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24/02/2003
-
03h41
MURILO FIUZA DE MELO
da Folha de S.Paulo, no Rio
Insatisfeitos com a pouca participação no governo Lula, religiosos e políticos ligados ao PT, à Igreja Universal do Reino de Deus e ao ex-governador Anthony Garotinho (PSB) formaram o Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política (Fenasp).
O objetivo é pressionar por mais espaço para os evangélicos no governo. Participam da fundação do fórum políticos evangélicos com posições bem distintas, como Marina Silva (ministra do Meio Ambiente) e o senador Paulo Octávio (PFL-DF), amigo do ex-presidente Fernando Collor.
Segundo o deputado Walter Pinheiro (BA), ex-líder do PT na Câmara e da Igreja Batista, os evangélicos ainda não se sentem representados nos conselhos de Segurança Alimentar (Consea) e no de Desenvolvimento Econômico e Social. "O fórum não deve pedir ao governo. Quem pede é mendigo, que fica atrás de migalhas, e o povo evangélico não precisa disso. O fórum tem que dizer o seguinte: "olha, vocês querem contar com a gente? Nós estamos à disposição, mas, se não quiserem, um abraço."
Pinheiro criticou o próprio presidente pela falta de diálogo com os evangélicos. Ele disse que, em 18 de dezembro, numa reunião com a bancada do PT, Lula pediu a ele que marcasse um encontro com líderes evangélicos, mas a reunião nunca ocorreu por falta de espaço na agenda presidencial.
Segundo ele, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, ligou para ele e para o senador Magno Malta (PL-ES), batista, pedindo nomes de evangélicos para integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Os nomes, porém, não foram incluídos na conselho. Os indicados foram os pastores Silas Malafaia, da Assembléia de Deus, e Nilson Fanini, presidente da Convenção Batista Brasileira. "Sugerimos os nomes, mas eles não botaram ninguém. Fizeram um papelão. O problema é que [José] Graziano e Frei Betto conduzem aquilo como querem", disse Pinheiro. Graziano é ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome e principal dirigente do Fome Zero. Frei Betto é amigo e conselheiro de Lula.
"Existe uma mão invisível que de toda forma quer nos alijar do processo", afirmou o bispo Robson Rodovalho, presidente do Fenasp e dirigente da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra.
A nova entidade pretende atuar de forma similar à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que representa institucionalmente a Igreja Católica.
Seu Conselho Político é presidido pelo senador Malta e tem entre seus onze membros o Bispo Rodrigues (PL-RJ), da Universal, o ex-governador Garotinho, presbiteriano, a ministra Marina Silva, da Assembléia de Deus, o senador Paulo Octávio, da Sara Nossa Terra, os deputados Gilmar Machado (PT-MG) e João Leite (PSB-MG), ambos batistas, além de Pinheiro.
Com a exceção dos petistas, os fundadores da entidade apoiaram Lula apenas no segundo turno. No primeiro, estiveram com Garotinho. Um segmento de evangélicos não-petistas que apoiou Lula desde o primeiro turno não foi convidado para o fórum.
Deste segmento surgiu a primeira reação à entidade. O pastor Levi Correia de Araújo, da Primeira Igreja Batista de Santo André (SP), considera o fórum um equívoco porque deixou de fora os setores que considera mais progressistas dos evangélicos.
"Há [na diretoria do Fenasp] muitas pessoas sérias e bem intencionadas, mas a maioria é fisiológica. O PT e o governo estão fortalecendo setores mais à direita do movimento evangélico. Eles querem falar pelos evangélicos, mas somos diferenciados e não temos papa."
Evangélicos criam fórum para pressionar Lula
MARCELO BERABAMURILO FIUZA DE MELO
da Folha de S.Paulo, no Rio
Insatisfeitos com a pouca participação no governo Lula, religiosos e políticos ligados ao PT, à Igreja Universal do Reino de Deus e ao ex-governador Anthony Garotinho (PSB) formaram o Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política (Fenasp).
O objetivo é pressionar por mais espaço para os evangélicos no governo. Participam da fundação do fórum políticos evangélicos com posições bem distintas, como Marina Silva (ministra do Meio Ambiente) e o senador Paulo Octávio (PFL-DF), amigo do ex-presidente Fernando Collor.
Segundo o deputado Walter Pinheiro (BA), ex-líder do PT na Câmara e da Igreja Batista, os evangélicos ainda não se sentem representados nos conselhos de Segurança Alimentar (Consea) e no de Desenvolvimento Econômico e Social. "O fórum não deve pedir ao governo. Quem pede é mendigo, que fica atrás de migalhas, e o povo evangélico não precisa disso. O fórum tem que dizer o seguinte: "olha, vocês querem contar com a gente? Nós estamos à disposição, mas, se não quiserem, um abraço."
Pinheiro criticou o próprio presidente pela falta de diálogo com os evangélicos. Ele disse que, em 18 de dezembro, numa reunião com a bancada do PT, Lula pediu a ele que marcasse um encontro com líderes evangélicos, mas a reunião nunca ocorreu por falta de espaço na agenda presidencial.
Segundo ele, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, ligou para ele e para o senador Magno Malta (PL-ES), batista, pedindo nomes de evangélicos para integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Os nomes, porém, não foram incluídos na conselho. Os indicados foram os pastores Silas Malafaia, da Assembléia de Deus, e Nilson Fanini, presidente da Convenção Batista Brasileira. "Sugerimos os nomes, mas eles não botaram ninguém. Fizeram um papelão. O problema é que [José] Graziano e Frei Betto conduzem aquilo como querem", disse Pinheiro. Graziano é ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome e principal dirigente do Fome Zero. Frei Betto é amigo e conselheiro de Lula.
"Existe uma mão invisível que de toda forma quer nos alijar do processo", afirmou o bispo Robson Rodovalho, presidente do Fenasp e dirigente da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra.
A nova entidade pretende atuar de forma similar à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que representa institucionalmente a Igreja Católica.
Seu Conselho Político é presidido pelo senador Malta e tem entre seus onze membros o Bispo Rodrigues (PL-RJ), da Universal, o ex-governador Garotinho, presbiteriano, a ministra Marina Silva, da Assembléia de Deus, o senador Paulo Octávio, da Sara Nossa Terra, os deputados Gilmar Machado (PT-MG) e João Leite (PSB-MG), ambos batistas, além de Pinheiro.
Com a exceção dos petistas, os fundadores da entidade apoiaram Lula apenas no segundo turno. No primeiro, estiveram com Garotinho. Um segmento de evangélicos não-petistas que apoiou Lula desde o primeiro turno não foi convidado para o fórum.
Deste segmento surgiu a primeira reação à entidade. O pastor Levi Correia de Araújo, da Primeira Igreja Batista de Santo André (SP), considera o fórum um equívoco porque deixou de fora os setores que considera mais progressistas dos evangélicos.
"Há [na diretoria do Fenasp] muitas pessoas sérias e bem intencionadas, mas a maioria é fisiológica. O PT e o governo estão fortalecendo setores mais à direita do movimento evangélico. Eles querem falar pelos evangélicos, mas somos diferenciados e não temos papa."
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