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20/01/2003 - 05h39

Pastoral oferece cadastro, mas diz não ter tido contato com ministro

da Folha de S.Paulo

Zilda Arns Newmann, coordenadora nacional da Pastoral da Criança, diz que poderia oferecer ao Ministério da Segurança Alimentar e Combate à Fome o cadastro de sua entidade, em que 33 mil comunidades em situação de risco alimentar são identificadas em 3.550 municípios.

Mas ela ainda não teve nenhum contato com o ministro José Graziano da Silva. Recebeu quinta-feira o recado de que ele gostaria de encontrá-la na próxima quarta. Ela não irá. Tem reunião no Conselho Nacional de Saúde para tratar da dengue. Mas mandará um outro dirigente da pastoral.

A Igreja está particularmente empenhada na questão da fome. Foi seu tema na assembléia episcopal de abril do ano passado.

Há ainda uma Comissão de Exigências Éticas e Evangélicas de Superação da Miséria e da Fome, que é presidida por d. Luciano Mendes de Almeida.

Ainda candidato, Luiz Inácio da Silva Lula visitou a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e pediu apoio ao Fome Zero, cuja primeira versão foi discutida em outubro de 2001.

Os bispos e algumas entidades como a Cáritas trabalham de modo descentralizado. A Pastoral da Criança, em campo há 19 anos e com arquivos informatizados desde 1987, em princípio conhece muito bem o problema.

Boa vontade
"Ele tem boa vontade. Falta a ele experiência e prática, mas ele aprende fácil", diz Zilda Arns, a respeito do novo ministro.

Não há zombaria em sua afirmação, por mais que ela e Graziano tenham algumas diferenças.

Primeiro, em razão da idéia de um cupom de alimentação que os mais pobres receberiam e com o qual só poderiam comprar alimentos. "Um horror", define ela. A seguir, com a idéia do governo de distribuir dinheiro, mas pedir que os beneficiados pelo programa comprovem a compra de comida por meio de nota fiscal ou equivalente.

Bobagem
"Isso é de quem nunca trabalhou com população pobre", diz ela. Só o controle desses comprovantes exigiria um batalhão de funcionários que encareceriam o programa. "É gastar dinheiro com bobagem", completa.

Um último desencontro: a Pastoral da Criança acredita que sejam 25,5 milhões, conforme o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada), e não 44 milhões, conforme o atual governo, a clientela potencial do programa de segurança alimentar.

Mas Zilda Arns não condiciona sua contribuição à aceitação de seus pontos de vista.

Diz poder transmitir suas experiências e mobilizar nas paróquias os grupos de juventude ou de família para auxiliarem Graziano.

Há pontos importantes de concordância entre suas posições e as do ministro, como o papel da agricultura familiar e a necessidade de consumo de alimentos na própria região em que eles são produzidos. O que evitaria o encarecimento pelo transporte.
 

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