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10/03/2003 - 02h35

Lula sente como é difícil governar, diz FHC

ALENCAR IZIDORO
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Folha de S.Paulo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou ontem, ao retornar ao Brasil, que seu sucessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "vai sentir agora [as dificuldades de governar]". "Ou já sentiu. Outro dia, ele disse uma frase que eu gostei muito: 'Estão me fazendo comer angu quente, nem pelas bordas'. Eu me lembrei de que muitas vezes já comi angu quente", completou FHC, que chegou a São Paulo após passar dois meses de férias na Europa.

Apesar do comentário sobre o atual governo, o ex-presidente reafirmou que ainda não é o momento para julgar a gestão Lula. "É preciso dar tempo ao presidente. Sei como é esse começo", declarou FHC, no meio da tarde, em frente ao prédio onde mora, no bairro de Higienópolis. Foi o único momento do dia em que o ex-presidente parou para conversar com os jornalistas que o acompanhavam desde o seu desembarque no aeroporto internacional de Cumbica, às 6h10.

A chegada do ex-presidente e de sua mulher, Ruth, foi discreta. O casal deixou o aeroporto por uma saída especial, reservada às autoridades, driblando os repórteres. A mesma discrição guiou o comportamento de Fernando Henrique e de Ruth desde o momento em que deixaram o aeroporto Charles de Gaulle, em Paris (França).

O casal foi um dos últimos a ocupar as poltronas da primeira classe do Airbus da TAM (com sete lugares). Eles só entraram no avião depois de todos os passageiros das classes econômica e executiva estarem sentados.

Com Benedita

Nas 12 horas de vôo de Paris a São Paulo, os dois ficaram na primeira classe. Viajaram ao lado da ministra da Assistência e Promoção Social, Benedita da Silva (PT), de seu marido, o ator Antônio Pitanga, e da apresentadora de TV Hebe Camargo.

"Ele estava de muito bom humor, um verdadeiro cavalheiro", afirmou a apresentadora. Durante o vôo, o ex-presidente atendeu a pedidos de comissários de bordo que quiseram posar para fotos ao seu lado.

"Tivemos um encontro muito amistoso", disse Benedita. Segundo ela, a conversa girou em torno de preocupação comum: a possível guerra no Iraque.

"É um momento em que temos de dar as mãos e lutar pela paz." Sobre o governo Lula, a ministra afirmou que o ex-presidente prometeu atitude neutra. "Ele [Fernando Henrique] não quer se intrometer em nada, mas também não deixará de colaborar com sua experiência."

Antes de deixar Paris, FHC telefonou a amigos e pediu que desistissem da idéia de recepcioná-lo ainda no saguão de desembarque. "Estou retornando das férias, não do exílio", argumentou. O ex-presidente disse ainda que, após a longa viagem, a intenção do casal era seguir direto para o apartamento em Higienópolis _o que realmente fizeram.

À tarde, o ex-presidente foi vistoriar a reforma de seu novo apartamento, no mesmo bairro. Sem escolta, cumprimentou pessoas na rua, distribuiu beijos _foi recebido com simpatia.

Em São Paulo, FHC pretende adotar uma rotina de encontros com amigos e de muita leitura. Tem agendada pelo menos uma palestra. Na quinta, o ex-presidente dará uma aula magna sobre "Multilateralismo e Crise Internacional", às 20 horas, no teatro Franco Zampari. No dia 19, seguirá para os EUA, para reunião do Clube de Madri.
 

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