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27/02/2003 - 21h17

Protesto de sem-terra libera pedágio no Paraná

JOSÉ MASCHIO
EDUARDO SCOLESE,
da Agência Folha, em Londrina

Cerca de cem trabalhadores sem-terra invadiram hoje em Cascavel (oeste do Paraná) uma praça de pedágio da BR-277 e liberaram por quatro horas a passagem gratuita de veículos.

O protesto, organizado por MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ) e Crabi (Comissão de Reassentados Atingidos por Barragens no Rio Iguaçu), ocorreu das 10h às 14h10.

De acordo com o ouvidor agrário nacional, Gercino José Alves da Silva Filho, os protestos dos movimentos sociais ligados à luta pela terra estão ocorrendo no país de forma isolada.

"Os casos [de invasões e barricadas] têm ocorrido de forma isolada, por isso analisamos sempre caso a caso. Temos de sentar com os movimentos e ouvir suas reivindicações."

Segundo Gercino, o fato ocorrido hoje no interior paranaense será investigado pela Ouvidoria Agrária Nacional. "Vou atrás disso e ouvir das lideranças as razões do ocorrido."

Ontem, no Paraná, os agricultores reivindicavam a reabertura de um desvio, que ligava a BR-277 ao distrito rural São João, fechado a pedido da concessionária Rodovia das Cataratas.

A administradora informou hoje que cerca de 5.000 veículos passaram pelo pedágio sem a cobrança da tarifa durante o protesto. A empresa informou ainda que três cancelas de pedágio foram destruídas pelos manifestantes. O preço do pedágio varia de R$ 3,70 a R$ 4,90 por eixo.

O livre-trânsito pela praça só terminou quando a concessionária se comprometeu a reabrir o desvio. A direção da Rodovia das Cataratas alega que o desvio aumenta a possibilidade de acidentes na BR- 277 e que nem toda a população rural da região seria favorável à sua reabertura.

Uliano Camilo, presidente do Crabi, disse que os três movimentos decidiram, em reunião na tarde de hoje, que, caso o desvio seja novamente fechado, irão montar um acampamento na praça de pedágio.

"Se fecharem de novo o desvio, aí eles [a concessionária] nunca mais irão cobrar pedágio, pois ficou decidido acampar por tempo indeterminado no local e proibir a cobrança das tarifas", afirmou Camilo.

Ontem, em Simão Dias (SE), cerca de cem trabalhadores rurais sem-terra usaram tratores para bloquear ruas do centro da cidade num protesto pela liberação de créditos agrários.

Prazo

Em Porto Alegre, o ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) pediu um prazo aos sem-terra e aos assentados.

"Temos passivos [com os trabalhadores rurais]. Mas a expectativa é de que, no prazo de um ano, possamos superar esse passivo, estabelecendo uma outra relação com famílias acampadas ou assentadas em péssimas condições."

Rossetto acredita que, após esse prazo de um ano, sem-terra e assentados vão perceber que o governo está avançando na reforma agrária e reduzirão as ações como a de hoje, em Cascavel.

Com Agência Folha, em Porto Alegre
 

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