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29/01/2003 - 02h30

Lula sugere que, se Chávez cair, ele pode ser o próximo

CLÓVIS ROSSI
da Folha de S.Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem o princípio do pleno respeito à Constituição no caso da crise venezuelana, com o argumento de que, se hoje for violada a Carta venezuelana, "amanhã será a minha vez, depois a da Argentina, do Chile".

A afirmação foi feita em resposta a uma pergunta do ex-premiê francês Lionel Jospin, em coquetel na embaixada brasileira de Paris, que o jornal local "Libération" descreveu como um encontro para a esquerda "recuperar" Lula.

Estavam ainda no coquetel dois outros ex-primeiro-ministros socialistas, Laurent Fabius e Pierre Mauroy, entre outras personalidades da esquerda francesa.

Lula classificou Chávez de "bem intencionado", mas lamentou que o venezuelano tivesse "pouca experiência política".

A conversa, à frente da lareira pegou fogo, figurada e realmente, a ponto de Lula pedir uma e outra vez para que o janelão da embaixada fosse aberto.

As perguntas dos socialistas e as respostas do presidente brasileiro passearam por boa parte da geografia internacional.

Sobre a Argentina, Lula disse que a eleição de abril será ganha, na sua opinião, pelo candidato do presidente Eduardo Duhalde, que é o governador da Província de Santa Cruz, Néstor Kirchner (trata-se do político hoje mais à esquerda no fragmentado quadro peronista).

Sobre o ex-presidente Carlos Menem, afirmou não acreditar que passe pelo crivo do seu partido (o peronista).

Sobre a sinceridade de Chirac, o grande adversário dos socialistas, Lula disse que em geral acabava recebendo surpresas agradáveis na sua vida pública. Hesitou um pouco, mas acabou dizendo que com Chirac isso se repetira.

Elogiou muito a recepção que tivera do presidente francês (embora Lula tenha feito campanha, em abril, contra Chirac e a favor de Jospin, candidato derrotado pelo presidente, que se reelegeu).


"Tirou o pó"

O presidente brasileiro contou também que hesitara bastante em ir ao Fórum Econômico Mundial, em Davos. Mas acha que acertou em ir, porque, como ontem na França, considerou muito bom o tratamento recebido.

Tão bom que recomendou a presença de ministros dos países pobres, dada "a grande quantidade de empresários que lá aparecem todos os anos".

Segolène Royale, ex-ministra do governo Jospin e hoje deputada, elogiou não só a presença de Lula em Davos como o seu discurso na cidade suíça. "Você tirou a poeira deles", exagerou a deputada.

O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, aproveitou para uma pequena propaganda a favor do prestígio do Brasil: contou que Chirac pedira a Lula que o Brasil se envolvesse no Nepad (sigla em inglês para Nova Parceria Econômica para a Assistência e o Desenvolvimento, criação do grupo dos sete países mais ricos do mundo para ajudar a África).

"Não vamos ajudar com dinheiro mas com militância", relatou o ministro aos presentes, classificando o convite como "extraordinário" já que o Brasil nem é do G-7 nem tem dinheiro para bancar projetos assistencialistas.

Veja também o especial Governo Lula
 

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