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16/01/2003 - 07h25

Planalto age para adiar reunião do PMDB

RAQUEL ULHÔA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O Palácio do Planalto interferiu diretamente na bancada de senadores do PMDB, nas últimas 48 horas, para tentar adiar a reunião marcada para as 11h de hoje pelo líder Renan Calheiros (AL) com o objetivo de escolher o candidato do partido a presidente do Senado. Em telefonemas a senadores eleitos, o ministro José Dirceu (Casa Civil) disse que a antecipação da reunião significava um enfrentamento com o governo.

O esvaziamento da reunião de hoje foi articulado em conjunto com o senador José Sarney (PMDB-AP), que disputa com o líder a indicação da bancada. Sarney, que tem a preferência do presidente Lula, avisou que faltará ao encontro. "A reunião é uma precipitação e foi marcada sem consultar ninguém. Grande parte dos senadores não vai comparecer", afirmou Sarney.

A argumentação de Dirceu convenceu simpáticos a Renan até então, como o senador eleito Sérgio Cabral (RJ). Após falar com o ministro, ele telefonou a Renan dizendo que não irá à reunião e sugeriu manter a data inicial de 30 de janeiro. "O adiamento evitaria uma escolha litigiosa. Não é bom para o PMDB estar dividido. A situação de confronto interno não interessa a ninguém. O PMDB tem de entender a preocupação do governo com a governabilidade", disse Cabral.

Alberto Silva (PI), antigo aliado de Renan, avisou que não irá à reunião devido a "compromissos inadiáveis". Amir Lando (RO), outro pró-Renan, após conversa com Dirceu, disse que irá à reunião propor um "entendimento".

Até o início da noite de ontem, Renan mantinha a convocação para hoje, mas a incógnita era se haveria quórum. Ele esperava, quando convocou o encontro, a presença de ao menos 15 senadores, mas a cúpula do PMDB já admitia que a pressão exercida pelo governo pode surtir efeito.

A bancada tem 20 senadores e é necessária a presença de no mínimo metade mais um. Nenhum dos dois lados tinha segurança de ter maioria. Aliados de Sarney contabilizavam 11 ausentes. Renan, no final da tarde, diminuiu a expectativa inicial de presença para 12 senadores.

Reunidos à noite na casa do atual presidente do senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), integrantes da cúpula do senador voltaram a ligar para os Estados na tentativa de aumentar o número de presentes na reunião. A cúpula do PMDB esperava a presença de 13 a 14 senadores.

Por meio da assessoria de Dirceu, a Folha tentou obter uma posição do ministro sobre a disputa no PMDB, mas não havia obtido resposta até as 19h.

Incomodado pelos sinais petistas a favor de Sarney, Renan decidiu antecipar a escolha da bancada para forçar o governo a assumir publicamente sua preferência ou a apoiar o senador escolhido pela bancada. O líder, hoje, corre o risco de ser vítima de sua articulação, se a reunião for esvaziada.

O senador eleito Hélio Costa (MG), aliado de Sarney, assume que apóia o ex-presidente atendendo ao Planalto. "O governo vê na candidatura Sarney maior estabilidade na relação com o Congresso. Não posso ir contra a preferência do governo", disse ele, que apoiou Lula na campanha.

Sarney confirmou a reunião de amanhã em João Pessoa (PB) da ala do PMDB que se opõe à atual cúpula partidária e defende apoio a Lula. "Vamos discutir de que maneira podemos reconstruir a relação com o governo e buscar a unidade do partido."


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