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27/02/2003 - 20h06

Justiça determina prisão preventiva de ex-deputado José Carlos Gratz

FERNANDA KRAKOVICS
da Agência Folha

O Tribunal Regional Federal da 2ª Região determinou hoje a prisão preventiva do ex-presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo José Carlos Gratz (PFL). Ele é acusado de comprar votos de deputados utilizando recursos públicos na sua eleição para a presidência da Casa, em 2000.

Ex-banqueiro do jogo do bicho e ex-proprietário de cassinos
clandestinos, Gratz é um dos principais alvos da missão especial de combate ao crime organizado que atua no Estado.

Até as 20h desta quinta-feira, a Polícia Federal não havia localizado Gratz. Os policiais receberam informação de que ele havia deixado o Estado pela manhã.

Uma pessoa que trabalha na casa de Gratz informou hoje no final da tarde que ele saiu de manhã e não havia retornado. O celular do ex-deputado estava desligado.

A denúncia do Ministério Público baseou-se em rastreamento feito pela Receita Federal, que teria identificado 26 cheques, cada um no valor de R$ 30 mil, emitidos pelo empresário Carlos Guilherme Lima seis dias depois da votação.

O TRF também determinou a prisão preventiva de Lima ontem. Ele já está preso desde o final do ano passado, acusado de ser o diretor financeiro do crime organizado no Estado.

De acordo com a denúncia da Procuradoria da República, os recursos para a suposta compra de votos vieram de uma transferência de crédito de ICMS da Samarco Mineração para a Escelsa (Espírito Santo Centrais Elétricas).
Teriam recebido o dinheiro 20 deputados, incluindo Gratz.

No total, foram denunciadas 33 pessoas, entre parlamentares, assessores, empresários e banqueiros. O pedido de prisão preventiva contra sete deputados reeleitos foi negado ontem.

Para fundamentar a decisão contra Gratz o relator do processo no TRF, desembargador Ney Fonseca, alegou que "há indícios de que ele poderia fugir do país, conforme comprovam degravações de conversas telefônicas anexadas aos autos".

Diálogo entre ex-assessores de Gratz, gravado com autorização judicial no mês passado, revelou um possível esquema de fuga para o ex-deputado.

"Se for tirar ele, o Zé Carlos [Gratz], eu não vou colocar o pessoal da segurança para ir junto não, tá. Vai (sic) eu sozinho. Se ele for pegar o avião em tal local, se for levar em tal local, eu vou com ele sozinho que aí ele vai no meu carro e não chama atenção", diz o coronel Élvio Rebouças, ex-chefe da segurança da Assembléia.

Em entrevista anterior, Gratz afirmou que a acusação contra ele era uma "brincadeira". "Tem alguns procuradores no Ministério Público que vivem em minha função. Qual é a prova de que esses tais depósitos foram feitos para comprar votos?", questionou o ex-deputado estadual.

A Receita Federal identificou depósito de um dos cheques na conta da Gumar Empreendimentos, nome jurídico do bingo Camburi, que tinha Gratz como sócio na época. O ex-deputado afirmou que o bingo ainda não existia naquele ano. "No local funcionava um boliche", disse Gratz.

Os sócios da empresa Luiz Gustavo Bumachar e Márcio Constanteen Tommasi Helal, em depoimento ao Ministério Público, afirmaram que o dinheiro foi utilizado para a reforma do imóvel e a compra de equipamentos.
 

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