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01/02/2003 - 05h47

Palocci diz a seus críticos no PT que tenta evitar colapso

GUSTAVO PATÚ
KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Em reunião fechada com deputados e senadores do PT, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) elevou a voz para responder às críticas à política econômica e disse que o país ainda não está livre do risco de uma crise financeira mais grave: "Estamos tentando -tentando- fugir do colapso", disse ele, segundo o relato do deputado eleito Chico Alencar (RJ).

A exatidão da frase foi confirmada por uns e contestada por outros, mas todas as versões apontam que o ministro apresentou um cenário econômico preocupante para justificar as decisões de elevar os juros e o aperto fiscal.

Palocci deixou de lado por instantes o bom humor ao ser interpelado pelo deputado eleito Lindberg Farias (RJ), da ala radical, que disse ver no governo Lula um aprofundamento das políticas neoliberais de Fernando Henrique Cardoso. Em resposta, o ministro disse que a economia do país "estava indo à breca" em outubro do ano passado, enquanto se definia o resultado eleitoral. Argumentou que houve melhoras desde então e desafiou os presentes a oferecerem alternativas.

As medidas poderiam ter sido ainda mais dolorosas -foi o recado assim entendido por vários deputados quando Palocci disse que o governo está tolerando "alguma inflação" para evitar uma forte recessão e juros maiores.

Na mesma linha, afirmou que o superávit primário deste ano será "levemente superior" ao de 2002, que foi de 4,06% do PIB. E falou sobre os efeitos de uma guerra no Iraque, que tende a pressionar as cotações do dólar e encarecer importações de petróleo.

Mudança

O ministro se aventurou por um tema delicado para o partido ao dizer ao presentes que o PT mudou, prometeu honrar os contratos e, graças a isso, venceu. Mais: afirmou que, com outra política econômica, Lula não teria credibilidade para fazer o seu discurso social no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça).

A reunião durou duas horas. Foram permitidas dez perguntas de participantes sorteados -praticamente todas giraram em torno da alta dos juros, dos cortes de gastos, da atuação do Banco Central e das relações com o FMI.

O ministro, como sempre, procurou conciliar o discurso ortodoxo voltado para o mercado e o projeto mudancista do PT. Disse que o governo será "tradicional" na macroeconomia, "criativo" e "progressista" nas políticas de desenvolvimento e "ousado" no comércio exterior.

No capítulo das medidas tradicionais, Palocci usou um eufemismo que virou motivo de deboche entre os mais inconformados: disse que não haverá cortes no Orçamento, e sim "um ordenamento, uma contenção inicial".

O ministro desvinculou a decisão de elevar o superávit primário das imposições do acordo com o FMI. Segundo seu raciocínio, trata-se apenas de uma decisão lógica de um governo endividado. A longo prazo, afirmou, a trajetória é de afastamento do FMI.
 

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