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25/01/2003 - 07h32

Invasões de terras continuarão, diz Stedile

RAFAEL CARIELLO
da Folha de S.Paulo, em Porto Alegre

O líder do MST, João Pedro Stedile, disse ontem que os sem-terra vão continuar invadindo propriedades rurais no país agora que o PT chegou à Presidência, "não para afrontar o governo Lula, mas para ajudá-lo a fazer a reforma agrária no país".

A declaração foi feita no Ginásio de Gigantinho, em Porto Alegre, na presença de militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), durante conferência do Fórum Social Mundial, sobre "Terra, território e soberania alimentar". Cerca de três mil pessoas estavam no local.

Stedile disse que não cabia questionar a ação do MST dada a presença de Lula no governo. "Dizem que agora o MST está no governo, vai parar de lutar(...) Nossa resposta é clara: o papel do MST é organizar os trabalhadores para que lutem e continuem ocupando o latifúndio, não para afrontar o governo Lula, mas para ajudá-lo a fazer a reforma agrária."

Após a conferência, o líder disse que falava "em tese", que o MST tem autonomia em relação ao governo e que não havia discutido a estratégia com Lula. Mas afirmou que o presidente tem consciência de que as mudanças só acontecerão "se a sociedade se mobilizar".

"Essa luta vai ajudar o Lula. Ele se comprometeu durante toda sua vida em construir uma sociedade mais igualitária", afirmou.

Durante a conferência, Stedile defendeu "um novo tipo de reforma agrária" em que não basta "democratização da terra". "É preciso que os camponeses controlam a agroindústria", disse.

Afirmando que essa nova reforma agrária é importante para garantir comida a todos e em uma referência velada ao programa Fome Zero, o líder do MST declarou: "Todos nós sabemos, não precisa criticar, fome não se combate distribuindo cesta básica, se combate distribuindo destino."

Stedile disse ainda que educação é tão importante quanto distribuir terra. "Assim como ocupamos os latifúndios é preciso ocupar as escolas e universidades."

Segundo ele, o MST, o movimento Via Campesina e outras organizações vão lançar uma campanha contra a compra de sementes transgênicas.

Ao final do evento, o líder camponês francês José Bové foi homenageado ao som das músicas "Gracias a la vida" e "O cio da Terra". Bové teve participação marcante no 1º Fórum Social Mundial ao invadir uma propriedade da multinacional Monsanto, em RS.

Veja também o especial Governo Lula
 

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