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06/05/2003
-
08h34
ANDRÉA MICHAEL
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Um relatório detalhado do Banco Central sobre lavagem do dinheiro do chamado esquema dos precatórios, de 1996, acusa a agência central do Banco do Brasil em Foz do Iguaçu (PR) de ajudar a ocultar os beneficiários finais da verba pública desviada.
O documento do BC detalha os caminhos percorridos por R$ 96,8 milhões -a maior parte dos R$ 147 milhões que seriam resultado dos lucros obtidos por um grupo de pessoas e instituições com as transações de títulos públicos lançados com deságio (desconto em relação ao valor de face)- até a suposta remessa ilegal para o exterior.
Na ponta da rede de distribuição desses lucros e lavagem do dinheiro está a agência central do BB em Foz do Iguaçu, onde quatro pessoas movimentaram R$ 1,3 bilhão em apenas três meses, entre elas a paraguaia Carmen Alonso, que sozinha sacou 151 cheques, no total de R$ 131,6 milhões.
O BC identificou uma intensa movimentação do dinheiro entre agências do próprio Banco do Brasil e deste com outras instituições, supostamente para ocultar o destino final dos recursos.
A suspeita surgiu em razão da coincidência de valores entre saques efetuados por Carmen e operações interbancárias do BB realizadas nos mesmos dias em Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, no Paraguai.
Por fim, o relatório também indica que a agência do BB em Foz do Iguaçu teria sonegado informações no primeiro momento dessa apuração e, em seguida, forjado dados por meio de lançamentos puramente contábeis.
O BC recomenda que a gerência de Foz do Iguaçu do BB seja investigada por suspeita de prática de crime contra o sistema financeiro nacional, para o qual a lei prevê de dois a seis anos de prisão.
O relatório foi enviado ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que o repassou às representações do Ministério Público Federal em vários Estados -São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Ceará- para que a investigação seja aprofundada.
O objetivo, segundo o BC, é esclarecer se o grupo de pessoas e de empresas envolvidas na rede de lavagem do dinheiro do esquema dos precatórios cometeu os crimes de sonegação fiscal, evasão de divisas para o exterior e formação de quadrilha.
Lavagem de dinheiro é uma operação pela qual recursos de origem ilícita são transacionados de forma que pareçam dinheiro regular.
Das dez pessoas citadas como envolvidas, seis seriam de Foz do Iguaçu, três seriam de Ponta Porã (MS, na fronteira com o Paraguai) e uma seria de São Paulo. Alguns deles foram identificados como doleiros pela CPI dos Precatórios, a exemplo de Benício Alonso, irmão de Carmen Alonso. Outros podem ser apenas "laranjas".
CC-5
Outra instituição financeira pública suspeita de participar do esquema de lavagem de dinheiro é o Banestado (Banco do Estado do Paraná), pelo qual teriam passado US$ 30 bilhões em remessas irregulares por meio da agência de Nova York.
Esse banco foi vendido em 2000 ao Itaú, que não ficou com a agência de Nova York. As transações que passaram por essa unidade, fechada em março de 1999 porque estaria funcionando como "lavanderia", já são alvo de um inquérito da Polícia Federal.
Tanto o Banco do Brasil quanto o Banestado podem ter facilitado o uso de contas CC-5 para remeter ao exterior recursos de origem ilícita. Esse tipo de conta permite o trânsito de dinheiro entre o Brasil e outros países.
O ponto de partida do esquema de distribuição do dinheiro e de lavagem são repasses a contas de duas empresas de fachada, identificadas pela CPI dos Precatórios: R$ 104,2 milhões para a IBF Factoring Fomento Comercial e R$ 11,4 milhões para a PRD Engenharia Econômica Financeira e Assessoria.
BC acusa Banco do Brasil de ocultar lavagem de dinheiro
SILVANA DE FREITASANDRÉA MICHAEL
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Um relatório detalhado do Banco Central sobre lavagem do dinheiro do chamado esquema dos precatórios, de 1996, acusa a agência central do Banco do Brasil em Foz do Iguaçu (PR) de ajudar a ocultar os beneficiários finais da verba pública desviada.
O documento do BC detalha os caminhos percorridos por R$ 96,8 milhões -a maior parte dos R$ 147 milhões que seriam resultado dos lucros obtidos por um grupo de pessoas e instituições com as transações de títulos públicos lançados com deságio (desconto em relação ao valor de face)- até a suposta remessa ilegal para o exterior.
Na ponta da rede de distribuição desses lucros e lavagem do dinheiro está a agência central do BB em Foz do Iguaçu, onde quatro pessoas movimentaram R$ 1,3 bilhão em apenas três meses, entre elas a paraguaia Carmen Alonso, que sozinha sacou 151 cheques, no total de R$ 131,6 milhões.
O BC identificou uma intensa movimentação do dinheiro entre agências do próprio Banco do Brasil e deste com outras instituições, supostamente para ocultar o destino final dos recursos.
A suspeita surgiu em razão da coincidência de valores entre saques efetuados por Carmen e operações interbancárias do BB realizadas nos mesmos dias em Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, no Paraguai.
Por fim, o relatório também indica que a agência do BB em Foz do Iguaçu teria sonegado informações no primeiro momento dessa apuração e, em seguida, forjado dados por meio de lançamentos puramente contábeis.
O BC recomenda que a gerência de Foz do Iguaçu do BB seja investigada por suspeita de prática de crime contra o sistema financeiro nacional, para o qual a lei prevê de dois a seis anos de prisão.
O relatório foi enviado ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que o repassou às representações do Ministério Público Federal em vários Estados -São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Ceará- para que a investigação seja aprofundada.
O objetivo, segundo o BC, é esclarecer se o grupo de pessoas e de empresas envolvidas na rede de lavagem do dinheiro do esquema dos precatórios cometeu os crimes de sonegação fiscal, evasão de divisas para o exterior e formação de quadrilha.
Lavagem de dinheiro é uma operação pela qual recursos de origem ilícita são transacionados de forma que pareçam dinheiro regular.
Das dez pessoas citadas como envolvidas, seis seriam de Foz do Iguaçu, três seriam de Ponta Porã (MS, na fronteira com o Paraguai) e uma seria de São Paulo. Alguns deles foram identificados como doleiros pela CPI dos Precatórios, a exemplo de Benício Alonso, irmão de Carmen Alonso. Outros podem ser apenas "laranjas".
CC-5
Outra instituição financeira pública suspeita de participar do esquema de lavagem de dinheiro é o Banestado (Banco do Estado do Paraná), pelo qual teriam passado US$ 30 bilhões em remessas irregulares por meio da agência de Nova York.
Esse banco foi vendido em 2000 ao Itaú, que não ficou com a agência de Nova York. As transações que passaram por essa unidade, fechada em março de 1999 porque estaria funcionando como "lavanderia", já são alvo de um inquérito da Polícia Federal.
Tanto o Banco do Brasil quanto o Banestado podem ter facilitado o uso de contas CC-5 para remeter ao exterior recursos de origem ilícita. Esse tipo de conta permite o trânsito de dinheiro entre o Brasil e outros países.
O ponto de partida do esquema de distribuição do dinheiro e de lavagem são repasses a contas de duas empresas de fachada, identificadas pela CPI dos Precatórios: R$ 104,2 milhões para a IBF Factoring Fomento Comercial e R$ 11,4 milhões para a PRD Engenharia Econômica Financeira e Assessoria.
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