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25/02/2003 - 09h26

Juiz classifica reportagem de "molecagem"

da Folha de S.Paulo, em Brasília

O vice-presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Edson Vidigal, classificou ontem de "calhordagem" e "molecagem" reportagem da Folha que revelou no domingo que a Polícia Federal investiga o suposto envolvimento de seu filho, Erick Vidigal, com uma quadrilha de criminosos de Mato Grosso.

Segundo suspeita da PF, o filho do ministro seria o elo da quadrilha, chefiada por João Arcanjo Ribeiro -conhecido como "comendador"- com o STJ.

A suspeita se baseia em grampos telefônicos feitos com autorização judicial, cujo conteúdo foi revelado pela Folha.

Os comentários de Edson Vidigal foram feitos após visita ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que determinou ontem uma "apuração vigorosa" da suposta rede de venda de decisões judiciais com conexões no STJ.

"Tomei conhecimento [do caso] pelos jornais. Isso tem de ser apurado vigorosamente", afirmou o ministro.

No domingo, a Folha divulgou que a PF iniciou há três semanas uma investigação sobre uma rede que negociaria decisões judiciais no STJ em valores que variam de U$ 100 mil a R$ 2 milhões. A PF também apura, há dois anos, rede semelhante de que faria parte o ministro Vicente Leal, também do STJ. Os ministros negam envolvimento com o caso.

A referência a Vidigal surge nas gravações num contexto em que seu filho Erick, advogado, negocia com prepostos da quadrilha de Arcanjo Ribeiro supostamente em nome do pai.

Inquérito

Ontem, o vice-presidente do STJ protocolou no Ministério da Justiça um pedido de abertura de inquérito para apurar quatro crimes, "em tese, dos quais dá notícia o jornalista Josias de Souza, do jornal Folha de S.Paulo".

No requerimento, Vidigal quer que a PF apure a responsabilidade pelo vazamento do material de investigação e também investigue as suspeitas de tráfico de influência, corrupção ativa e exploração de prestígio, supostamente praticado por agentes públicos e ministros do STJ. O ministro negou que sua posição seja uma limitação à liberdade de imprensa.

Vidigal classificou a publicação da Folha como "sensacionalismo" e a reportagem de "grande calhordagem" e "molecagem". Após as declarações, pediu para registrar que é contra a Lei da Mordaça -projeto do Executivo que visa impedir a divulgação de informações sobre processos judiciais em andamento.

"Eu tenho a dizer, primeiro, que se trata, conforme já disse, de uma grande calhordagem. Isso não é jornalismo. Isso não se faz. Isso é uma molecagem contra honra de quem tem uma história de vida como eu", disse.
O ministro afirmou que as recentes publicações de suposto envolvimento de magistrados em esquemas de vendas de decisões judiciais poderia vir a configurar um "perigoso macarthismo".

Vidigal se referia ao senador americano Joseph MacCarthy, que durante a Guerra Fria personificou a caça às bruxas aos supostos comunistas que agiam em território norte-americano.

"Isso não vai impedir que a Folha de S.Paulo, que ontem e hoje passou a se chamar "Falha de S.Paulo", continue a entrar na minha casa. Porque como [o escritor francês François-Marie Arouet, de pseudônimo] Voltaire, eu discordo, mas defenderei até a morte o direito de dizer o que pensa", afirmou Vidigal.
 

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