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27/01/2003 - 06h37

Chávez descarta referendo antes de agosto

PAULO DANIEL FARAH
da Folha de S.Paulo, em Porto Alegre

Em visita a Porto Alegre para participar de atos de apoio a seu governo, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, descartou ontem a realização de um referendo antes de agosto para definir se haverá ou não novas eleições -mesmo se essa proposta contar com o respaldo do Grupo de Amigos da Venezuela, que vem buscando uma solução para a crise.

Questionado num hotel da capital gaúcha sobre qual seria sua reação se o Grupo de Amigos da Venezuela recomendasse a convocação de eleições antecipadas, respondeu: "Estariam equivocados, e eu não aceitaria. É inconstitucional. Numa ocasião, disseram em Washington que deveria haver eleições imediatamente. Disse que iria enviar de presente uma Constituição para que a lessem porque isso é impossível".

O referendo que poderia antecipar a eleição chegou a ser marcado para fevereiro, mas foi suspenso pela Suprema Corte venezuelana. "Faltam apenas sete meses. Em vez de desrespeitar a Constituição, [os oposicionistas] deveriam estar nas ruas recolhendo as assinaturas necessárias para um referendo, que são 2 milhões. Se conseguirem essas assinaturas e se forem verdadeiras, não como fizeram antes, quando as falsificaram e descobrimos que 25% não eram verdadeiras, aí, sim, poderiam perguntar [à população]: "Você concorda com que Chávez continue governando? Sim ou não?". Isso pode acontecer a partir de agosto [quando se completam três anos de governo]. Se a maioria disser que eu devo partir, vou partir. Se disser que devo ficar, vou ficar", disse.

Chávez defendeu a ampliação do Grupo de Amigos da Venezuela, atualmente formado por Brasil [cujo papel de líder ele elogiou], Estados Unidos, México, Chile, Espanha e Portugal.

"Queremos que o Grupo de Amigos seja ampliado. Se eu convocasse todos os amigos da Venezuela, não caberiam em Caracas [capital]. A China tem um povo muito amigo da Venezuela. São 1,3 bilhão de habitantes, amicíssimos da Venezuela. O povo russo, com o presidente [Vladimir] Putin, são amigos. O povo saudita e o rei Fahd, também. O povo líbio e Ommar Gaddafi [líder da Líbia] são amigos da Venezuela. O povo cubano e Fidel Castro são amicíssimos da Venezuela. O povo colombiano e o presidente Uribe são amigos da Venezuela. Temos muitos amigos em todos continentes. Na África, Líbia, Argélia, Egito, Nigéria... Na Ásia, Malásia e outros. Por isso o grupo deve se ampliar", defendeu.

Sobre o papel concreto do grupo, afirmou: "Ajudar, sim. Dar ordens, nunca. A Venezuela é um país soberano. Tenho certeza de que nenhum dos países amigos vai pensar em dar ordens. Seria totalmente fora de propósito. A Venezuela é um país livre, soberano e independente. Nós ao grupo. Eles podem dar idéias, facilitar, discutir, mas as decisões cabem aos venezuelanos... A Venezuela tem um governo legítimo. E este seu amigo [Chávez indica a si próprio] é o presidente eleito".

A oposição acusa Chávez de arruinar a economia do país com políticas populistas de esquerda e de tentar impor um regime comunista ao estilo cubano. O presidente diz ser vítima de um complô golpista por estar acabando com os privilégios das elites e favorecendo os mais pobres.

Na Assembléia Legislativa, Chávez propôs a formação de "uma espécie de Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] sul-americana, com a participação de PDVSA [petrolífera estatal venezuelana] e Petrobras". Defendeu ainda uma grande união latino-americana, "com Lula como líder", em um discurso das 19h40 às 22h.

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