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19/01/2003
-
08h13
enviado especial da Folha Online a Belém
A Cabanagem, revolução paraense da primeira metade do século 19 que levou o povo ao poder, é uma das mais fortes referências dos movimentos sociais paraenses presentes ao 2º Fórum Social Pan-Amazônico, que termina hoje em Belém.
Na sexta, um grupo de feirantes do Ver-o-Peso apresentou o "Auto da Cabanagem", como parte do evento. Durante a marcha de abertura, adolescentes empunhavam cartazes do Movimento Cabanos (contra a Alca). Um grupo de rock local apresentou músicas que lembravam a revolução.
Para o prefeito da cidade, Edmilson Rodrigues (PT), em seu segundo mandato consecutivo, o fato histórico marcou muito a história do Pará. "A prisão e humilhação dos rebeldes pelo Império revoltou muito a população paraense. E eu me refiro ao Grão-Pará, que era toda a Amazônia."
Os cabanos, que eram índios, negros e caboclos, se rebelaram contra as péssimas condições de vida na periferia de Belém, onde viviam em cabanas (daí o nome da revolta).
"Foi uma coisa muito rica e marcante, mas que a burguesia local sempre esconde ou contou de forma distorcida. Então, o nosso governo tem feito um esforço grande, de fazer o povo conhecer a sua história."
O próprio Edmilson gosta de se referir a si próprio como "cabano". "Eu tenho sague tupinambá e cabano. A nossa herança indígena é muito forte e a nossa herança cabana é muito forte. Belém é uma cidade rebelde."
A rebeldia, para ele, é a força dos movimentos dos excluídos na cidade. "Aqui o movimento negro cresce, apesar de os negros não predominarem no Pará. Você tem aqui os primeiros quilombolas [remanescentes de quilombos] reconhecidos. O movimento indígena e das mulheres também é muito forte", diz.
Ele lembra ainda o Congresso da Cidade, realizado pela prefeitura, em que a população discute orçamento e problemas do município, além de temas como a Alca (Área de Livre Comércio da América).
"Aqui nós temos congressos de portadores de deficiência, de homossexuais, que pregam uma luta contra a opressão. Com todas as dificuldades de uma cidade pobre em uma região que está afastada das decisões políticas e que é alvo da degradação social e ambiental, Belém expressa uma rebeldia."
Eletronorte
Apesar de achar que a Amazônia está bem representada no governo Lula, com a ministra Marina Silva e outros nomes, Edmilson Rodrigues critica a escolha do presidente para a direção da Eletronorte.
"O fato de ter sido nomeado alguém indicado pelo Sarney é óbvio que não é politicamente o caminho mais correto. A Eletronorte existe porque existe a Amazônia, o Norte, principalmente porque existe uma das maiores usinas hidrelétricas [Tucuruí, no Pará], que nos trouxe muitos problemas ambientais e sociais, afastou os índios das suas terras ancestrais e penalizou o povo ribeirinho e a natureza. Por uma questão de justiça social, deveríamos ter um amazônida na direção, não por bairrismo, mas por um reconhecimento dessa dívida."
Quanto à proposta do governo Lula para o desenvolvimento da Amazônia, ele diz que "pela primeira vez não foi imposta de fora para dentro". "Foi elaborada por nós. Tivemos companheiros do Pará como sujeitos protagonistas da elaboração do projeto."
"Belém é uma cidade rebelde", diz prefeito Edmilson Rodrigues
AUGUSTO PINHEIROenviado especial da Folha Online a Belém
A Cabanagem, revolução paraense da primeira metade do século 19 que levou o povo ao poder, é uma das mais fortes referências dos movimentos sociais paraenses presentes ao 2º Fórum Social Pan-Amazônico, que termina hoje em Belém.
Na sexta, um grupo de feirantes do Ver-o-Peso apresentou o "Auto da Cabanagem", como parte do evento. Durante a marcha de abertura, adolescentes empunhavam cartazes do Movimento Cabanos (contra a Alca). Um grupo de rock local apresentou músicas que lembravam a revolução.
Para o prefeito da cidade, Edmilson Rodrigues (PT), em seu segundo mandato consecutivo, o fato histórico marcou muito a história do Pará. "A prisão e humilhação dos rebeldes pelo Império revoltou muito a população paraense. E eu me refiro ao Grão-Pará, que era toda a Amazônia."
Os cabanos, que eram índios, negros e caboclos, se rebelaram contra as péssimas condições de vida na periferia de Belém, onde viviam em cabanas (daí o nome da revolta).
"Foi uma coisa muito rica e marcante, mas que a burguesia local sempre esconde ou contou de forma distorcida. Então, o nosso governo tem feito um esforço grande, de fazer o povo conhecer a sua história."
O próprio Edmilson gosta de se referir a si próprio como "cabano". "Eu tenho sague tupinambá e cabano. A nossa herança indígena é muito forte e a nossa herança cabana é muito forte. Belém é uma cidade rebelde."
A rebeldia, para ele, é a força dos movimentos dos excluídos na cidade. "Aqui o movimento negro cresce, apesar de os negros não predominarem no Pará. Você tem aqui os primeiros quilombolas [remanescentes de quilombos] reconhecidos. O movimento indígena e das mulheres também é muito forte", diz.
Ele lembra ainda o Congresso da Cidade, realizado pela prefeitura, em que a população discute orçamento e problemas do município, além de temas como a Alca (Área de Livre Comércio da América).
"Aqui nós temos congressos de portadores de deficiência, de homossexuais, que pregam uma luta contra a opressão. Com todas as dificuldades de uma cidade pobre em uma região que está afastada das decisões políticas e que é alvo da degradação social e ambiental, Belém expressa uma rebeldia."
Eletronorte
Apesar de achar que a Amazônia está bem representada no governo Lula, com a ministra Marina Silva e outros nomes, Edmilson Rodrigues critica a escolha do presidente para a direção da Eletronorte.
"O fato de ter sido nomeado alguém indicado pelo Sarney é óbvio que não é politicamente o caminho mais correto. A Eletronorte existe porque existe a Amazônia, o Norte, principalmente porque existe uma das maiores usinas hidrelétricas [Tucuruí, no Pará], que nos trouxe muitos problemas ambientais e sociais, afastou os índios das suas terras ancestrais e penalizou o povo ribeirinho e a natureza. Por uma questão de justiça social, deveríamos ter um amazônida na direção, não por bairrismo, mas por um reconhecimento dessa dívida."
Quanto à proposta do governo Lula para o desenvolvimento da Amazônia, ele diz que "pela primeira vez não foi imposta de fora para dentro". "Foi elaborada por nós. Tivemos companheiros do Pará como sujeitos protagonistas da elaboração do projeto."
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