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23/02/2003
-
08h24
Leia a seguir a íntegra da nota do ministro do Superior Tribunal de Justiça Edson Vidigal, em que ele afirma que o envolvimento de seu nome nos episódios relatados pela reportagem "mais que leviano, é criminoso, porque configura injúria e difamação".
"Através do jornalista Josias de Souza, da Folha de S.Paulo, fiquei sabendo hoje que o meu nome é citado em gravação de conversa telefônica entre integrantes de um grupo liderado por João Arcanjo Ribeiro, conhecido como "comendador", sob investigação da Polícia Federal em Mato Grosso.
E mais, segundo ainda o jornalista Josias de Souza, um dos meus filhos, Erick Vidigal, que é advogado, estaria entre os interessados na defesa judicial dos investigados, tendo inclusive viajado a Cuiabá, Mato Grosso, para encontrar-se com eventuais clientes.
Tenho a dizer:
1. O meu filho exerce legalmente a profissão que escolheu. Assim, é livre para aceitar a causa que, nos limites da lei, achar que deve. Não tenho, nem como pai, nem como amigo, tampouco como magistrado, direito de impedir seu livre exercício profissional.
2. Meu filho confirma que, a chamado profissional, esteve em Cuiabá, Mato Grosso, encontrando-se com o advogado Eduardo Toledo, que defende o contador Luis Alberto Dondo Gonçalves. O interesse era contratá-lo para acompanhar no TRF-1ª Região o habeas corpus em todos os seus trâmites, até decisão final. Por motivos pessoais e profissionais, meu filho não aceitou a causa.
3. Mais que leviano, é criminoso, porque configura injúria e difamação, o envolvimento do meu nome nos episódios que me foram dados a conhecer pelo jornalista Josias de Souza.
4. No exercício eventual da Presidência do Superior Tribunal de Justiça, indeferi, em 22 de janeiro último, pedido de liminar em habeas corpus nº 25.506, impetrado em favor de Luis Alberto Dondo Gonçalves, apontado como contador do acusado conhecido como "comendador". O nome do meu filho não constava como advogado e se constasse estaria eu impedido.
5. Ainda, quanto ao meu filho, disse eu ao jornalista Josias de Souza que o que sei é que ele é casado, tem filha, leva vida difícil e modesta, lecionando em duas faculdades de direito do Distrito Federal, e que não conheço, nem é da minha conta conhecer, quem é ou deixou de ser seu cliente.
6. Quanto a magistrados aposentados e filhos de magistrados na ativa, que exercem a advocacia nos tribunais onde atuaram ou atuam seus pais, minha posição é de há muito conhecida da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do ministro da Justiça [Márcio Thomaz Bastos]. Sou contra esse exercício por achá-lo constrangedor e aético.
7. Estou, neste momento, oficiando ao Ministro de Estado da Justiça pedindo a instauração de inquérito policial específico para este caso, tudo de modo a que não reste, quanto ao que se diz, a mínima sombra de dúvida sobre a minha atuação como magistrado.
Brasília, Distrito Federal, 21 de Fevereiro de 2003.
Edson Carvalho Vidigal
Em nota, ministro nega envolvimento
da Folha de S.PauloLeia a seguir a íntegra da nota do ministro do Superior Tribunal de Justiça Edson Vidigal, em que ele afirma que o envolvimento de seu nome nos episódios relatados pela reportagem "mais que leviano, é criminoso, porque configura injúria e difamação".
"Através do jornalista Josias de Souza, da Folha de S.Paulo, fiquei sabendo hoje que o meu nome é citado em gravação de conversa telefônica entre integrantes de um grupo liderado por João Arcanjo Ribeiro, conhecido como "comendador", sob investigação da Polícia Federal em Mato Grosso.
E mais, segundo ainda o jornalista Josias de Souza, um dos meus filhos, Erick Vidigal, que é advogado, estaria entre os interessados na defesa judicial dos investigados, tendo inclusive viajado a Cuiabá, Mato Grosso, para encontrar-se com eventuais clientes.
Tenho a dizer:
1. O meu filho exerce legalmente a profissão que escolheu. Assim, é livre para aceitar a causa que, nos limites da lei, achar que deve. Não tenho, nem como pai, nem como amigo, tampouco como magistrado, direito de impedir seu livre exercício profissional.
2. Meu filho confirma que, a chamado profissional, esteve em Cuiabá, Mato Grosso, encontrando-se com o advogado Eduardo Toledo, que defende o contador Luis Alberto Dondo Gonçalves. O interesse era contratá-lo para acompanhar no TRF-1ª Região o habeas corpus em todos os seus trâmites, até decisão final. Por motivos pessoais e profissionais, meu filho não aceitou a causa.
3. Mais que leviano, é criminoso, porque configura injúria e difamação, o envolvimento do meu nome nos episódios que me foram dados a conhecer pelo jornalista Josias de Souza.
4. No exercício eventual da Presidência do Superior Tribunal de Justiça, indeferi, em 22 de janeiro último, pedido de liminar em habeas corpus nº 25.506, impetrado em favor de Luis Alberto Dondo Gonçalves, apontado como contador do acusado conhecido como "comendador". O nome do meu filho não constava como advogado e se constasse estaria eu impedido.
5. Ainda, quanto ao meu filho, disse eu ao jornalista Josias de Souza que o que sei é que ele é casado, tem filha, leva vida difícil e modesta, lecionando em duas faculdades de direito do Distrito Federal, e que não conheço, nem é da minha conta conhecer, quem é ou deixou de ser seu cliente.
6. Quanto a magistrados aposentados e filhos de magistrados na ativa, que exercem a advocacia nos tribunais onde atuaram ou atuam seus pais, minha posição é de há muito conhecida da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do ministro da Justiça [Márcio Thomaz Bastos]. Sou contra esse exercício por achá-lo constrangedor e aético.
7. Estou, neste momento, oficiando ao Ministro de Estado da Justiça pedindo a instauração de inquérito policial específico para este caso, tudo de modo a que não reste, quanto ao que se diz, a mínima sombra de dúvida sobre a minha atuação como magistrado.
Brasília, Distrito Federal, 21 de Fevereiro de 2003.
Edson Carvalho Vidigal
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