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31/03/2003
-
14h40
da Folha Online, em Brasília
O governo federal recebeu hoje críticas ao programa Fome Zero do Banco Mundial (Bird), uma das principais instituições internacionais que apóiam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o alerta do ex-ministro Holandês, Win Kok, para um possível fracasso do combate à fome no país.
As críticas, feitas no Palácio do Planalto, foram indiretas, referiam-se à experiências equivocadas de outros países, como México, Estados Unidos e localidades na Europa. O governo não respondeu às críticas.
Win Kok disse que o governo não pode "errar ou perder tempo" na promoção do Fome Zero. "A experiência européia mostra que, se houver fracasso, o nível de discrepância entre a realidade e a esperança pode aumentar". Seria, portanto, o fim da "lua-de-mel" entre governo e sociedade.
Apesar de não citar abertamente o programa, o representante do Bird para a América Latina e Caribe, David de Ferrnati, detalhou problemas enfrentados pelo governo brasileiro na implantação da principal bandeira do presidente Lula.
A primeira crítica diz respeito ao excesso de programas em diversas frentes e à falta de coordenação entre as propostas, opinião já declarada por membros e apoiadores do atual governo. Ferranti explicou que a falta de coordenação pode fazer com que famílias que não precisem de ajuda recebam os benefícios do governo.
O assessor especial da presidência para o Fome Zero, Oded Grajew, disse na semana passada que o governo não tem a intenção de "monitorar, controlar ou fiscalizar" o programa. O representante do Bird afirmou que qualquer governo deve firmar um alvo específico para o programa com coordenação, atacando o problema dos pobres e distribuindo renda.
Outra crítica indireta refere-se à origem do dinheiro destinado ao programa. O governo defende a intensa participação da sociedade e das empresas no financiamento do projeto e, para isso, criou, inclusive, uma conta para receber contribuições financeiras.
"Esses programas devem ser feitos a partir do orçamento, mesmo com todos os constrangimentos orçamentários", disse Ferranti. "Ao mesmo tempo que gastamos mais, economizamos com programas que estão sendo eliminados", completou.
A coleta e a distribuição de alimentos também foi alvo das críticas do representando do Bird. "A distribuição de alimentos geralmente não faz sucesso. A experiência mostra que há grandes níveis de desperdício, são caras e prejudicam as empresas que fornecem alimentos para essas regiões."
Na semana passada, o governo firmou uma parceria com o Grupo Pão de Açúcar justamente para coleta e distribuição de alimentos. Os produtos seriam arrecadados nas portas dos supermercados e seriam distribuídos por organizações não-governamentais em áreas carentes.
Por fim, Ferranti criticou uma proposta inicial do coordenador do programa, ministro José Graziano, de exigir das famílias beneficiadas as notas fiscais das compras feitas com o dinheiro dado pelo governo a fim de garantir que os gastos fossem feitas com alimentos.
De acordo com o representante, a sugestão criaria "um mercado negro e informal". Ferranti argumentou também que as famílias pobres devem definir as prioridades de suas despesas. "Podemos confiar nas famílias pobres", afirmou.
Ao concluir seu discurso no Palácio, Ferranti afirmou que o governo deve mostrar o sucesso dos programas desde o início "para gerar um sentimento de confiança" na sociedade. Entretanto, desde de que foi lançado, nos primeiros dias de governo, o programa recebe críticas frequentes, o contrário do sucesso sugerido por Ferranti.
Apesar dos discursos críticos, tanto Ferranti quanto Kok elogiaram o governo Lula. "O mundo está extremamente emocionado com a energia humana do governo'. O mundo está cheio de otimismo em relação ao Brasil", disse Ferranti.
Kok, mesmo com o elogio, manteve o tom de alerta. "O presidente Lula defendeu antes e depois das eleições uma posição clara de melhorar as condições de vida do país. Mas ele e sua equipe têm uma tarefa pesada sobre seus ombros."
Governo recebe novas críticas aos principais pontos do Fome Zero
FELIPE FREIREda Folha Online, em Brasília
O governo federal recebeu hoje críticas ao programa Fome Zero do Banco Mundial (Bird), uma das principais instituições internacionais que apóiam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o alerta do ex-ministro Holandês, Win Kok, para um possível fracasso do combate à fome no país.
As críticas, feitas no Palácio do Planalto, foram indiretas, referiam-se à experiências equivocadas de outros países, como México, Estados Unidos e localidades na Europa. O governo não respondeu às críticas.
Win Kok disse que o governo não pode "errar ou perder tempo" na promoção do Fome Zero. "A experiência européia mostra que, se houver fracasso, o nível de discrepância entre a realidade e a esperança pode aumentar". Seria, portanto, o fim da "lua-de-mel" entre governo e sociedade.
Apesar de não citar abertamente o programa, o representante do Bird para a América Latina e Caribe, David de Ferrnati, detalhou problemas enfrentados pelo governo brasileiro na implantação da principal bandeira do presidente Lula.
A primeira crítica diz respeito ao excesso de programas em diversas frentes e à falta de coordenação entre as propostas, opinião já declarada por membros e apoiadores do atual governo. Ferranti explicou que a falta de coordenação pode fazer com que famílias que não precisem de ajuda recebam os benefícios do governo.
O assessor especial da presidência para o Fome Zero, Oded Grajew, disse na semana passada que o governo não tem a intenção de "monitorar, controlar ou fiscalizar" o programa. O representante do Bird afirmou que qualquer governo deve firmar um alvo específico para o programa com coordenação, atacando o problema dos pobres e distribuindo renda.
Outra crítica indireta refere-se à origem do dinheiro destinado ao programa. O governo defende a intensa participação da sociedade e das empresas no financiamento do projeto e, para isso, criou, inclusive, uma conta para receber contribuições financeiras.
"Esses programas devem ser feitos a partir do orçamento, mesmo com todos os constrangimentos orçamentários", disse Ferranti. "Ao mesmo tempo que gastamos mais, economizamos com programas que estão sendo eliminados", completou.
A coleta e a distribuição de alimentos também foi alvo das críticas do representando do Bird. "A distribuição de alimentos geralmente não faz sucesso. A experiência mostra que há grandes níveis de desperdício, são caras e prejudicam as empresas que fornecem alimentos para essas regiões."
Na semana passada, o governo firmou uma parceria com o Grupo Pão de Açúcar justamente para coleta e distribuição de alimentos. Os produtos seriam arrecadados nas portas dos supermercados e seriam distribuídos por organizações não-governamentais em áreas carentes.
Por fim, Ferranti criticou uma proposta inicial do coordenador do programa, ministro José Graziano, de exigir das famílias beneficiadas as notas fiscais das compras feitas com o dinheiro dado pelo governo a fim de garantir que os gastos fossem feitas com alimentos.
De acordo com o representante, a sugestão criaria "um mercado negro e informal". Ferranti argumentou também que as famílias pobres devem definir as prioridades de suas despesas. "Podemos confiar nas famílias pobres", afirmou.
Ao concluir seu discurso no Palácio, Ferranti afirmou que o governo deve mostrar o sucesso dos programas desde o início "para gerar um sentimento de confiança" na sociedade. Entretanto, desde de que foi lançado, nos primeiros dias de governo, o programa recebe críticas frequentes, o contrário do sucesso sugerido por Ferranti.
Apesar dos discursos críticos, tanto Ferranti quanto Kok elogiaram o governo Lula. "O mundo está extremamente emocionado com a energia humana do governo'. O mundo está cheio de otimismo em relação ao Brasil", disse Ferranti.
Kok, mesmo com o elogio, manteve o tom de alerta. "O presidente Lula defendeu antes e depois das eleições uma posição clara de melhorar as condições de vida do país. Mas ele e sua equipe têm uma tarefa pesada sobre seus ombros."
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