" sua criação.
Ontem, Chagas declarou que não sabe por que o anúncio da secretaria foi suspenso e que segue a negociação pela implantação do órgão: "Levamos um susto quando não vimos o anúncio. Estamos recebendo uma pressão insuportável de todos os Estados, pois as pessoas que contribuíram com o programa não estão vendo sua contribuição", afirmou.
A irritação dos militantes é maior porque já foi anunciada a Secretaria de Direitos da Mulher, enquanto da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial não mais se falou. O não-anúncio é entendido como uma derrota por parte do movimento; o anúncio atrasado, como um "remendo".
O advogado Hédio Silva Júnior, pesquisador do Ceert (Centro de Estudos de Trabalho e Relações Raciais), diz que aguarda também a criação de cotas para negros na universidade, proposta de campanha de Lula. "Do jeito que está a gente vai acabar sentindo saudades do governo FHC", afirmou.
"O acordo era dar o mesmo tratamento para mulheres e negros. Isso é motivo de preocupação e perplexidade", diz a psicóloga Edna Roland, da organização Fala, Preta! e relatora da Conferência da ONU contra o Racismo.
Outra cobrança é pela chamada "política transversal de inclusão", ou seja, presença de negros em vários escalões do governo, além dos ministros negros anunciados.
Ivanir dos Santos, do Ceap (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas), diz considerar uma vitória a presença de ministros negros no governo. Ele minimiza a necessidade de uma secretaria específica e cobra participação: "Estamos numa espera preocupada. Onde estão os negros nos segundos escalões?"
Veja também o especial Governo Lula
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