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06/04/2003 - 11h08

Eleição de 2006 gera atrito entre petistas

OTÁVIO CABRAL
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Com três anos de antecedência, a disputa eleitoral de 2006 já provoca uma séria crise no PT de São Paulo. As principais estrelas do partido, a maioria delas ocupando cargos de destaque no atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, já travam uma intensa luta de bastidores por espaço que garanta uma vaga de candidato a governador ou a senador pelo partido.

A disputa já preocupa o presidente da República, que teme que o seu governo possa ser prejudicado. Em conversas reservadas com alguns dos envolvidos, Lula declarou que a preocupação imediata de todos tem de ser com o sucesso do governo federal. Se esse projeto de poder fracassar, todos vão ter dificuldades nas próximas eleições.

O caso que mais preocupa o Planalto e a cúpula petista é a troca de cotoveladas entre o ministro José Dirceu (Casa Civil) e o líder do governo no Congresso, o senador Aloizio Mercadante.

Embora oficialmente tanto um quanto outro neguem qualquer desavença, nos bastidores a relação dos dois está tumultuada.

Um exemplo foi a negociação com a bancada do PT e com a oposição para a aprovação em primeiro turno do Projeto de Emenda à Constituição que permite a regulamentação do artigo 192, que trata do mercado financeiro. Dirceu e Mercadante atuaram ao mesmo tempo, sem coordenação, confundindo os seus interlocutores.

Outro caso foi a negociação para a entrada do PMDB na base governista, há duas semanas. Quando Mercadante já dava tudo como certo, foi desautorizado por Dirceu, que disse aos peemedebistas que o líder no Congresso negociava sem autorização do Palácio do Planalto.

Reforma no Senado

Mais grave, na avaliação da cúpula petista, foi a tentativa de Mercadante de levar o início da tramitação da reforma tributária para o Senado. De acordo com a Constituição, propostas enviadas pelo Poder Executivo devem chegar ao Congresso pela Câmara dos Deputados.

Para o Planalto, o objetivo do senador era se tornar o "pai da reforma" e conseguir uma bandeira eleitoral. Ao mesmo tempo, empurraria a desgastante reforma da Previdência para seu desafeto João Paulo Cunha, presidente da Câmara e aliado de Dirceu.

"Se você conversar com o Dirceu e depois com o Aloizio parece que está falando com pessoas de governos diferentes. O objetivo de um é enfraquecer o outro", relata um dirigente petista.

O objetivo de José Dirceu é disputar o governo de São Paulo ou o Senado. Para se viabilizar, aliou-se a José Genoino, presidente do PT. O ministro firmou um pacto com Genoino de que não disputará prévias contra ele. Se o presidente da sigla for candidato a governador, o ministro da Casa Civil disputaria o Senado.

Vendo o rival se aparelhar, Mercadante se uniu ao senador Eduardo Suplicy. O líder quer ser candidato a governador e promete trabalhar para Suplicy tentar renovar seu mandato no Senado. Ao mesmo tempo, incentiva o congressista a disputar as prévias para a Prefeitura de São Paulo contra sua ex-mulher, a atual prefeita Marta Suplicy.

Outros nomes

O confronto fica ainda mais acirrado porque outras lideranças do PT também sonham disputar o governo paulista. É o caso da prefeita Marta.

Seu objetivo imediato, no entanto, é se reeleger para a prefeitura da capital paulista. Para pavimentar seu caminho seguinte, ela quer retirar o atual vice, Hélio Bicudo, de sua chapa e substituí-lo por alguém de confiança. Os mais cotados são o deputado José Mentor, ex-líder de Marta no Legislativo paulistano, e o presidente da Câmara Municipal, o vereador Arselino Tatto.

Com um vice aliado, Marta abriria mão de um segundo mandato na prefeitura de São Paulo na metade para disputar o governo estadual. Para isso, admite até disputar as prévias.

Outro petista influente no governo federal, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) afirma estar fora da disputa. Em conversas reservadas, Palocci afirma que pretende ficar oito anos ao lado de Lula e disputar a Presidência ou o governo estadual em 2010. Mas seus adversários apostam que, se o ministro conseguir controlar a economia e manter sua popularidade, tentará disputar o governo já nas eleições de 2006.

Duas outras lideranças correm por fora: João Paulo Cunha e o presidente do Conselho de Segurança Alimentar, Luiz Marinho. A princípio, os dois disputarão uma das vagas de deputado federal em 2006. Mas ambos sonham ser candidatos ao Senado caso os outros pretendentes não consigam se viabilizar.
 

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