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26/01/2003 - 10h42

Viagem de Lula à Alemanha pode abrir ciclo de relações bilaterais

da Folha Online

A visita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará à Alemanha poderá abrir um novo ciclo nas relações entre os dois países, principalmente na área comercial, setor que teve seu ritmo desacelerado nos anos 90 devido a mudança no foco de interesses e prioridades de ambos os lados. A avaliação foi feita pelo embaixador do Brasil em Berlim, José Artur Denot Medeiros.

Segundo Medeiros, atenuados os encargos financeiros com a unificação das duas Alemanhas (Ocidental e Oriental), em 1990, e passada a onda de privatizações no Brasil registrada na década passada, movimento que não despertou interesse alemão, existem novamente condições para que haja uma revitalização das relações bilaterais.

"Existe uma enorme convergência de valores e concepções entre os dois governos", disse, ressaltando as afinidades políticas existentes entre Lula, do Partido dos Trabalhadores, e o presidente Johannes Rau e o primeiro-ministro Gerhard Schöroder, do Partido Social-Democrata (SPD), que formam um governo de coligação com o Partido Verde (PV).

Outro fator de atração, na avaliação de Medeiros, é a confiança na política econômica traçada pelo novo governo brasileiro, respaldada no cumprimento dos acordos internacionais, na manutenção da inflação sob controle e na retomada do crescimento com ênfase na área social, aspectos que conquistaram o governo, a opinião pública e a sociedade alemã.

"As notícias sobre a economia brasileira desde que o novo governo se instalou foram muito bem recebidas na Alemanha. As medidas de política econômica adotadas pelo presidente Lula têm recebido na imprensa alemã opiniões muito favoráveis. Eu não tenho a menor dúvida de que existe na sociedade alemã uma enorme confiança no futuro do Brasil, uma enorme confiança na capacidade do novo governo brasileiro de seguir adiante com uma política bilateral que leve ao crescimento e à intensificação da relação econômica."

Parceiro

Em função da crise na Argentina, a Alemanha voltou a ser o segundo maior parceiro comercial do Brasil depois dos Estados Unidos. A balança comercial, apesar de registrar um déficit desfavorável ao Brasil de cerca de US$ 1,5 bilhão, é expressiva: até novembro do ano passado o Brasil exportou para a Alemanha US$ 3,5 bilhões em produtos, principalmente soja, café e fumo; e importou US$ 5 bilhões, sobretudo em máquinas de todo tipo.

Em contrapartida, as indústrias alemãs sediadas no Brasil _somente em São Paulo são mais de 800_ geram no país meio milhão de empregos diretos e são responsáveis por 15% do produto industrial brasileiro.

Segundo o embaixador, ao contrário de outras multinacionais, as empresas alemãs no Brasil reinvestem praticamente todo os seus lucros no Brasil, o que é muito positivo no sentido de dar mais solidez à economia nacional.

Até maio próximo, uma missão composta por empresários e representantes do governo alemão virá ao Brasil para avaliar a implementação de 68 projetos já formatados. Segundo Medeiros, há no país duas grandes áreas de interesse dos alemães: energia e infra-estrutura, setores que carecem de investimento nacionais e estrangeiros.

A visita da missão mista é organizada pela Embaixada brasileira em Berlim e pela Câmara de Comércio e Indústria Alemã de São Paulo.

Na agenda de conversas entre Lula e os governantes alemães, devem ser abordadas as negociações entre a União Européia (UE) e o Mercosul. Neste sentido, o presidente Johannes Rau e o primeiro-ministro Gerhard Schröder pretendem demonstrar a Lula os esforços empreendidos pelo governo alemão para persuadir a França e a Espanha a desistir de manter os subsídios agrícolas até 2006, sob o risco de a UE perder o Brasil como seu parceiro econômico mais estratégico, já que o volume de comércio entre os dois é bastante significativo.

No ano passado, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Brasil vendeu para os países da UE em torno de US$ 15 bilhões e comprou cerca de US$ 13,1 bilhões.

  • Com Agência Brasil

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