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25/03/2003 - 19h38

PF anuncia prisão de acusados da morte de índios em Recife

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

A Polícia Federal anunciou hoje a prisão de dois acusados de envolvimento na morte de dois índios da tribo xucuru, assassinados no dia 7 de fevereiro, em Pesqueira (228 km de Recife), agreste de Pernambuco.

Os acusados, José Lourival Frazão, 45, o "Louro Frazão", e José Vicente de Carvalho, 45, são índios da mesma tribo, mas de uma facção rival à do cacique Marcos Luidson de Araújo, 23.

O cacique estava no local do crime, mas conseguiu fugir. As vítimas, José Admilson e Josenilson José dos Santos, mortos a tiros, eram seguranças de Araújo.

O crime provocou uma onda de violência na aldeia de Cimbres, local do confronto. Seis índios ficaram feridos, 16 casas foram queimadas, depredadas ou saqueadas e quatro veículos foram incendiados ou destruídos.

O delegado da PF responsável pelo caso, Servilho Paiva, acredita que não houve emboscada, como afirmava o cacique. Segundo o policial, as mortes foram provocadas por uma discussão.

"O conflito ocorreu durante o dia, em um trecho plano, de reta, da rodovia PE-219. Além disso, o acusado portava apenas um revólver e não investiu diretamente sobre o líder xucuru", disse o delegado. "Uma emboscada não acontece nessas circunstâncias."

A causa da suposta discussão, entretanto, ainda não foi esclarecida. O cacique afirma que Louro Frazão bloqueou a pista com uma boiada para forçar o caminhão em que estava a parar. Já Frazão declarou que seu desafeto jogou o veículo em sua direção.

Os dois confirmaram que houve luta corporal. Interrogado pela PF, Frazão confessou ter atirado em um dos seguranças do cacique, de acordo com a polícia. Confirmou também que seu revólver disparou quando a outra vítima foi baleada. Declarou, porém, ter ouvido o estampido de outras armas no local.

O outro acusado, José Vicente de Carvalho, teria participado do crime ao ajudar Frazão durante a briga. Segundo o delegado, ele afirmou ter desferido uma paulada na cabeça de uma das vítimas. Um terceiro índio foi preso, mas foi liberado por falta de provas.

De acordo com a PF, apesar de serem índios, os acusados responderão normalmente ao processo criminal por estarem integrados à sociedade e não serem considerados "aculturados".

A tribo xucuru, que tem 8.500 índios em 23 aldeias, se dividiu em razão de uma disputa interna pela posse das melhores terras da reserva, de 27,5 mil hectares.

Até meados de 2002, a briga se restringia aos 280 posseiros que ocupavam cerca de 75% da área indígena. Com o processo de desocupação, os confrontos internos de acirraram.
 

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