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19/01/2003
-
04h24
A agenda dos encontros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os governantes da Alemanha e da França é aberta, o que significa que cada mandatário escolhe os temas sobre os quais falar.
Mas, se Lula quiser atender a curiosidade do governo alemão, pode falar sobre a iniciativa brasileira para mediar a crise na Venezuela, "um movimento muito interessante do governo brasileiro", conforme a Folha ouviu no Ministério alemão de Relações Exteriores.
Poderá falar também do programa Fome Zero, outra curiosidade, e sobre a sua visão a respeito da crise argentina.
Para a diplomacia alemã, é importante dinamizar as negociações entre o Mercosul e a União Européia para criar uma zona de livre comércio, que seria paralela à Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Mas a dinamização só acontecerá se a Argentina sair da crise.
Do ponto de vista da diplomacia brasileira, já pode ser dado como atingido o objetivo central das visitas sucessivas a Paris e a Berlim, logo após a estada em Davos.
Mensagem
"Trata-se de demonstrar que as prioridades que o governo concede a seus vizinhos latino-americanos e aos Estados Unidos, simbolizadas pelas viagens do presidente antes da posse, não são excludentes em relação ao nosso grande interesse pela Europa", diz o chanceler Celso Amorim.
Mensagem já entendida pela Alemanha. A passagem de Lula por Berlim e Paris "mostra perfeito equilíbrio na política externa brasileira vis-a-vis seus vizinhos da América Latina, os Estados Unidos e, agora, a Europa", diz Uwe Kaestner, embaixador alemão em Brasília.
Há sintonia também entre o desejo de Lula, a ser reiterado em Davos e nas duas capitais a visitar, e a percepção do embaixador da Alemanha.
Lula dirá que quem quer ser parceiro do país deve retomar imediatamente os investimentos e os financiamentos para o país. O embaixador Kaestner emenda: "Temos que reanimar o investimento alemão no Brasil".
O curioso é que Paris e Berlim manifestaram idêntico empenho na visita de Lula e em tratá-lo carinhosamente, embora as relações dos respectivos governos com o PT sejam bem diferentes.
Lula é tido como amigo pelo presidente alemão Johannes Rau, que conheceu o mandatário brasileiro quando governava o Estado de Renânia do Norte-Vestfália. Tem amigos também no movimento sindical alemão e no partido governante, o SPD (Social Democrata).
Já na França, o governo está em mãos de um partido em tese conservador, e não dos socialistas ligados ao PT. Não obstante, o presidente Jacques Chirac mandou carta a Lula, entregue pelo seu representante na cerimônia de posse, propondo uma "aliança estratégica" entre os dois países.
Os alemães oferecem coisa parecida. É razoável supor que nas conversas com os governantes franceses e alemães se especifique mais como será essa aliança no futuro.
Até agora, o programa de Lula prevê apenas encontros com o primeiro-ministro Gerhard Schroeder e o presidente Rau, na Alemanha, e seus congêneres franceses, Jacques Chirac e o primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin.
Mas há brechas para incluir outros interlocutores.
(CLÓVIS ROSSI)
Veja também o especial Governo Lula
Governo alemão quer saber mais sobre a Venezuela
DO COLUNISTA DA FOLHAA agenda dos encontros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os governantes da Alemanha e da França é aberta, o que significa que cada mandatário escolhe os temas sobre os quais falar.
Mas, se Lula quiser atender a curiosidade do governo alemão, pode falar sobre a iniciativa brasileira para mediar a crise na Venezuela, "um movimento muito interessante do governo brasileiro", conforme a Folha ouviu no Ministério alemão de Relações Exteriores.
Poderá falar também do programa Fome Zero, outra curiosidade, e sobre a sua visão a respeito da crise argentina.
Para a diplomacia alemã, é importante dinamizar as negociações entre o Mercosul e a União Européia para criar uma zona de livre comércio, que seria paralela à Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Mas a dinamização só acontecerá se a Argentina sair da crise.
Do ponto de vista da diplomacia brasileira, já pode ser dado como atingido o objetivo central das visitas sucessivas a Paris e a Berlim, logo após a estada em Davos.
Mensagem
"Trata-se de demonstrar que as prioridades que o governo concede a seus vizinhos latino-americanos e aos Estados Unidos, simbolizadas pelas viagens do presidente antes da posse, não são excludentes em relação ao nosso grande interesse pela Europa", diz o chanceler Celso Amorim.
Mensagem já entendida pela Alemanha. A passagem de Lula por Berlim e Paris "mostra perfeito equilíbrio na política externa brasileira vis-a-vis seus vizinhos da América Latina, os Estados Unidos e, agora, a Europa", diz Uwe Kaestner, embaixador alemão em Brasília.
Há sintonia também entre o desejo de Lula, a ser reiterado em Davos e nas duas capitais a visitar, e a percepção do embaixador da Alemanha.
Lula dirá que quem quer ser parceiro do país deve retomar imediatamente os investimentos e os financiamentos para o país. O embaixador Kaestner emenda: "Temos que reanimar o investimento alemão no Brasil".
O curioso é que Paris e Berlim manifestaram idêntico empenho na visita de Lula e em tratá-lo carinhosamente, embora as relações dos respectivos governos com o PT sejam bem diferentes.
Lula é tido como amigo pelo presidente alemão Johannes Rau, que conheceu o mandatário brasileiro quando governava o Estado de Renânia do Norte-Vestfália. Tem amigos também no movimento sindical alemão e no partido governante, o SPD (Social Democrata).
Já na França, o governo está em mãos de um partido em tese conservador, e não dos socialistas ligados ao PT. Não obstante, o presidente Jacques Chirac mandou carta a Lula, entregue pelo seu representante na cerimônia de posse, propondo uma "aliança estratégica" entre os dois países.
Os alemães oferecem coisa parecida. É razoável supor que nas conversas com os governantes franceses e alemães se especifique mais como será essa aliança no futuro.
Até agora, o programa de Lula prevê apenas encontros com o primeiro-ministro Gerhard Schroeder e o presidente Rau, na Alemanha, e seus congêneres franceses, Jacques Chirac e o primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin.
Mas há brechas para incluir outros interlocutores.
(CLÓVIS ROSSI)
Veja também o especial Governo Lula
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