Publicidade
Publicidade
16/03/2003
-
06h02
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O inquérito criminal que investiga o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), por suspeita de desvio de dinheiro público para a campanha à reeleição, em 2002, chegou à figura de um conhecido doleiro de Brasília, o que deverá estender a apuração para a hipótese de ocorrência de lavagem de dinheiro.
Há duas semanas, Vânia Aragão Duarte, gerente de uma agência do BRB (Banco de Brasília) onde parte do dinheiro foi movimentada, disse que o doleiro Fayed Traboulsi fez, durante a campanha, dois saques de valores elevados diretamente no caixa.
Os saques foram de R$ 2,310 milhões em 9 de setembro e de R$ 3,5 milhões em 22 de outubro.
O primeiro cheque seria da empresa Adler para Traboulsi. O outro seria do ICS (Instituto Candango de Solidariedade) para a Adler. O ICS é uma entidade de assistência social que recebe recursos do governo do DF.
A Adler teria recebido pagamentos do ICS por serviços prestados, mas é suspeita de ter montado comitês eleitorais de Roriz e de aliados dele.
O inquérito instaurado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) tem o objetivo de esclarecer se foi montada uma rede pela qual o dinheiro saía dos cofres do governo do DF, passava pela Companhia de Desenvolvimento do Planalto, que é uma empresa pública, seguia para o ICS e chegava às empresas Adler e Linknet para que elas prestassem serviços à campanha eleitoral de Roriz.
Se confirmado, o governador poderá ser processado por crime de prevaricação (faltar aos deveres do cargo que ocupa).
Já o fato de um doleiro ter feito saques de elevados valores nos caixas das agências do BRB reforçou a suspeita de ilegalidade e gerou a hipótese de lavagem de dinheiro. O interesse seria não deixar "rastros" nas contas.
Após prestar depoimento, Duarte passou a ter proteção da Polícia Federal, pedido feito pelo procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, ao ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
Ela foi autorizada porque Duarte disse que estaria sofrendo pressões do dono da Adler, Ricardo Sesch, e de Traboulsi para omitir a participação do doleiro caso fosse ouvida pela PF ou pelo Ministério Público Federal.
Ela afirmou que, ao procurar o presidente do BRB, Tarcísio Franklin de Moura, ele a teria aconselhado a sustentar a versão de que os dois saques tinham sido feitos por Sesch e não por Traboulsi. A presidência do BRB é um cargo de escolha do governador. Moura ainda não foi ouvido no inquérito.
Pela Lei de Lavagem de Dinheiro, qualquer saque acima de R$ 18 mil precisa ser autorizado pela direção do banco para apuração de eventuais suspeitas. Além dos dois cheques que somam R$ 5,810 milhões, liberados na agência de Duarte, também há um no valor R$ 7,568 milhões, do ICS para a Adler, sacado no caixa de agência onde a empresa tem conta.
O suposto desvio de dinheiro para a campanha também motivou um pedido de cassação do mandato de Roriz, que tramita no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
No próprio STJ, o governador reeleito do DF responde a outros dois inquéritos criminais: por suspeitas de envolvimento em grilagem de terras públicas e de descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Inquérito que investiga Roriz cita saques de doleiro
SILVANA DE FREITASda Folha de S.Paulo, em Brasília
O inquérito criminal que investiga o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), por suspeita de desvio de dinheiro público para a campanha à reeleição, em 2002, chegou à figura de um conhecido doleiro de Brasília, o que deverá estender a apuração para a hipótese de ocorrência de lavagem de dinheiro.
Há duas semanas, Vânia Aragão Duarte, gerente de uma agência do BRB (Banco de Brasília) onde parte do dinheiro foi movimentada, disse que o doleiro Fayed Traboulsi fez, durante a campanha, dois saques de valores elevados diretamente no caixa.
Os saques foram de R$ 2,310 milhões em 9 de setembro e de R$ 3,5 milhões em 22 de outubro.
O primeiro cheque seria da empresa Adler para Traboulsi. O outro seria do ICS (Instituto Candango de Solidariedade) para a Adler. O ICS é uma entidade de assistência social que recebe recursos do governo do DF.
A Adler teria recebido pagamentos do ICS por serviços prestados, mas é suspeita de ter montado comitês eleitorais de Roriz e de aliados dele.
O inquérito instaurado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) tem o objetivo de esclarecer se foi montada uma rede pela qual o dinheiro saía dos cofres do governo do DF, passava pela Companhia de Desenvolvimento do Planalto, que é uma empresa pública, seguia para o ICS e chegava às empresas Adler e Linknet para que elas prestassem serviços à campanha eleitoral de Roriz.
Se confirmado, o governador poderá ser processado por crime de prevaricação (faltar aos deveres do cargo que ocupa).
Já o fato de um doleiro ter feito saques de elevados valores nos caixas das agências do BRB reforçou a suspeita de ilegalidade e gerou a hipótese de lavagem de dinheiro. O interesse seria não deixar "rastros" nas contas.
Após prestar depoimento, Duarte passou a ter proteção da Polícia Federal, pedido feito pelo procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, ao ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
Ela foi autorizada porque Duarte disse que estaria sofrendo pressões do dono da Adler, Ricardo Sesch, e de Traboulsi para omitir a participação do doleiro caso fosse ouvida pela PF ou pelo Ministério Público Federal.
Ela afirmou que, ao procurar o presidente do BRB, Tarcísio Franklin de Moura, ele a teria aconselhado a sustentar a versão de que os dois saques tinham sido feitos por Sesch e não por Traboulsi. A presidência do BRB é um cargo de escolha do governador. Moura ainda não foi ouvido no inquérito.
Pela Lei de Lavagem de Dinheiro, qualquer saque acima de R$ 18 mil precisa ser autorizado pela direção do banco para apuração de eventuais suspeitas. Além dos dois cheques que somam R$ 5,810 milhões, liberados na agência de Duarte, também há um no valor R$ 7,568 milhões, do ICS para a Adler, sacado no caixa de agência onde a empresa tem conta.
O suposto desvio de dinheiro para a campanha também motivou um pedido de cassação do mandato de Roriz, que tramita no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
No próprio STJ, o governador reeleito do DF responde a outros dois inquéritos criminais: por suspeitas de envolvimento em grilagem de terras públicas e de descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice