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29/01/2003
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06h12
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Vencida a fase de ocupação dos postos de primeiro e de segundo escalão, o governo decidiu pisar no freio. Para desassossego dos petistas, ávidos por "participação", os cargos do terceiro escalão para baixo serão loteados vagarosa e cuidadosamente. A ordem veio do Palácio do Planalto.
Para evitar marolas de última hora, as principais nomeações foram congeladas até o próximo final de semana, quando serão eleitos os presidentes da Câmara (o petista João Paulo Cunha) e do Senado (o neopetista José Sarney). Depois, serão processadas em ritmo de conta-gotas. O PT deve levar menos do que gostaria.
A parte mais vistosa do butim soma cerca de 600 cargos. Muitos oferecem um diferencial que os torna atrativos: o manuseio do talão de cheques. A maioria abriga apadrinhados de parlamentares egressos da base que deu suporte a Fernando Henrique Cardoso. Gente do PMDB, PFL e PSDB.
Dono de uma base congressual fluida, mais frágil do que a de FHC, o governo trabalha para cooptar votos nas trincheiras "inimigas". Quer dar ao PMDB status de partido integrado oficialmente à nova administração, com direito a cargos.
Embora formalmente de "oposição", PFL e PSDB também podem conservar postos. Sob o discurso oficial que repele a barganha, prevalece no Planalto uma prática que leva em conta a relação custo-benefício. Considera-se que não convém comprar brigas com os que fizerem acenos de boa vontade.
A estratégia exclui casos de trocas "inadiáveis". Exemplo: o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) deu posse há três dias ao novo diretor-geral do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), Eudoro Walter de Santana. Seu antecessor, José Francisco Rufino, fora apadrinhado por Pinheiro Landim (PMDB-CE), às voltas com suspeitas de envolvimento com o narcotráfico.
Dúvidas eventuais serão dirimidas por José Dirceu (Casa Civil). Uma questão envolve o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA). No acordo costurado por Dirceu para assegurar a eleição de Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado, reservou-se para Geddel a primeira vice-presidência da Câmara.
Decorrido um mês da posse de Lula, Geddel mantém intacta a cota de cargos públicos que amealhou sob FHC, que inclui a presença do pai, Afrísio Vieira Lima, à frente da Codeba (Cia das Docas do Estado da Bahia). O petismo baiano cobiça as posições de Geddel. Deve obtê-las, sob aplausos de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), inimigo de Geddel.
Insatisfeito com as "sobras" de terceiro escalão, o PMDB "lulista" quer mais. Olha com apetite para a pasta dos Transportes, hoje dirigida por um Anderson Adauto (PL-MG) que está cai-não-cai. Ao compor o seu ministério, Lula chegou a convidar para os Transportes o senador Pedro Simon (RS). Peemedebista "independente", Simon recusou a oferta.
Nomeações do terceiro escalão são congeladas
JOSIAS DE SOUZAda Folha de S.Paulo, em Brasília
Vencida a fase de ocupação dos postos de primeiro e de segundo escalão, o governo decidiu pisar no freio. Para desassossego dos petistas, ávidos por "participação", os cargos do terceiro escalão para baixo serão loteados vagarosa e cuidadosamente. A ordem veio do Palácio do Planalto.
Para evitar marolas de última hora, as principais nomeações foram congeladas até o próximo final de semana, quando serão eleitos os presidentes da Câmara (o petista João Paulo Cunha) e do Senado (o neopetista José Sarney). Depois, serão processadas em ritmo de conta-gotas. O PT deve levar menos do que gostaria.
A parte mais vistosa do butim soma cerca de 600 cargos. Muitos oferecem um diferencial que os torna atrativos: o manuseio do talão de cheques. A maioria abriga apadrinhados de parlamentares egressos da base que deu suporte a Fernando Henrique Cardoso. Gente do PMDB, PFL e PSDB.
Dono de uma base congressual fluida, mais frágil do que a de FHC, o governo trabalha para cooptar votos nas trincheiras "inimigas". Quer dar ao PMDB status de partido integrado oficialmente à nova administração, com direito a cargos.
Embora formalmente de "oposição", PFL e PSDB também podem conservar postos. Sob o discurso oficial que repele a barganha, prevalece no Planalto uma prática que leva em conta a relação custo-benefício. Considera-se que não convém comprar brigas com os que fizerem acenos de boa vontade.
A estratégia exclui casos de trocas "inadiáveis". Exemplo: o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) deu posse há três dias ao novo diretor-geral do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), Eudoro Walter de Santana. Seu antecessor, José Francisco Rufino, fora apadrinhado por Pinheiro Landim (PMDB-CE), às voltas com suspeitas de envolvimento com o narcotráfico.
Dúvidas eventuais serão dirimidas por José Dirceu (Casa Civil). Uma questão envolve o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA). No acordo costurado por Dirceu para assegurar a eleição de Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado, reservou-se para Geddel a primeira vice-presidência da Câmara.
Decorrido um mês da posse de Lula, Geddel mantém intacta a cota de cargos públicos que amealhou sob FHC, que inclui a presença do pai, Afrísio Vieira Lima, à frente da Codeba (Cia das Docas do Estado da Bahia). O petismo baiano cobiça as posições de Geddel. Deve obtê-las, sob aplausos de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), inimigo de Geddel.
Insatisfeito com as "sobras" de terceiro escalão, o PMDB "lulista" quer mais. Olha com apetite para a pasta dos Transportes, hoje dirigida por um Anderson Adauto (PL-MG) que está cai-não-cai. Ao compor o seu ministério, Lula chegou a convidar para os Transportes o senador Pedro Simon (RS). Peemedebista "independente", Simon recusou a oferta.
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