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14/03/2003
-
10h30
da Folha Online
Graças a um acordo costurado sem a resistência do PT, o tucano Sidney Beraldo, 52, assume amanhã a presidência da Assembléia Legislativa de São Paulo, que nos próximos quatro anos completará a terceira legislatura nas mãos do PSDB. O mandato é de dois anos.
Empresário do ramo têxtil e ex-prefeito de São João da Boa Vista (229 km ao norte da capital), Beraldo chega ao seu segundo mandato prometendo um "choque" para dinamizar a Casa que enfrenta críticas pelo distanciamento da sociedade.
Em entrevista à Folha Online, Beraldo fala de mudança regimental na Casa, promete encaminhar a reforma previdênciária no Estado até o final do semestre e de sua expectativa de uma oposição "light" do PT.
Folha Online - O senhor concorda com as críticas de que a AL está muito distante do dia-a-dia da população, que acaba não tomando conhecimento das decisões da Casa?
Sidney Beraldo - Nós temos que fazer essa autocrítica. A Assembléia precisa estar mais focada em promover uma agenda em sintonia com a sociedade. A distância enfraquece a instituição e a Casa.
Folha Online - Quais as diferenças que a população pode esperar no estilo Beraldo em relação aos ex-presidentes da Casa, Walter Feldman e Celino Cardoso?
Beraldo - Eu acho que cada um tem o seu estilo, e cada presidente deu a sua contribuição, mas o que eu realmente pretendo é dar um choque para fazer o Parlamento funcionar com mais agilidade. Pretendemos fazer algo mais interativo, até mesmo na internet, queremos colocar à disposição das pessoas mais informações.
Folha Online - E como o senhor pretende dinamizar tudo isso?
Beraldo - Primeiro vou propor uma alteração no regimento interno da Casa. O atual dificulta a agilidade do processo investigativo. E não digo isso só para aprovar os projetos do governo, mas para agilizar o Parlamento e dar respostas à sociedade. Hoje temos uma dificuldade enorme para aprovar os projetos, só aprovamos com consenso dos líderes.
Folha Online - Quais são os projetos prioritários do governo Alckmin neste primeiro ano e quais resistências pode-se esperar?
Beraldo - Começamos por projetos que já estão na Casa, como a cobrança pelo uso da água, outro que autoriza o governador a pagar os precatórios alimentares às pessoas até R$12.000 e a criação de uma agência do turismo para fomentar esta atividade em São Paulo.
Folha Online - Um dos principais problemas do Estado é a segurança pública. O que a Casa pode fazer para amenizar essa situação?
Beraldo - É um ponto que deve compor a agenda da Casa. A Assembléia vem dando andamento ao que o governo propôs, ao projeto das guardas de muralha, que liberou quase 4.000 homens da PM para a rua. Aprovamos a chamada Via-Rápida para a PM, que facilitou o julgamento de policiais corruptos. Hoje a investigação é feita rapidamente e melhora a eficiência da polícia, diferente do que acontece no Rio de Janeiro. O próprio ministro da Justiça [Márcio Thomaz Bastos] reconhece isso. Temos um problema sério no sistema prisional, precisamos buscar alternativas, inclusive para as Febens.
Folha Online - Como o senhor vê o posicionamento do PT de que adotará uma oposição "light"?
Beraldo - Eu acho que vivemos um momento histórico. O PSDB foi governo por oito anos e o PT construiu seu discurso na oposição. Agora ele é governo e tem a responsabilidade de levar à frente seu projeto estratégico. O PSDB sempre defendeu as reformas e hoje o PT reconhece publicamente que errou ao não aprová-las. Esse novo momento reflete dentro da Assembléia.
Folha Online - Qual o papel dos deputados estaduais nas reformas políticas que serão votadas neste ano. As reformas previdenciária e tributária interferem diretamente na vida dos Estados, por exemplo.
Beraldo - Precisamos de um fórum de discussão, fazer uma agenda para darmos alternativas, avaliar o impacto que a reforma tributária poderá trazer para o Estado, embora algumas ações dependam do Congresso Nacional. A reforma da Previdência estadual já está sendo preparada, mas o governo depende de aprovações da reforma federal.
Folha Online - O PSDB fechou acordo com o PT para a composição da Mesa?
Beraldo - Estamos praticamente fechados, o fundamental já foi acordado. O PT vai apoiar o meu nome e o Emídio [de Souza] fica com a primeira-secretaria.
Folha Online - Antes da eleição havia uma certa divisão no PSDB. Além do senhor, pleiteavam o cargo os deputados Edson Aparecido e Vaz de Lima. Como foi a escolha do seu nome?
Beraldo - Não houve um racha. É natural que numa bancada com 18 deputados existam lideranças credenciadas para disputar a presidência, como o Aparecido e o Vaz de Lima, que tem oito anos de mandato. Caminhou-se para um entendimento, e a bancada optou por Vaz de Lima para a liderança do partido na Casa. O Aparecido segue como presidente estadual.
Folha Online - Qual o posicionamento do senhor na questão do auxílio-moradia?
Beraldo - Foi uma questão que veio para a Assembléia por uma decisão judicial e, como os deputados têm 75% dos salários da Câmara, não foi um assunto que foi discutido nem pelos parlamentares, nem pelas lideranças, foi discutido e interpretado pela Mesa.
Folha Online - Como a AL vai tratar o caso das deputadas Havanir Nimtz(PRONA), investigada pelo Ministério Público, e Analice Fernandes(PSDB), condenada pelo TRE a inelegibilidade por três anos?
Beraldo - São questões que estão sendo analisadas pelo poder Judiciário. Temos que acompanhar de perto, mas é cedo entrarmos nesse mérito.
Futuro presidente da Assembléia promete agilidade e espera PT racional
SILVIO NAVARROda Folha Online
Graças a um acordo costurado sem a resistência do PT, o tucano Sidney Beraldo, 52, assume amanhã a presidência da Assembléia Legislativa de São Paulo, que nos próximos quatro anos completará a terceira legislatura nas mãos do PSDB. O mandato é de dois anos.
Divulgação Deputado Sidney Beraldo |
Empresário do ramo têxtil e ex-prefeito de São João da Boa Vista (229 km ao norte da capital), Beraldo chega ao seu segundo mandato prometendo um "choque" para dinamizar a Casa que enfrenta críticas pelo distanciamento da sociedade.
Em entrevista à Folha Online, Beraldo fala de mudança regimental na Casa, promete encaminhar a reforma previdênciária no Estado até o final do semestre e de sua expectativa de uma oposição "light" do PT.
Folha Online - O senhor concorda com as críticas de que a AL está muito distante do dia-a-dia da população, que acaba não tomando conhecimento das decisões da Casa?
Sidney Beraldo - Nós temos que fazer essa autocrítica. A Assembléia precisa estar mais focada em promover uma agenda em sintonia com a sociedade. A distância enfraquece a instituição e a Casa.
Folha Online - Quais as diferenças que a população pode esperar no estilo Beraldo em relação aos ex-presidentes da Casa, Walter Feldman e Celino Cardoso?
Beraldo - Eu acho que cada um tem o seu estilo, e cada presidente deu a sua contribuição, mas o que eu realmente pretendo é dar um choque para fazer o Parlamento funcionar com mais agilidade. Pretendemos fazer algo mais interativo, até mesmo na internet, queremos colocar à disposição das pessoas mais informações.
Folha Online - E como o senhor pretende dinamizar tudo isso?
Beraldo - Primeiro vou propor uma alteração no regimento interno da Casa. O atual dificulta a agilidade do processo investigativo. E não digo isso só para aprovar os projetos do governo, mas para agilizar o Parlamento e dar respostas à sociedade. Hoje temos uma dificuldade enorme para aprovar os projetos, só aprovamos com consenso dos líderes.
Folha Online - Quais são os projetos prioritários do governo Alckmin neste primeiro ano e quais resistências pode-se esperar?
Beraldo - Começamos por projetos que já estão na Casa, como a cobrança pelo uso da água, outro que autoriza o governador a pagar os precatórios alimentares às pessoas até R$12.000 e a criação de uma agência do turismo para fomentar esta atividade em São Paulo.
Folha Online - Um dos principais problemas do Estado é a segurança pública. O que a Casa pode fazer para amenizar essa situação?
Beraldo - É um ponto que deve compor a agenda da Casa. A Assembléia vem dando andamento ao que o governo propôs, ao projeto das guardas de muralha, que liberou quase 4.000 homens da PM para a rua. Aprovamos a chamada Via-Rápida para a PM, que facilitou o julgamento de policiais corruptos. Hoje a investigação é feita rapidamente e melhora a eficiência da polícia, diferente do que acontece no Rio de Janeiro. O próprio ministro da Justiça [Márcio Thomaz Bastos] reconhece isso. Temos um problema sério no sistema prisional, precisamos buscar alternativas, inclusive para as Febens.
Folha Online - Como o senhor vê o posicionamento do PT de que adotará uma oposição "light"?
Beraldo - Eu acho que vivemos um momento histórico. O PSDB foi governo por oito anos e o PT construiu seu discurso na oposição. Agora ele é governo e tem a responsabilidade de levar à frente seu projeto estratégico. O PSDB sempre defendeu as reformas e hoje o PT reconhece publicamente que errou ao não aprová-las. Esse novo momento reflete dentro da Assembléia.
Folha Online - Qual o papel dos deputados estaduais nas reformas políticas que serão votadas neste ano. As reformas previdenciária e tributária interferem diretamente na vida dos Estados, por exemplo.
Beraldo - Precisamos de um fórum de discussão, fazer uma agenda para darmos alternativas, avaliar o impacto que a reforma tributária poderá trazer para o Estado, embora algumas ações dependam do Congresso Nacional. A reforma da Previdência estadual já está sendo preparada, mas o governo depende de aprovações da reforma federal.
Folha Online - O PSDB fechou acordo com o PT para a composição da Mesa?
Beraldo - Estamos praticamente fechados, o fundamental já foi acordado. O PT vai apoiar o meu nome e o Emídio [de Souza] fica com a primeira-secretaria.
Folha Online - Antes da eleição havia uma certa divisão no PSDB. Além do senhor, pleiteavam o cargo os deputados Edson Aparecido e Vaz de Lima. Como foi a escolha do seu nome?
Beraldo - Não houve um racha. É natural que numa bancada com 18 deputados existam lideranças credenciadas para disputar a presidência, como o Aparecido e o Vaz de Lima, que tem oito anos de mandato. Caminhou-se para um entendimento, e a bancada optou por Vaz de Lima para a liderança do partido na Casa. O Aparecido segue como presidente estadual.
Folha Online - Qual o posicionamento do senhor na questão do auxílio-moradia?
Beraldo - Foi uma questão que veio para a Assembléia por uma decisão judicial e, como os deputados têm 75% dos salários da Câmara, não foi um assunto que foi discutido nem pelos parlamentares, nem pelas lideranças, foi discutido e interpretado pela Mesa.
Folha Online - Como a AL vai tratar o caso das deputadas Havanir Nimtz(PRONA), investigada pelo Ministério Público, e Analice Fernandes(PSDB), condenada pelo TRE a inelegibilidade por três anos?
Beraldo - São questões que estão sendo analisadas pelo poder Judiciário. Temos que acompanhar de perto, mas é cedo entrarmos nesse mérito.
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