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23/02/2003
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08h26
Erick José Travassos Vidigal, 28, reconheceu, em entrevista à Folha, que se encontrou com prepostos do grupo de João Arcanjo Ribeiro. E que, assim como expresso nos diálogos captados por grampos da PF, negociou pagamentos de US$ 100 mil e de R$ 2 milhões. Disse ter rejeitado as ofertas. O filho do ministro Edson Vidigal travou com o repórter o seguinte diálogo:
Folha - Qual seria a sua atuação no caso específico do habeas corpus julgado por seu pai e no contrato mais amplo, de acompanhamento de processos nos tribunais de Brasília?
Erick - [...] Elaboração de memoriais, elaboração de eventuais pareceres; se fosse o caso, fazer uma pesquisa doutrinária mais rebuscada, uma pesquisa jurisprudencial [...]. E acompanhar os processos, o julgamento, informar ao advogado de origem das publicações, dos prazos para recurso. É esse tipo de trabalho.
Folha - Nos dois casos?
Erick - Sim. No caso do STJ, claro, se não houvesse impedimento.
Folha - Eles têm advogado em Brasília. Precisariam do seu trabalho?
Erick - Sim, por uma razão. O Eduardo [de Vilhena Toledo] tem estado muito em Cuiabá, participado de audiências.
Folha - Mas ele tem sócios.
Erick - Não sei te dizer.
Folha - A elaboração de memoriais e de pesquisas jurisprudenciais não lhe parece atividade simples demais para justificar remunerações vultosas como US$ 100 mil e R$ 2 milhões?
Erick - A gente tem o cirurgião plástico e o Ivo Pitanguy. O grau de valoração que você atribui ao seu trabalho é o seu grau. Minha vida é conturbada. Três filhas, uma recém-nascida. Para eu abrir mão do convívio familiar e das aulas que dou para me dedicar à advocacia, tem que valer a pena. Nesse ramo de direito penal, que não é a minha área, não quero ser tachado de penalista, criminalista.
Folha - Tendo você um ano de formado e reconhecendo que o direito penal não é de sua predileção, ainda que se considere um Ivo Pitanguy do direito, por que as pessoas se dispõem a te remunerar tão bem?
Erick - Acho que a presunção, o mito que existe, de que você, por ser parente de magistrado, possa solucionar problemas. Tem ministros que fazem palestras dizendo que isso tem que acabar. Meu pai é defensor da idéia.
Folha - Esse tipo de abordagem é frequente no seu caso?
Erick - No meu caso, não. Não tem ocorrido. Tem aumentado há pouco tempo, mas não é frequente. Eu não fico no escritório sentado. A advocacia é residual. E não me considero um Pitanguy do direito. Só disse que o valor que atribuo ao meu trabalho é maior.
Folha - O que o leva a atribuir esse valor maior ao seu trabalho?
Erick - Não fui eu que dei esse valor. Isso veio como proposta. E, no final, não aceitei as propostas. Não aceitaria por valor nenhum.
Folha - O sr. negociou, não rejeitou prontamente.
Erick - Você me falou de duas ações. Quando vimos o impedimento no primeiro caso [o habeas corpus julgado pelo ministro Edson Vidigal], fomos discutir o segundo caso. O valor do primeiro era muito irrisório, se comparado ao do segundo.
Folha - US$ 100 mil não me parece quantia irrisória.
Erick - Estou comparando com o segundo. Esse primeiro valor foi falado. Se não houvesse o impedimento, verificaríamos se trabalharíamos ou não. A partir da hora em que vi que a coisa não era o que tinham me falado, comecei a sair. De fininho, mas comecei a sair. Não tem como você rejeitar uma coisa de forma brusca, eu tenho família. Mas foi rejeitado. Voltei para casa, conversei com a minha família, com advogados mais experientes, inteirei-me do assunto, o caso foi rejeitado.
Filho de ministro diz que rejeitou ofertas de grupo do "comendador"
da Folha de S.Paulo, em BrasíliaErick José Travassos Vidigal, 28, reconheceu, em entrevista à Folha, que se encontrou com prepostos do grupo de João Arcanjo Ribeiro. E que, assim como expresso nos diálogos captados por grampos da PF, negociou pagamentos de US$ 100 mil e de R$ 2 milhões. Disse ter rejeitado as ofertas. O filho do ministro Edson Vidigal travou com o repórter o seguinte diálogo:
Folha - Qual seria a sua atuação no caso específico do habeas corpus julgado por seu pai e no contrato mais amplo, de acompanhamento de processos nos tribunais de Brasília?
Erick - [...] Elaboração de memoriais, elaboração de eventuais pareceres; se fosse o caso, fazer uma pesquisa doutrinária mais rebuscada, uma pesquisa jurisprudencial [...]. E acompanhar os processos, o julgamento, informar ao advogado de origem das publicações, dos prazos para recurso. É esse tipo de trabalho.
Folha - Nos dois casos?
Erick - Sim. No caso do STJ, claro, se não houvesse impedimento.
Folha - Eles têm advogado em Brasília. Precisariam do seu trabalho?
Erick - Sim, por uma razão. O Eduardo [de Vilhena Toledo] tem estado muito em Cuiabá, participado de audiências.
Folha - Mas ele tem sócios.
Erick - Não sei te dizer.
Folha - A elaboração de memoriais e de pesquisas jurisprudenciais não lhe parece atividade simples demais para justificar remunerações vultosas como US$ 100 mil e R$ 2 milhões?
Erick - A gente tem o cirurgião plástico e o Ivo Pitanguy. O grau de valoração que você atribui ao seu trabalho é o seu grau. Minha vida é conturbada. Três filhas, uma recém-nascida. Para eu abrir mão do convívio familiar e das aulas que dou para me dedicar à advocacia, tem que valer a pena. Nesse ramo de direito penal, que não é a minha área, não quero ser tachado de penalista, criminalista.
Folha - Tendo você um ano de formado e reconhecendo que o direito penal não é de sua predileção, ainda que se considere um Ivo Pitanguy do direito, por que as pessoas se dispõem a te remunerar tão bem?
Erick - Acho que a presunção, o mito que existe, de que você, por ser parente de magistrado, possa solucionar problemas. Tem ministros que fazem palestras dizendo que isso tem que acabar. Meu pai é defensor da idéia.
Folha - Esse tipo de abordagem é frequente no seu caso?
Erick - No meu caso, não. Não tem ocorrido. Tem aumentado há pouco tempo, mas não é frequente. Eu não fico no escritório sentado. A advocacia é residual. E não me considero um Pitanguy do direito. Só disse que o valor que atribuo ao meu trabalho é maior.
Folha - O que o leva a atribuir esse valor maior ao seu trabalho?
Erick - Não fui eu que dei esse valor. Isso veio como proposta. E, no final, não aceitei as propostas. Não aceitaria por valor nenhum.
Folha - O sr. negociou, não rejeitou prontamente.
Erick - Você me falou de duas ações. Quando vimos o impedimento no primeiro caso [o habeas corpus julgado pelo ministro Edson Vidigal], fomos discutir o segundo caso. O valor do primeiro era muito irrisório, se comparado ao do segundo.
Folha - US$ 100 mil não me parece quantia irrisória.
Erick - Estou comparando com o segundo. Esse primeiro valor foi falado. Se não houvesse o impedimento, verificaríamos se trabalharíamos ou não. A partir da hora em que vi que a coisa não era o que tinham me falado, comecei a sair. De fininho, mas comecei a sair. Não tem como você rejeitar uma coisa de forma brusca, eu tenho família. Mas foi rejeitado. Voltei para casa, conversei com a minha família, com advogados mais experientes, inteirei-me do assunto, o caso foi rejeitado.
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