Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/03/2003 - 06h17

Governo reduz corte em publicidade

MARTA SALOMON
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Pouco mais de um mês depois de anunciar cortes de gastos que deverão encolher os investimentos públicos de R$ 14,5 bilhões para R$ 3,9 bilhões em 2003, a equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva discute preservar a maior parte das despesas previstas com a publicidade institucional _aquela que cuida da imagem do governo.

O Orçamento da União destina R$ 111,9 milhões para esse tipo de gasto, dinheiro suficiente para o pagamento de Bolsa-Escola a mais de 620 mil crianças durante todo este ano.

O Orçamento da Presidência da República, ao qual a Secretaria de Comunicação está subordinado, teve 39,56% de suas verbas bloqueadas. Mas a proposta em discussão no Planalto é limitar o corte da publicidade a menos da metade: 18%.

E, como o governo assumiu o compromisso com o FMI (Fundo Monetário Internacional) de economizar o equivalente a 4,25% do PIB, um corte menor na publicidade representará inevitavelmente um corte maior em outra área.

"O correto seria aplicar à verba de publicidade o corte de 18%, segundo simulações que temos aqui", informou Marcus Flora, secretário-adjunto de Comunicação. "A Presidência acabou tendo cortes acima da média porque antes não tratava da publicidade", argumenta.

Cortes maiores

O choro não é de todo justo. Outras áreas do governo amargam um corte ainda maior em suas verbas para este ano.

O Ministério da Integração Nacional, de Ciro Gomes, teve bloqueados 90,78% dos gastos não obrigatórios, seguido pela pasta do Esporte, de Agnelo Queiroz, que perdeu 88,34% das verbas previstas no Orçamento previsto para 2003.

Olívio Dutra, titular do Ministério das Cidades, foi o mais atingido na área social do governo, com um corte de 85,19% de seu orçamento, grande parte dele em projetos de saneamento básico.

Com a nomeação de Luiz Gushiken _amigo pessoal de Lula e um de seus principais assessores_ para a Secretaria de Comunicação e de Gestão Estratégica, a pasta passou a controlar diretamente a verba de propaganda institucional, antes dispersa pela Esplanada dos Ministérios.

As demais pastas ainda lidam com a chamada publicidade de utilidade pública. São campanhas como a de prevenção à Aids, que a cantora Kelly Key estrelou durante o

Carnaval

A maior fatia da conta de publicidade da União, bancada com dinheiro das empresas estatais como Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, não sofreu nenhum corte. Ela também está sob a supervisão da secretaria de Gushiken e deve consumir, em 2003, mais de R$ 600 milhões, segundo estimativa conservadora. A conta inclui patrocínios.

Fome Zero

Passados os primeiros 75 dias de mandato, não é só o orçamento da publicidade que segue indefinido: o governo Lula continua por ora sem uma marca.

Mas é pouco provável que o governo petista adote a marca do Fome Zero _principal programa social do governo_ para as demais ações, informou Marcus Flora. O Fome Zero tem como logomarca um prato de comida com garfo e faca e a bandeira do Brasil no papel de toalha de mesa.

Sem campanha

A falta do que "mostrar" também estaria pesando na marcha lenta da publicidade no começo do governo. Nenhuma campanha institucional foi desenvolvida até o momento.

A campanha do Fome Zero, que deveria começar a circular até o início de março, foi adiada.

Com o slogan "O Brasil que come ajudando o Brasil que tem fome", a campanha ainda não tem data certa para entrar no ar.

Ela foi criada gratuitamente por Duda Mendonça (o marqueteiro que fez a campanha de Lula à Presidência), produzida pela Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade) e será veiculada a custo zero para o governo.

O atraso coincidiu com indefinições no programa e com a queda de popularidade do governo Lula.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página